
Cecília Barreira – História das Nossas Avós (Retratos da Burguesa em Lisboa) – Sociedade & Quotidiano – Edições Colibri – Lisboa – 1994.Desc.(205)Pág.Br.Ilust
Compra e Venda de Livros, Manuscritos
Cecília Barreira – História das Nossas Avós (Retratos da Burguesa em Lisboa) – Sociedade & Quotidiano – Edições Colibri – Lisboa – 1994.Desc.(205)Pág.Br.Ilust
Fernando Oliveira Baptista – Alentejo a Questão da Terra – Editora 100 LUZ – S/M. 2010.Desc.(239)Pág.Br.
Fernando Oliveira Baptista – A Política Agrária do Estado Novo – Edições Afrontamento – Porto – 1993.Desc.(414)Pág.Br.
Eric Hobsbawm – A Era dos Extremos (História Breve do Século XX (1914-1991) – Editorial Presença – Lisboa – 1996.Desc.(607)Pág.Br
O livro Era dos Extremos: o breve século XX, 1914–1991 é um livro de História escrito por Eric Hobsbawm em 1994 que discorre sobre o século XX, mais precisamente do início da Primeira Guerra Mundial em 1914 até a queda da União Soviética, no ano de 1991.O século XX foi um período de grandes mudanças. Para Eric Hobsbawm, o século foi breve e extremado: sua história e suas possibilidades edificaram-se sobre catástrofes, incertezas e crises, decompondo o construído no longo século XIX. Aqui, porém, o desafio não é tanto falar das perplexidades de hoje, mas mergulhar nos acontecimentos, ações e decisões que desde 1914, constituíram o mundo dos anos 90, um mundo onde passado e futuro parecem estar seccionados do presente. Somente Hobsbawm, com a concisão do historiador e a fina ironia de julgamento de quem viveu e pensou em compromisso com o período sobre o qual escreve, poderia enfrentar o desafio de compreender e explicar a articulação entre a primeira Sarajevo e os quarenta anos de guerra mundial, crises econômicas e revoluções da primeira metade do século, e a última Sarajevo, das guerras étnicas e separatistas, da precaridade dos sistemas políticos transnacionais e da reposição selvagem da desigualdade contemporânea. Hobsbawm divide a história do século em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada pelas duas grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político econômico da URSS surgia como alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da crise econômica de 1929. Também nesse período os fascismos e o descrédito das democracias liberais surgem como proposta mundial. A segunda são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão econômica e de profundas transformações sociais. Entre 1970 e 1991 dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar a brutalização e dolares da política e à irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica e abrindo as portas para um futuro incerto.
Livro de Homenagem ao Professor Fernando Fonseca (Colectânea de Depoimentos e de Trabalhos Cientificos) – João Oliveira Machado – Testemunho de Homenagem / Reynaldo dos Santos – O Clínico Geral / Hernani Cidade – O Médico e o Homem / Carlos Ferrão – O Cidadão Exemplar / Hélder Ribeiro – Memórias do B.I. 23 na Bélgica e do Seu Serviço de Saúde / F.de castro Amaro e Manuel r.Pinto – O Hospital do Rego (Recordações de Um Serviço) / Bernardino Freire – O Mestre e o Amigo / Norberto Lopes – Um Concurso Memorável / A. Sousa da Câmara & J. Pimenta Prezado – O Professor Universitário / Luís Figueira – O Criador de Escola / M.M.sarmento Rodrigues – O Mestre e a Sua Decisiva Influência / João de Barros – Pequena Carta Para Um Grande Amigo / Mário Neves – O Clínico e o Doente / Cartas de Sir Clemente Price Thomas, Albert B. Sabin, Jean Lenégre, C. Jiménez Díaz & Herald R. Cox / Orlando Ribeiro – Acerca de Alguns Conceitos Fundamentais da Investigação Científica / Flávio Resende – Senescência Provocada Pela Floração / António Gião – Sobre a Existência da Matéria / F.Veiga de Oliveira – Sur la Notion de Limite en Topologia / A. Herculano de Carvalho – Estudo Preliminar da Alteração da Água do Gerês (Bica) Após a Colheita / C..M. Alves Martins – Necessidades Futuras de Médicos / Henrique de Barros – Medicina e Agronomia (Diversidade de Caminhos Convergência de Objectivos) / A. Monteiro da Costa – Vacina Anti-Rábica Quinosolada / J. Vieira Natividade – a flora da “Lírica” de Camões (Excertos de Um Estudo inédito) / Branquinho D”Oliveira – Studies on The Rusts of Leguminosae / Maria de Lourdes D”Oliveira – Flower Symptoms of a Vírus disease of the Solanaceae / M. Noronha-wagner, T. Mello-Sampayo & A. Câmara – genética no Melhoramento de Plantas / Augusto Vaz Serra – O Prognóstico / Carlos Ramalhão – Prof.Luís Câmara Pestana (Vitima do Dever Profissional 28/X/1863-15/XI/1899 / J.Afonso Guimarães – Contribuição para o Estudo do Mecanismo da Secreção Salivar / J. Bastos, A. .J. Tavares, Albano Ramos & Casimiro de Azevedo – Anastomoses Porta-Cava Espontâneas / Prof. j. Machado Vaz – Contribuição dos Serviços de Bacteriologia e Parapsicologia e de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina do Porto / J. Costa Maia – Limites de Confiança de p em Amostragem Binomial / J. M. santos Mota – Os Métodos Microbiológicos da Análise / m. A. Teixeira da Silva – estudo ao Microscópio Electrónico de Um Artefacto Produzido em Certas Condições por Alguns Fixadores em Células Bacterianas / A. Fernandes da Fonseca – Factores Sociais em Psiquiatria / J. Toscano Rico & J. Andresen Leitão – Absorção de Solutos Isotónicos de Na I Injectados no Músculo Cardíaco: Influência de Fármacos Vasomotores (Nota Preliminar) / J. Cândido de Oliveira – Acerca dos Porta-Bacilos Diftéricos. Alguns Dados Bacteriológicos e Epidemiológicos / Barahona Fernandes – Ciência e Medicina Humana (Ensaio) / Jorge da Silva Horta – O Problema da Histogénese do Sarcoma Sinovial / M. Arsénio Nunes – Morte Súbita Por Hemorragia Subaracnoideia de Causa Natural / J. Moniz de Bettencourt – Medição do Débito da Artéria Hepática Pelo Método Arteriográfico / J. H. Cascão de Anciâes – Crítica dos Elementos de Diagnóstico das Gastrites / Juvenal Esteves & F. Guerra Rodrigues – Aspectos Objectivos no Diagnóstico da Dermatomiosite / António Carneiro de Moura – A Cirurgia do Uretero Terminal / João Oliveira machado & Vasco A. Ribeiro Santos – Hipoalbuminemia por Gastropatia Exsudativa / António de Castro Caldas – O Lugar da Miomectomia na Terapêutica Cirúrgica do Mioma Uterino / Pedro Polónio – Do Pensamento a Liberdade e Sua Relação com a Personalidade / Armando dos Santos Ferreira – A Universidade e o Ensino Actual da Anatomia Humana / José Pereira Caldas – Subsídio Para a História da ortografia Abdominal / Francisco J. C. Cambournac – Sobre a Utilização de Medicamentos nas Campanhas de Erradicação da Malária / J. Fraga de Azevedo & Palmira Coelho Rombert – O Diagnóstico das Helmintíases Pela Imuno-Fluorescência / Carlos Trincão & Januário Martins de Melo – Haemoglogin S rates In as Heterozygotes / G. Jorge Janz & M. Lopes da Costa & C. Santos Reis – Composição em Ácidos Gordos Essenciais da Alimentação do Português / Mário Conde – Lesões Cirúrgicas, Traumáticas da Via Biliar Principal / Armando Luzes – Cirurgia Transuretral da Próstata / R. Valadas Preto & a. M. Baptista – Considerações Sobre a Esferocitose Hereditária / Francisco Formigal Luzes – Principais Indicações da Ionoterapia Eléctrica / J. Piedade Guerreiro – Alguns Casos da Minha Clínica e “Recordando o Passado” (Um Pequeno acto de Comédia) / Luís Pacheco – Quisto do”Septum Lucidum” (Sua Possível Confusão Com Outras Neoformações Encefálicas) / F. A. Gonçalves Ferreira – Esquizofrenia, Morfismos Genéticos e Saúde Pública / M. D. Prates & Maria J. Casqueiro Ramos – Um caso de Leucemia Mielóide Congénita / Francisco Branco – Linfadenopatias e Disproteinemia de Origem Medicamentosa Simulando Doença Maligna / Hermano Neves – O Conceito Unitário da Tinha / M. Marques da Gama – Sobre e Etiologia do Cancro do