COUTINHO, José Maria Olavo de PENHA. Nasceu a 27-3-1864 em Lisboa, onde faleceu em 27-3-1947. Ponto teatral no início da sua carreira, autor prolífico de um teatro menor, escreveu um grande número de cenas cómicas, monólogos, cançonetas, peças infantis e comédias de factura convencional (Aeronauta à força, A página 115, Estilo figurado, Os cuidados da mana Amélia, Precisam-se dois homens…, Os dois matutos), tendo reunido as obras para a infância num volume com o título Teatro para crianças. Assinou também vários dramas impregnados de um romântico e retórico socialismo, representados com êxito popular no Teatro do Príncipe Real, em salas periféricas e por grupos amadores (O filho do povo, Honra e dedicação, O dedo de Deus, O ciúme, Garra de abutre, O proletário, Nobreza do povo, A morte de Marat, Pedro o salteador) que subiram à cena entre os últimos anos do século XIX e os primeiros do século XX.. No entanto, foi no domínio do teatro musicado que o seu intenso labor mais se afirmou. Foi autor de duas dezenas de revistas, sozinho (como a primeira, A cega-rega, estreada no Teatro Chalet em 1891, e a última, Cerco ao rei, no Salão Foz / Éden Teatro em 1921) ou em colaboração com diversos autores: Baptista Dinis (Zás-trás, Teatro da Rua dos Condes, 1891), Júlio Rocha e Salvador Marques (A carapuça, Real Coliseu, 1895), Álvaro Cabral (Festas de Santo António de Lisboa, Teatro Avenida, 1906), Eduardo Fernandes (Jogo franco, id.), Celestino da Silva (Fandango e maxixe, T. da Rua dos Condes, 1911), Barbosa Júnior (Eh! Real!, Paraíso, 1912). Escreveu ainda uma paródia à Tosca (representada no Teatro do Príncipe Real em 1898), mágicas (Os timbales do diabo, El-rei Bota-abaixo e, em colaboração com Baptista Machado, A mulher do diabo) e operetas (A amante do rei, Depois da corrida de touros, O regimento vermelho e As corsárias, as últimas duas em colaboração com Dupont de Sousa). Entre estas, aquela que seria o maior êxito da sua carreira, A leiteira de Entre-Arroios, extraída de um conto de Júlio Dinis, com música de Filipe Duarte, foi representada no Teatro São Luiz em 1920 pela companhia de Armando de Vasconcelos, com Ausenda de Oliveira na protagonista. Publicou na revista ABC uma série de crónicas sobre episódios e pessoas da vida teatral do seu tempo, que reuniu em dois volumes sob os títulos Ar cénico e Boémias teatrais. Dirigiu, em 1901-1902, a publicação teatral A gambiarra.
Seu filho Eugénio PENHA COUTINHO, nascido em Lisboa a 13-4-1895 e falecido no Porto em 15-8-1967, estreou-se como actor em 1923, interpretou Os fidalgos da casa mourisca, no Teatro Apolo, ao lado de Brazão, Maria Matos e Ilda Stichini, e durante vinte anos fez, discretamente, parte de várias companhias teatrais, em que trabalhou, além daqueles artistas, com Palmira Bastos e Alves da Cunha.