Pulmão / A. Dias Barata Salgueiro – Granuloma Laríngeo Após Anestesia Geral por Incubação / Silva Nunes – Sobre a Tuberculose Infantil / J. Xavier de Brito – Identificação de Globulinas nas Fezes Num Caso de Esteatorreia Provocada por Linfossarcoma Gastrointestinal / José Nobre Leitão – Cirurgia de Surdez por Otoesclerose. Evolução da Técnica Casuística Pessoal / Francisco Parreira, Maria C. C. Monteiro & a. Ducla Soares – Aspectos Morfológicos e Funcionais da Trombocitopoiese nas Trombocitopatias Adquiridas / Artur Pina – Exoftalmias / F. Peres Gomes, M. Lourdes Gonçalves & Isabel M. P. de Oliveira / Leopoldo Figueiredo – A Saúde no Mundo de Hoje (Sua Importância e Sua Valorização) / Fernando Rodrigues – Sensibilidade a Isoniazida, A Estreptomicina e ao Pas de Estrirpes Selvagens de Mycobacterium Tuberculosis Isoldas em Lisboa / Francisco Norton Bradão & Carlos Sá de Meneses – Pênfigo (Revisão de 20 Doentes) / C. plácido de Sousa – Alguns Aspectos da Relação Vírus-Neopasia / A. Baião Pinto – Hipogonadismo Masculino / Manuel Mendes Silva – “Listeria Monocytogenes” (Seu Isolamento de Casos Humanos, em Portugal) / A. Santos Pinto e M. Isabel Rodeia – Disglobulinemia com Aumento da Macroglobulina Beta por Hipersensibilidade a Um Derivado da Hidantoína (A Propósito de Dois Casos) / Maria Manuela Xavier de Brito – A Vacinação Contra o Sarampo / Arnaldo Ródo – Considerações Sobre a Genética da Displasia Congénia da Anca / José Andersen Leitão & Jaime dos Santos Pinto – Acçãoes Cardiovasculares do Veneno do “Cardium Medula L.” / J. R. Carvalho de Sousa & J. Jacinto Simões – Vºirus Coxasackie e Síndromas Meníngeos / Armando Cotta – O Médico de Empresa / M .A. Mendes Alves – Linha de Regressão Dose-Efeito da Histamina no Íleo da Cobaia / Pedro Madeira Pinto – Panorama Actual da Clínica das Cardiopatias Congénitas / J. Ferreira Malaquias – Considerações Sobre Neoplasias Malignas do Intestino Delgado / C. Fonseca Ferreira & vasco Chichorro – Sobre Um Caso de Paramiloidose Portuguesa / Fistulas Esófago-Brônquicas Não Neoplásicas / Telmo Corrêa – Um Caso de Doenã de Albers-Schonberg – Tip. Casa Portuguesa – 1965.Desc.(1220)Pág.Br.Ilust
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta & Maria Velho da Costa – Novas Cartas Portuguesas (Colecção Serpente) – Estudios Cor – Lisboa – 1972.Desc.(389)Pág.Br
Novas Cartas Portuguesas (NCP) é uma obra literária escrita conjuntamente por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, entre 1971 e 1972. O livro revelou a existência de situações discriminatórias agudas num Portugalsob o Regime do Estado Novo – entre elas, a repressão ditatorial e a condição da mulher (casamento, maternidade, sexualidade). As NCP denunciaram também as injustiças praticadas nas colónias e a realidade dos portugueses enquanto colonialistas em África. A obra foi imediatamente apreendida pela censura, e as autoras levadas a julgamento por “ofensa à moral pública” – o que, paradoxalmente, expôs o autoritarismo do governo e atraiu a atenção da imprensa internacional. A situação provocou uma onda global de apoio, inédita no contexto português. O caso das Três Marias – como ficou conhecido o processo instaurado pelo Estado Português depois da publicação das NCP – foi votado em Junho de 1973, numa conferência da National Organization for Women (NOW) em Boston, como a primeira causa feminista internacional. A obra foi defendida publicamente por Simone de Beauvoir, Marguerite Duras, Christiane Rochefort, Doris Lessing, Iris Murdoch ou Stephen Spender. A sua repercussão além-fronteiras foi enorme, tendo sido quase imediata a tradução para outros idiomas. Hoje é um dos livros portugueses mais traduzidos. Em Portugal, a obra esteve mais de dez anos completamente esgotada e dezoito anos fora do mercado.Chegaria novamente às livrarias em 1998, 2001, 2010 (anotada) e 2022, pelas mãos da editora Dom Quixote.
Em 1961 eclodia um conflito que, por altura da Revolução dos Cravos, tinha mobilizado quase 150 000 homens.Com o decorrer dos anos, crescia a revolta contra a Guerra Colonial entre os militares e as suas famílias. Este livro escrito a seis mãos delinear-se-ia a partir de um encontro que teve lugar na cidade de Lisboa, em Maio de 1971, três anos antes do 25 de Abril e da consequente independência das colónias portuguesas em África. Maria Teresa Horta conheceria Maria Isabel Barreno através de uma entrevista que fez enquanto coordenava o suplemento literário do jornal A Capital, no qual esta colaborava. As duas viriam a fundar o Movimento de Libertação das Mulheres, ao lado de Madalena Barbosa, em 1972. Por sua vez, Maria Isabel Barreno havia trabalhado com Maria Velho da Costa no Instituto de Investigação Industrial. Antes das NCP, as autoras já haviam publicado individualmente alguns livros dotados de caráter político – que, nomeadamente, desafiavam os papéis sociais atribuídos às mulheres durante a ditadura. Servem de exemplo Maina Mendes(1969) de Maria Velho da Costa, Os Outros Legítimos Superiores (1970) de Maria Isabel Barreno e Minha Senhora de Mim(1971) de Maria Teresa Horta, entre outros. As NCP terão surgido como reacção à apreensão deste último livro.
Quando as três começaram a pensar escrever uma obra em torno de uma mulher portuguesa surge, num dos seus almoços, a figura de Mariana Alcoforado, que não foi logo consensual. A Soror representava a paixão, a clausura, o abuso e o abandono. Não seria a mulher a enaltecer. Porém, as NCP partiriam mesmo do romance epistolar Lettres Portugaises, publicado como obra anónima por Claude Barbin, em 1669. Este foi apresentado como sendo uma tradução, também anónima, de cinco cartas de amor escritas por uma jovem freira portuguesa, de nome Mariana Alcoforado – após esta ter sido seduzida e abandonada pelo seu amante, o cavaleiro francês Noel Bouton (Cavaleiro de Chamilly) – enclausurada no Convento da Conceição, em Beja. Nesta época, França apoiava o Reino de Portugal na Guerra da Restauração contra a Coroa de Castela e, entre 1666 e 1668, a fortificada cidade do Baixo Alentejo foi um importante local de resistência contra as forças espanholas. Hoje, a autoria das Cartas Portuguesas é ainda polémica, com a crítica a dividir-se entre Soror Mariana Alcoforado e Gabriel-Joseph de Guilleragues.As Três Marias tiveram por base a edição publicada em 1969 pela Assírio & Alvim e traduzida pelo poeta português Eugénio de Andrade. A apropriação do peso simbólico da figura de Mariana Alcoforado – a mulher suplicante e submissa cujo discurso revela uma paixão e uma devoção avassaladoras – foi uma base fundamental para a crítica levada a cabo pelas autoras durante a ditadura fascista que vigorava em Portugal. Esta importante obra construiu uma aliança entre mulheres de diferentes tempos e lugares, desde Soror Mariana Alcoforado até as mulheres portuguesas contemporâneas.
As NPC entrelaçam crítica feminista, resistência política e experimentação literária. Enquanto obra literária, NCP não é facilmente classificável. Se não se trata de um romance ou ensaio, também não se trata apenas de um manifesto feminista ou de uma colectânea de cartas. Como indica a estudiosa Darlene Sadlier, as próprias Três Marias se referem ao seu livro como “uma coisa” inclassificável – o que sugere não tanto a dificuldade, mas antes a relutância das autoras em categorizar a sua obra, rejeitando assim a lógica das formas literárias tradicionais. A sua escrita – polifónica, ensaística, poética, epistolar, paródica – torna-se lugar de libertação. As NCP reúnem 120 textos – cartas, ensaios, poemas e fragmentos de várias ordens.O livro abre com uma carta datada de 1 de Março de 1971 e termina com um fragmento escrito a 25 de Outubro de 1971. Todas surgem datados – o que aponta para uma cronologia baseada nos diálogos reais entre as autoras. Só um pequeno número de cartas é numerado, oferecendo ao leitor ou leitora uma breve fonte de ordem – sem que esta constitua, porém, uma narrativa unitária. A edição mais recente – na qual foram corrigidos erros/gralhas, bem como introduzido um índice e uma introdução, ausentes de versões anteriores – resgata um pré-prefácio e um prefácio escritos por Maria de Lourdes Pintassilgo, adicionados em 1980, pela Moraes Editores. Esta resulta de uma investigação levada a cabo por um grupo de trabalho coordenado por Ana Luísa Amaral, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Para uma geração mais nova, existem agora versões anotadas que contextualizam muitas das referências sócio-culturais ou literárias. É ainda urgente o reconhecimento nacional desta obra que desestabilizou o tecido político e social português.
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa nunca revelaram qual delas compôs cada fragmento, mesmo depois de diversos interrogatórios levados a cabo pela Polícia Judiciária. Vários estudos académicos foram realizados na tentativa de atribuir a autoria dos diversos textos que compõem o livro a partir de sua comparação com as obras literárias posteriormente lançadas pelas autoras individualmente. Quanto ao processo de criação a três, Maria Teresa Horta destaca este exercício de co-autoria, de abdicar da assinatura e de desconstruir o processo solitário e individual da escrita. Este era pautado por regras que incluíam ler os textos em voz alta e levar cópias (em papel químico) umas às outras. Na crónica «O portuguesíssimo nome de Marias», a autora fala ainda da disciplina, do compromisso com um método de trabalho, da competição e da importância de um espaço para as divergências. As autoras encontravam-se presencialmente todas as semanas – por norma, em almoços no Treze. Maria Isabel Barreno, por sua vez, assinala o convívio criativo como forma de incentivar a escrita dos textos a sós e como a ausência de um plano restrito levaria ao cultivo de diferentes géneros literários. A primeira coisa que fizeram foi partir das cartas de Mariana Alcoforado – cada uma escreveria cinco cartas às outras duas – mas depois surgiram ensaios, poemas e f icção. Para a autora, escrever a três nunca implicou consensos, mas sim espaço para o desacordo e para discordâncias entre pontos de vista literários e políticos.
O livro é um marco crucial na evolução do pensamento feminista na literatura portuguesa. As NCP dão corpo a uma escrita que denuncia o silenciamento histórico das mulheres, mecanismos patriarcais (domésticos, legais, religiosos, coloniais) que domesticam o desejo, o corpo e o pensamento femininos, os interditos à expressão sexual e à liberdade amorosa. As NPC posicionam-se ainda como uma forte crítica ao colonialismo, ao catolicismo repressivo, ao conservadorismo e antecipam algumas discussões da segunda vaga do feminismo europeu, como a sororidade ou o corpo político. Passados mais de cinquenta anos, esta obra continua a vir ao encontro de questões prementes, como a feminização da pobreza. Marta Mascarenhas propõe ainda uma releitura desta obra – que subverte os modelos tradicionais e questiona todo o tipo de fronteiras, hierarquias e cânones – à luz da teoria queer.Para a autora, ambas assentam sob os mesmos pressupostos. Sublinha-se ainda que a criação do Movimento de Libertação das Mulheres (MLM) em Portugal está ligada ao processo das NCP e à solidariedade em torno das três escritoras. As primeiras notícias sobre a sua criação – a 7 de Maio de 1974, em Lisboa – surgem pela mão da jornalista Annie Cohen, numa crónica na revista Les Temps Modernes. Com alguns anos de atraso e por via de um conjunto de mulheres intelectuais, os ventos de uma mudança feminista chegavam finalmente a Portugal. A primeira brochura do MLM coloca como reivindicações: a declaração, a inserir na Constituição da República Portuguesa, da igualdade de direitos para os dois sexos, com condenação penal pelas discriminações sexistas; a revisão do código civil, do código penal e da legislação do trabalho; o direito de salário igual para trabalho igual e o acesso a todas as profissões em igualdade; e o reconhecimento pelo Estado Português do valor económico do trabalho doméstico. O MLM surge como o primeiro grupo feminista a exigir uma sede à Junta de Salvação Nacional, logo após o 25 de Abril. Uma cisão no MLM é noticiada um ano após a sua fundação. É criado um grupo activista com a designação de Feministas Revolucionárias. Esse novo grupo integrava Maria Teresa Horta.
A obra seria publicada na sua íntegra em 1972, pela editora Estúdios Cor, então com direcção literária de Natália Correia que, na altura, foi incentivada a não o fazer. Em entrevista, Maria Teresa Horta referiu a existência de denúncias da parte de dois tipógrafos ao editor do livro, Romeu de Melo. A coragem e cumplicidade da responsável pela organização e edição da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica – livro de 1965, também apreendido pela PIDE/DGS e alvo de um longo processo judicial – foi assim preponderante na edição das NCP. Apenas três dias depois, esta primeira edição seria recolhida e destruída pela censura de Marcello Caetano, figura que anunciara uma maior abertura política – vindo a revelar-se superficial – face ao seu antecessor, António de Oliveira Salazar, afastado do governo em 1968, devido a um hematoma craniano que o incapacitou. Os seus textos foram considerados “imorais”, “atentatórios” e “pornográficos”, tendo sido aberto um processo do Estado Português contra as autoras e contra o editor responsável, tornando a obra e o caso internacionalmente reconhecidos. O seu julgamento iniciou-se a 25 de Outubro de 1973, no Tribunal Correcional da Boa Hora. Entretanto, este foi sendo adiado por sucessivos incidentes, e suspenso após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Natália Correia, Urbano Tavares Rodrigues, António Quadros, David Mourão-Ferreira, Fernanda Botelho, Maria Lamas, Augusto Abelaira, Natália Nunes, José Tengarrinha, Vasco Vieira de Almeida e Carlos Jorge Correia Gago foram, entre outros, testemunhas a favor das acusadas. As autoras foram absolvidas a 7 de Maio de 1974, tendo como advogados Duarte Vidal (defendendo Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta), Francisco Sousa Tavares (defendendo Maria Velho da Costa) e José Armando da Silva Ferreira (defendendo Romeu de Melo). Até ao julgamento, a solidariedade da comunidade literária e intelectual nacional e internacional manifestar-se-ia em diversos protestos e manifestações a favor da sua causa. O evento foi coberto por meios de comunicação internacionais, como é o caso dos jornais Le Monde e The New York Times.Existiram ainda acções feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro. As autoras ficariam conhecidas internacionalmente como as Três Marias.Após a obra que as uniu, estas tomaram caminhos diferentes, embora aproximadas nas causas e nas ideias. No pós-25 de Abril, teve lugar uma nova edição das NCP pela Futura, em 1974. Na sequência do seu julgamento, foi organizada uma manifestação do MLM a 13 de Janeiro 1975, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. Esta consistiria no atear de uma fogueira, onde seriam queimados símbolos da opressão feminina. A especulação e deturpação desenvolvida por alguns órgãos de comunicação social levaram à ocorrência de incidentes fruto de atitudes provocatórias. Este tipo de iniciativa já tinha sido adoptado anteriormente noutros países, como França. Todavia, as concepções conservadoras num Portugal já democrático, fizeram-se sentir nas reacções a esta iniciativa.
Manuela de Azevedo (Selecção, Prefácio e Notas) – Cartas Políticas a João de Barros (temas Portugueses) – Imprensa Nacional-Casa da Moeda – Lisboa – 1982.Desc.(426)Pág.Br.
M. M. Sarmento Rodrigues (Capitão Fragata) – No Governo da Guiné (Discursos e Afirmações) – Agência Geral das Colónias – Divisão de Publicações e Bibliotecas / república Portuguesa – ministério das Colónias – Lisboa – 1949.Desc.(541)Pág.E.Pele
António Macieira-Coelho – António Macieira (Uma Figura Singular da I República) – Chiado Editora – Lisboa – 2013.Desc.(487)Pág.Br.Ilust “Autografado”
A Campanha Eleitoral de 1961 – António Oliveira Salazar – Mensagem do Senhor Presidente do Conselho da Comissão Central d U.N / Dr. Henrique Veiga de Macedo – Discurso Proferido em Lisboa pelo Presidente da Comissão Executiva da U.N / Eng.ºbDomingos Rosado Vitória Pires – Discurso Proferido em Lisboa Pelo Vogal da Comissão Executiva da U.N / Dr. João Cerveira Pinto – Discurso Proferido em Lisboa Pelo Vogal da Comissão Executiva da U.N / Dr. José Fernando Nunes Barata – Discurso Proferido em Lisboa Pelo Vogal da Comissão Executiva da U.N (Documentos Políticos) – União Nacional – Nacional Editora – Lisboa – 1961.Desc.(239)Pág.Br.
Lourenço Moreira Lima – A Coluna Prestes (Marchas e Combates) – Editorial Alfa-Omega – São Paulo – 1979.Desc.(631)Pág + (8)Fotogravuras.Br.Ilust
A Coluna Prestes ou Coluna Miguel Costa-Prestes, formalmente designada 1.ª Divisão Revolucionária, foi um movimento político-militar brasileiro de teor tenentista ocorrido entre 1924 e 1927. O principal motivo para a criação do movimento foi a insatisfação com o governo de Artur Bernardes e o regime oligárquico, característico da República Velha, conhecido como política do café com leite. Suas reivindicações foram a implementação do voto secreto, a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário para toda a população, além de acabar com a miséria e a injustiça social no Brasil. Em seus dois anos e meio de duração, a Coluna, composta de 1,5 mil homens, percorreu cerca de 25 mil quilômetros, através de treze estados do Brasil. Apesar da marcha militar, algumas características de um movimento popular são identificadas uma vez que a maioria de seus soldados eram principalmente trabalhadores do campo, analfabetos e semianalfabetos. Cerca de cinquenta mulheres participaram da marcha, quase todas originarias do Destacamento Gaúcho. Muitas dessas mulheres chegaram a combater do lado dos revoltosos. Como consequência final, a marcha teve grande importância para a história do Brasil porque teve caráter nacional e enfraqueceu o governo oligárquico, abrindo caminho para a Revolução de 1930.Apesar do movimento tenentista ter os militares de baixa oficialidade como seus principais participantes, não se caracterizou como um movimento militarista. Foi, no entanto, uma expressão de revolta das classes médias com o domínio oligárquico existente no país. Não era pretensão dos tenentes o estabelecimento de um governo militar, mas sim de um legítimo poder civil baseado no liberalismo. Tendo proporções nacionais, não somente os setores militares foram mobilizados mas também os civis.Com a eclosão dos levantes tenentistas, principalmente após as notícias da Revolta Paulista de 1924. Em 28 de outubro de 1924 na Região das Missões do Rio Grande do Sul os primeiros batalhões e cavalarias se levantaram com o incentivo do capitão Luís Carlos Prestes, que comandava o 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo. Também rebelaram-se tropas nas cidades gaúchas de São Luiz Gonzaga, São Borja e Uruguaiana, respectivamente coordenadas por Pedro Gay, Rui Zubaran e Juarez Távora. Em São Borja, Antônio de Siqueira Campos participou da chefia das tropas ao retornar clandestinamente de seu exílio em Buenos Aires. Os civis eram chefiados pelos caudilhos maragatos, acostumados com a luta de guerrilhas. Em dezembro do mesmo ano, cerca de catorze mil homens sob o comando do Estado-Maior governista marchavam sobre São Luís Gonzaga com o objetivo de cercar e suprimir as forças rebeldes que pensavam estar reunidas na cidade. No entanto, os soldados da Coluna estavam distribuídos em torno da cidade em distâncias consideráveis, o que possibilitou que Prestes encontrasse uma saída que permitisse romper o cerco legalista. Com o exército governista desorientado pela estratégia de mobilidade adotada, a Coluna marchou durante a noite em direção a Ijuí, que era um ponto fraco dentro das defesas legalistas. Ao ficar evidente que os rebeldes haviam rompido o cerco sem serem percebidos, o governo reuniu 1,6 mil homens na região de Nova Ramada visando barrar a passagem para Palmeira das Missões. Deu-se início ao confronto de oito horas que ficou conhecido como “Combate da Ramada” no dia 3 de janeiro de 1925, onde mais uma vez a tática que Prestes concebeu como “guerra de movimento” foi decisiva para a vitória da Coluna apesar de cinquenta de seus soldados terem sido mortos e cem foram feridos. A marcha, agora com cerca de 600 homens, continuou para a travessia do norte do Rio Grande do Sul no Rio Uruguai.Entre fevereiro e março de 1927, após a travessia do Pantanal, parte da coluna comandada por Siqueira Campos, que comandava o melhor destacamento da Coluna chegou ao Paraguai com o objetivo de desviar a atenção da tropa legalista, ao passo que o restante ingressou na Bolívia. Tendo em vista as condições precárias, as instruções de Dias Lopes eram para que os revolucionários se exilassem. Miguel Costa seguiu para Paso de los Libres enquanto Prestes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba. Em 5 de julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba um monumento em homenagem aos mortos da campanha da Coluna.
José Cabral (Governador) – Regulamento do Trabalho dos Indígenas na Colónia de Moçambique – Imprensa Nacional de Moçambique – Lourenço Marques – 1947.Desc.(117)Pág.Br.
Francisco Bahia dos Santos – Angola (Semana de Ultramar)- Sociedade de Geografia de Lisboa – 1954.Desc.(146)Pág.Br.Ilust
F. de Sacadura-Falcão – Falando Disto e Daquilo….(Retalhos de Prosa Vária) – Editorial Império – Lisboa – 1972.Desc.(238)Pág.Br.
Vitorino Magalhães Godinho – Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa (Colecção Temas Portugueses) – Editora Arcádia – Lisboa – 1977.Desc.(318)Pág.Br.
Adalberto Postioma – Guiné do Século XV Cidades de 200.000 Habitantes… Análise e Resposta a Um “Professor Barbadinho”- 1965.Desc.(34)Pág
Rui Rodrigues (Coordenação) Francisco Ribeiro Soares e António M. Godinho ( Colaboração Jornalística) – Os Últimos Guerreiros do Império – Editora Erasmo – Lisboa – 1995.Desc.(290)Pág.Br.Ilust
João Falcato – A Alemanha Actual – Coimbra Editora – Coimbra – 1957.Desc.(313)Pág.Br
Rosendo Canto Hernández (Embaixador) – Cuba – Verso e Reverso – Edições Liber – Amadora – 1975.Desc.(285)Pág.Br.
Joel Serrão – Portugal Somos – Livros Horizonte – Lisboa – 1975.Desc.(289)Pág.Br.
Joel Justino Baptista Serrão – (Santo António, Funchal, 12 de dezembrode 1919 — Sesimbra, 5 de março de 2008) foi um historiador português. Joel Serrão licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1942 foi, juntamente com Rui Grácio, director do jornal cultural Horizonteeditado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Este jornal publicava escritos de autores ligados ao Neorealismo; por esse motivo teve um período de vida relativamente curto pois aquela Faculdade, assim como outras, estavam sujeitas a vigilância constante por parte da PIDE e Joel Serrão era próximo do grupo antifascista, como se dizia então, da Faculdade de Letras. De 1948 a 1972, foi professor do liceu em Viseu, Funchal, Setúbal e Lisboa. Foi professor do Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e dirigiu o Centro de Estudos de História do Atlântico (Madeira); foi membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian e foi também professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A 15 de Julho de 1987 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade.