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  • Afro-Ásia – Centro de Estudos Afro-Oriental

    Afro-Ásia – Centro de Estudos Afro-Oriental (€15.00)

    Afro-Ásia – Centro de Estudos Afro-Oriental – Victor Andrade de Melo – O Esporte e a Construção da Nação: Apontamentos Sobre Angola / Giovanna Fiume – António Etíope e Benedito, o Mouro: O Escravinho Santo e o Preto Eremita / Enidele Bertin – Reivindicações e resistência: O Não dos Africanos Livres (São Paulo, Séc. XIX) / Silvia Cristina Martins de Souza – “Que Venham Negros a Cena Com Marcas e Tambores”. Jogo, Teatro e Campanha Abolicionista no Rio de Janeiro / B. J. Barickman – “Passarão por Mestiços”, O Bronzeamento nas Praias cariocas, Noções de Cor e Raça e Ideologia Racial, 1920-1950 / Paul S. Losch – Dr. Henry W. Furniss, Cônsul Afro-Norte-Americano na Bahia 1898-1905 / Patrícia Souza de Faria – Lembrar ou Esquecer: Desafios Políticos da História Colonial e da Escravidão / Diego Conta – A Herança Africana em Portugal – Centro de Estudos Afro-Orientais-CEAO / Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas-Fech / Universidade Federal da Bahia-UFBA – Salvador Bahia – 2009.Desc.(280)Pág.Br.Ilust


  • Drummond Mais Seis Poetas e Um Problema

    Drummond Mais Seis Poetas e Um Problema (€15.00)

    António Houaiss – Drummond Mais Seis Poetas e Um Problema – Imago Editora, Ltda – Rio de Janeiro – 1976.Desc.(259)Pág.Br.”Autografado”

     

     

     

    Antônio Houaiss

    Antônio Houaiss (Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1915 – Rio de Janeiro, 7 de março de 1999) foi um destacado intelectual brasileiro — filólogo, crítico literário, tradutor, diplomata, enciclopedista e ministro da cultura do Brasil no governo Itamar Franco. Houaiss era o quinto de sete filhos de um casal de imigrantes libaneses, Habib Assad Houaiss e Malvina Farjalla, radicados no Rio de Janeiro. Com dezesseis anos, começou a leccionar português, atividade que exerceu durante toda sua vida.Autor de dezenove livros, Houaiss organizou e elaborou duas das enciclopédias mais importantes já feitas no Brasil, a Delta-Larousse e a Mirador Internacional. Publicou dois dicionários bilíngues inglês-português, organizou a primeira edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras. Entre seus trabalhos de tradução está o romance Ulisses, de James Joyce. Ocupou diversos cargos importantes como presidente da Academia Brasileira de Letras, ministro da Cultura no governo do presidente Itamar Franco e membro da Academia das Ciências de Lisboa. A revista Veja chegou a defini-lo como o “maior estudioso das palavras da língua portuguesa nos tempos modernos”. Em fevereiro de 1986, iniciou o projeto do Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa, seu magnum opus. Houve uma interrupção de cinco anos, por falta de recursos financeiros, de 1992 até março de 1997, quando então fundou o Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda., com Francisco Manoel de Mello Franco e Mauro de Salles Villar. Antônio Houaiss faleceu em 7 de março de 1999, sendo os trabalhos lexicográficos concluídos pelo Instituto, em dezembro de 2000. O Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa veio a lume em 2001.

     

    Carlos Drummond de Andrade

    Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 – Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos. Os temas de sua obra são vastos e empreendem desde questões existenciais, como o sentido da vida e da morte, passando por questões cotidianas, familiares e políticas, como o socialismo, dialogando sempre com correntes tradicionais e contemporâneas de sua época. As características formais e estilísticas de sua obra também são vastas, destacando-se, por vezes, o dialeto mineiro. Drummond nasceu na cidade de Itabira, em Minas Gerais. Sua memória dessa cidade viria a permear parte de sua obra. Seus antepassados, tanto do lado materno como paterno, pertencem a famílias de origem escoto-madeirense há muito tempo estabelecidas no Brasil. Posteriormente, foi estudar no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, e no Colégio Anchieta, dos jesuítas, em Nova Friburgo. Formado em farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou “A Revista”, para divulgar o modernismo no Brasil. No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, “Alguma poesia” (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência “Poesia Moderníssima do Brasil”,. feita no curso de férias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas. Nos anos 1940, Drummond ingressou nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e chegou a dirigir um jornal do Partido no Rio de Janeiro, onde realizou uma entrevista com o dirigente do partido Luis Carlos Prestes ainda na cadeia.Existe colaboração de sua autoria no semanário Mundo Literário (1946–1948) e na revista luso-brasileira Atlântico. Durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguisse escrevendo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua filha. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas. Sua morte ocorreu por infarto do miocárdio e insuficiência respiratória. Drummond, como os modernistas, segue a libertação proposta por Mário de Andrade e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo. Se dividirmos o modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade. Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato, herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas.Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não ame. Muito a propósito da sua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página 82 da sua obra “O Observador no Escritório”, Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que “Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus.” No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro.

     

     

     

     


  • Conto Candango

    Conto Candango (€12.00)

    Salomão Sousa (Coordenação) – Conto Candango – Coordenada – Editora Brasilia – Brasilia – 1980.Desc.(156)Pág.Br

     

     

     

    Candango

    Candango é o termo pelo qual ficaram conhecidos os operários que trabalharam na obra de construção da nova capital, Brasília, e em toda a infraestrutura necessária para sustentar essa atividade. Com o passar dos anos, passou a ser considerado um gentílico alternativo para os moradores da cidade, se tornando sinônimo de brasiliense. Segundo Edwardes Cabral, carpinteiro da Construtora Rabelo, que construiu o Palácio da Alvorada, o Presidente Juscelino Kubistchek, sempre sorridente e afável com os operários, abraçava-os e dizia: “Eu sou o candango número 1. Você é o número 2”. Os primeiros trabalhadores que chegaram em Brasília em meados de outubro de 1956 vieram de Belo Horizonte por ordem do engenheiro Roberto Pena para trabalhar na construção do Catetinho. Aqui eles se abrigavam das fortes chuvas do cerrado em barracas cedidas pelo Exército. No Plano Piloto, as primeiras obras foram a Igreja Nossa Senhora de Fátima, o Brasília Palace Hotel e o Palácio da Alvorada, o que demandou mais mão-de-obra e, por conta disso, todos os dias chegavam caminhões pau de arara apinhados de pessoas para desempenhar essa função; eram os homo faber (expressão para designar os homens realizadores, fazedores), em sua maioria vinham do Norte e Nordeste do país, sempre buscando melhores condições de vida e trabalho. Para acolher esse fluxo migratório, surgiram os acampamentos pioneiros, em geral, montados pelas construtoras para receber seus funcionários. A Novacap, assim que se instalou na região da atual Candangolândia com seus galpões, montou alojamentos para os trabalhadores solteiros e “barracos” para os casados, que ficaram conhecidos como Lonalândia, por serem cobertos com lonas. Apesar disso, na região havia também algumas casas de bom padrão, que atendiam aos engenheiros e funcionários técnicos e administrativos da companhia. Para a época, a infraestrutura geral deste acampamento era considerada boa. Por estar próximo da sede da Novacap, o acampamento se beneficiava da energia elétrica dos geradores da empresa, da rede de água, da escola que foi construída, do hospital e posto de saúde, do posto policial e do Serviço de Alimentação Popular (SAPS) que mantinha um restaurante na região e outras melhorias. Além do acampamento da Novacap, outro que surgiu logo no início da construção da capital foi o da Vila Planalto ou Acampamento da Rabelo, nas imediações do Hotel e do Palácio da Alvorada. À medida que as obras prioritárias, como a Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios, eram realizadas, surgiam acampamentos ao redor delas para facilitar o deslocamento dos operários já que ainda não havia sistema de transporte público. A própria Novacap se mudou para mais perto do Plano Piloto, o que levou o antigo alojamento a receber um novo apelido: Velhacap. Perto desses acampamentos, proliferaram mais locais de residência e comércio para dar suporte ao contingente crescente populacional do Distrito Federal. A Cidade Livre foi a maior e mais representativa desse período; era o centro comercial pulsante de Brasília. Nos planos da Administração Pública estava claro o caráter temporário tanto dos acampamentos quando da contratação dos trabalhadores, que ao finalizar a obra, voltariam para suas cidades. Isso era tão certo, que não houve venda de lotes além do planejamento inicial. As casas e barracos eram todos de madeiras e as edificações em alvenaria eram proibidas, reforçando o cunho transitório destas moradias. O planejamento para quem desejasse permanecer em Brasília após a inauguração já constava no Relatório de Lúcio Costa sobre seu plano piloto: “Devemos impedir a enquistação de favelas tanto na periferia urbana quanto rural. Cabe à Companhia Urbanizadora prover dentro do esquema proposto acomodações decentes e econômicas para a totalidade da população”. Assim, surgiram as cidades-satélites, áreas mais distantes do centro, como Ceilândia, Taguatinga e Samambaia, para onde muitos candangos foram removidos e fixaram residência na capital; enquanto outros permaneceram nas antigas áreas dos acampamentos como os casos da Vila Planalto, Núcleo Bandeirante e Candangolândia. Em 17 de julho de 2020, o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha sancionou uma lei de autoria do deputado distrital Fernando Fernandes estabelecendo o dia 12 de setembro como o Dia do Candango. Segundo o deputado, o objetivo é homenagear os construtores da cidade.

     

     

     

     

     


  • História e Utopia – Estudos Sobre Vieira

    História e Utopia – Estudos Sobre Vieira (€15.00)

    António José Saraiva – História e Utopia – Estudos Sobre Vieira – Ministério da Educação / Instituto de Cultura e Língua Portuguesa – Lisboa – 1992.Desc.(109)Pág.Br

     

     

     

     

    António José Saraiva

    António José Saraiva (Leiria, Leiria, 31 de dezembro de 1917 – Lapa, Lisboa, 17 de março de 1993) foi um Professor ‘Emeritus’ e Historiador de literatura portuguesa. Nasceu a 31 de dezembro de 1917 na Calçada de Santo Estêvão, na cidade, freguesia e concelho de Leiria. Era o segundo de sete filhos de José Saraiva (1881–1962), um professor do ensino liceal, agnóstico e de formação positivista, e de sua mulher (casados em Lisboa, em 8 de novembro de 1913) Maria da Ressurreição Baptista (Donas, Fundão, 9 de março de 1883 — Mercês, Lisboa, 18 de agosto de 1961), uma católica devota. Era irmão mais velho do historiador José Hermano Saraiva, de quem sempre foi muito próximo. A sua família transferiu-se de Leiria para Lisboa, tinha António José Saraiva 15 anos. Finalizou os estudos liceais no Liceu Gil Vicente. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa  onde se doutorou em Filologia Românica, em 1942, com a tese Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval. A 16 de outubro de 1943, casou na igreja paroquial de Santa Maria de Belém (igreja do Mosteiro dos Jerónimos), em Lisboa, com Maria Isabel da Silva Granate Lopes de Paula (Santa Maria de Belém, Lisboa, 4 de setembro de 1920 – Alcântara, Lisboa, 4 de dezembro de 2014), professora do ensino secundário, filha de Virgílio Marques Lopes de Paula (Santa Catarina, Lisboa, 3 de setembro de 1890 – 9 de junho de 1951), médico da Presidência da República, fundador e treinador do Clube de Futebol Os Belenenses e dirigente da Federação Portuguesa de Futebol, e de Alda Hortense Guimarães Granate Lopes de Paula, natural de Lisboa (freguesia de Santo André, posteriormente freguesia da Graça). Do casamento nasceram três filhos: António Manuel, José António (mais tarde jornalista) e Pedro António Saraiva. Os dois divorciaram-se por sentença transitada em julgado a 10 de novembro de 1975, no entanto, já viriam separados desde 1958. Em Lisboa conhece Óscar Lopes, com quem escreverá, em coautoria, a História da Literatura Portuguesa, publicada pela 1.ª vez em 1955. Opositor ao salazarismo, foi militante do Partido Comunista Português. A sua posição política levou à sua expulsão do ensino universitário, passando a lecionar no liceu onde o pai era reitor, o liceu Passos Manoel. No entanto, em 1949, é demitido por apoiar a candidatura de Norton de Matos e por pertencer ao PCP. Apoiou a candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República, em 1949. Nesse ano foi preso e impedido de ensinar. Durante os anos seguintes, viveu exclusivamente das suas publicações e da colaboração em jornais e revistas, nomeadamente no semanário Mundo Literário (1946-1948) e na revista Litoral (1944-1945). Exilou-se na França em 1961, tendo em 1970 ido viver para os Países Baixos, onde, por empenho do seu antigo aluno e escritor José Rentes de Carvalho, leccionou na Universidade de Amsterdão. Regressado a Portugal, após o 25 de Abril, tornou-se professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e depois da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1978, apresentou na RTP1 o programa de História de Portugal Este Portugal Que Somos. António José Saraiva publicou uma vastíssima e importante obra, considerada uma referência nos domínios da história da literatura e da história da cultura portuguesas, amadurecida quer na edição de obras e no estudo de autores individualizados (Camões, Correia Garção, Cristóvão Falcão, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Fernão Lopes, Fernão Mendes Pinto, Gil Vicente, Eça de Queirós, Oliveira Martins), quer através da publicação de obras de grande fôlego como a História da Cultura em Portugal ou, de parceria com Óscar Lopes, a História da Literatura Portuguesa. Foi também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário (1895-2002, viveu até aos 107 anos)., o último veterano português sobrevivente que combateu na Primeira Guerra Mundial. Morreu a 17 de março de 1993, na sede da Associação Portuguesa de Escritores, na freguesia da Lapa, em Lisboa, a meio do discurso de agradecimento do Prémio Ensaio do Penclube Português, pela sua obra “A Tertúlia Ocidental”, em frente da plateia que o escutava, não tendo resistido à emoção sentida ao falar do seu pai.

     

     

     

     


  • A Coluna Prestes – Marchas e Combates

    A Coluna Prestes – Marchas e Combates (€20.00)

    Lourenço Moreira Lima – A Coluna Prestes (Marchas e Combates) – Editorial Alfa-Omega – São Paulo – 1979.Desc.(631)Pág + (8)Fotogravuras.Br.Ilust

     

    A Coluna Prestes ou Coluna Miguel Costa-Prestes, formalmente designada 1.ª Divisão Revolucionária, foi um movimento político-militar brasileiro de teor tenentista ocorrido entre 1924 e 1927. O principal motivo para a criação do movimento foi a insatisfação com o governo de Artur Bernardes e o regime oligárquico, característico da República Velha, conhecido como política do café com leite. Suas reivindicações foram a implementação do voto secreto, a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário para toda a população, além de acabar com a miséria e a injustiça social no Brasil. Em seus dois anos e meio de duração, a Coluna, composta de 1,5 mil homens, percorreu cerca de 25 mil quilômetros, através de treze estados do Brasil. Apesar da marcha militar, algumas características de um movimento popular são identificadas uma vez que a maioria de seus soldados eram principalmente trabalhadores do campo, analfabetos e semianalfabetos. Cerca de cinquenta mulheres participaram da marcha, quase todas originarias do Destacamento Gaúcho. Muitas dessas mulheres chegaram a combater do lado dos revoltosos. Como consequência final, a marcha teve grande importância para a história do Brasil porque teve caráter nacional e enfraqueceu o governo oligárquico, abrindo caminho para a Revolução de 1930.Apesar do movimento tenentista ter os militares de baixa oficialidade como seus principais participantes, não se caracterizou como um movimento militarista. Foi, no entanto, uma expressão de revolta das classes médias com o domínio oligárquico existente no país.  Não era pretensão dos tenentes o estabelecimento de um governo militar, mas sim de um legítimo poder civil baseado no liberalismo. Tendo proporções nacionais, não somente os setores militares foram mobilizados mas também os civis.Com a eclosão dos levantes tenentistas, principalmente após as notícias da Revolta Paulista de 1924. Em 28 de outubro de 1924 na Região das Missões do Rio Grande do Sul os primeiros batalhões e cavalarias se levantaram com o incentivo do capitão Luís Carlos Prestes, que comandava o 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo.  Também rebelaram-se tropas nas cidades gaúchas de São Luiz Gonzaga, São Borja e Uruguaiana, respectivamente coordenadas por Pedro Gay, Rui Zubaran e Juarez Távora. Em São Borja, Antônio de Siqueira Campos participou da chefia das tropas ao retornar clandestinamente de seu exílio em Buenos Aires. Os civis eram chefiados pelos caudilhos maragatos, acostumados com a luta de guerrilhas. Em dezembro do mesmo ano, cerca de catorze mil homens sob o comando do Estado-Maior governista marchavam sobre São Luís Gonzaga com o objetivo de cercar e suprimir as forças rebeldes que pensavam estar reunidas na cidade. No entanto, os soldados da Coluna estavam distribuídos em torno da cidade em distâncias consideráveis, o que possibilitou que Prestes encontrasse uma saída que permitisse romper o cerco legalista. Com o exército governista desorientado pela estratégia de mobilidade adotada, a Coluna marchou durante a noite em direção a Ijuí, que era um ponto fraco dentro das defesas legalistas. Ao ficar evidente que os rebeldes haviam rompido o cerco sem serem percebidos, o governo reuniu 1,6 mil homens na região de Nova Ramada visando barrar a passagem para Palmeira das Missões. Deu-se início ao confronto de oito horas que ficou conhecido como “Combate da Ramada” no dia 3 de janeiro de 1925, onde mais uma vez a tática que Prestes concebeu como “guerra de movimento” foi decisiva para a vitória da Coluna apesar de cinquenta de seus soldados terem sido mortos e cem foram feridos. A marcha, agora com cerca de 600 homens, continuou para a travessia do norte do Rio Grande do Sul no Rio Uruguai.Entre fevereiro e março de 1927, após a travessia do Pantanal, parte da coluna comandada por Siqueira Campos, que comandava o melhor destacamento da Coluna chegou ao Paraguai com o objetivo de desviar a atenção da tropa legalista, ao passo que o restante ingressou na Bolívia. Tendo em vista as condições precárias, as instruções de Dias Lopes eram para que os revolucionários se exilassem. Miguel Costa seguiu para Paso de los Libres enquanto Prestes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba. Em 5 de julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba um monumento em homenagem aos mortos da campanha da Coluna.

     


  • Iracema (Lendas de Ceará)

    Iracema (Lendas de Ceará)

    José de Alencar – Iracema – Edições Alagadiço (Lendas de Ceará) – Casa José de Alencar – Fortaleza Ceará – 1983.Desc.(220)Pág.Br.Ilust

     

     

     

     

    Iracema

    Iracema (originalmente, Iracema: Lenda do Ceará) é um romance brasileiro publicado em 1865 e escrito por José de Alencar que faz parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são O Guarani e Ubirajara. De acordo com o tupinólogo Eduardo Navarro, “iracema” é um termo nheengatu que significa “enxame” (de irá, “mel, abelha” + sema, “saída”). O autor da obra, José de Alencar, em nota na primeira edição do romance, afirma que o nome tem origem na língua tupi e significa “lábios de mel”, alegação que Navarro disputa.  É igualmente falsa a etimologia popularque explica o nome como um anagrama da palavra “América”. Em Iracema, Alencar criou uma explicação poética para as origens de sua terra natal, daí o subtítulo da obra – “Lenda do Ceará”. A “virgem dos lábios de mel” tornou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Moacir, nascido de seus amores com o colonizador português Martim, representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças. A história é uma representação do que aconteceu com a América na época de colonização europeia.

     


  • Cangaceiro e Fanáticos (Gênese e Lutas)

    Cangaceiro e Fanáticos (Gênese e Lutas) (€15.00)

    Rui Facó – Cangaceiro e Fanáticos (Gênese e Lutas) – Editora Civilização Brasileira S.A. – Rio de Janeiro – 1978.Desc.(223)Pág.Br.

     

     

     

    Cangaceiro

    O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre o século XIX e meados do século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados e atacando cidades, onde cometiam pilhagens, assassinatos e estupros. Para muitos especialistas o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos sertanejos diante de graves problemas sociais e da ineficácia do Estado em manter a ordem e aplicar a lei. Um dos principais líderes do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. O termo cangaço vem da palavra canga, uma peça de madeira usada para prender junta de bois a carro ou arado, conhecida também como jugo. Por volta de 1834 o termo cangaceiro já era utilizado para se referir a bandos de camponeses pobres que habitavam os desertos do nordeste brasileiro, vestindo roupas de couro e chapéus, carregando carabinas, revólveres, espingardas e facas longas e estreitas, conhecidas como peixeiras. O termo cangaceiro era uma expressão pejorativa, que designava a pessoa que não podia se adaptar ao estilo de vida costeira. Por esta altura naquela região havia dois principais grupos de bandidos armados frouxamente organizados: os jagunços, mercenários que trabalhavam para quem pagasse o seu preço, geralmente proprietários de terras que queriam proteger ou expandir seus limites territoriais e também lidar com os trabalhadores rurais, e os cangaceiros, bandidos que tinham algum nível de apoio da população mais pobre, em favor de quem sustentavam alguns comportamentos benéficos, como atos de caridade, a compra de bens por preços mais altos e promovendo bailes. A população fornecia abrigo e as informações que os ajudavam a escapar das incursões das forças policiais, conhecidos como volantes, enviados pelo governo para detê-los.

     


  • Calabar (Traidor, Vilão ou Idealista?)

    Calabar (Traidor, Vilão ou Idealista?)(€15.00)

    Flávio Guerra – Calabar (Traidor, Vilão ou Idealista?) – Editora ASA Pernambuco – Recife – 1986.Desc.(74)Pág.Br

     

     

     

    Domingos Fernandes Calabar (Porto Calvo, 1609 — Porto Calvo, 1635) foi um senhor de engenho nascido na então Capitania de Pernambuco, em área que corresponde ao atual estado de Alagoas. Aliou-se aos holandeses que invadiram o que hoje conhecemos como Nordeste do Brasil. Pouco se sabe desse personagem controverso da história brasileira. Calabar, natural da vila de Porto Calvo, nasceu em 1609, filho de Ângela Álvares com um português desconhecido. Apesar de a maioria dos cronistas o retratarem como um mulato filho de mãe negra com pai branco, há indícios de que sua mãe era, na verdade, “negra da terra”, ou seja, índia. Alguns historiadores o qualificam, então, de mameluco (mistura de índio e branco) e não mulato. Foi batizado na fé católica no dia 15 de março de 1610. Estudara com os jesuítas e, fazendo dinheiro com o contrabando, chegou a tornar-se senhor de terras e engenhos. Em 1580, Portugal passou para o domínio espanhol. A Holanda era, até então, aliada dos lusitanos mas, ao contrário, grande inimiga dos espanhóis. Estes, dada a intensidade do comércio lusitano com os holandeses, estabelecem uma trégua, a qual vigorou até 1621, quando retomam os embates. Com a fundação da Geoctroyerd Westindische Companie, a Companhia das Índias Ocidentais, na Holanda, os neerlandeses invadiram a Bahia. O Governador da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foi então nomeado Governador-Geral, enviando expressivos reforços para a guerrilha em Salvador; porém os holandeses só seriam dali expulsos no ano seguinte, 1625, com a chegada de uma poderosa armada luso-espanhola composta por navios procedentes de Portugal, da Espanha e de Pernambuco. Os neerlandeses continuaram atacando naus ibéricas e, de posse dos recursos obtidos no saque à frota da prata, armaram nova expedição, desta vez contra a mais rica de todas as possessões portuguesas, Pernambuco. Com uma extraordinária esquadra de 67 navios — a maior já vista na colônia —, iniciam o ataque a Olinda e Recife a 13 de fevereiro de 1630. A resistência, liderada por Matias de Albuquerque, concentrou-se no Arraial do Bom Jesus, nos arredores do Recife. Através de táticas indígenas de combate (campanha de guerrilhas), confinou o invasor às fortificações no perímetro urbano. As chamadas “companhias de emboscada” eram pequenos grupos de dez a quarenta homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa os neerlandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates. Para tais emboscadas muito contribuíra Domingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor do território, composto, no litoral, de baías, manguezais, rios e praias, aos quais os invasores neerlandeses estavam aparentemente acostumados, em virtude do caráter marinho de seu próprio país. No interior havia matas às quais este povo costeiro não se adaptara. Comerciante e contrabandista, Calabar vivia a percorrer aqueles caminhos, e com seu auxílio viram-se os neerlandeses forçados a abandonar Olinda, que incendeiam, concentrando-se no Recife.

     


  • Cadernos Vianenses

    Cadernos Vianenses (€20.00)

    Cadernos Vianenses (Notícia do Passado e do Presente da Região de Viana do Castelo) Tomo VI – Dr.Francisco Cyne de Castro – Bento Maciel Parente (Uma Anotação ao Portugal Antigo e Moderno) / Felipe Fernandes – Elogio dos Famosos Estucadores de Viana / Severino Costa – Alberto de Sousa Machado / Adelino Tito de Morais – Notas Históricas Sobre Ponte de Lima /  Afonso do Paço – Evocando Um Vianense Notável /  Maria Emília Sena de Vasconcelos – Pequena Nota Sobre o Advento do Automóvel em Viana / Maria Augusta Eça D’Alpuim – Transferência da Paróquia de Nossa Senhora de Monserrate /  Dr.António de Matos Reis – O Museu de Viana do Castelo /  Dr. José Crespo – Arte. Etnografia. História. memórias de Tempos Vividos pelourinhos. Cruzeiros. Forcas. / Dr. João Baptista Gonçalves da Silva – Arquétipos da Vivência Minhota (Análise psicológica dos Ditados Populares) / Matias de Barros – Ponte Lima – Vila Histórica, Vila Bela do Alto Minhoto /  Maria Vaz Pereira – O Batalhão de Caçadores 9 (Breve Resenha) /  Dr.jaime Cepa Machado – Documentação… Quinta e Torre da Silva – Valença / Francisco José Carneiro Fernandes – Capelas de Viana /  Tiago Augusto de Almeida – Cinco Médicos de Viana Que Foram Notáveis Fora de Viana / Amadeu Costa – Coisas da Nossa Ribeira – O Senhor dos Passos da Matriz – Lendas e Não Só… /  Dr. A. de Almeida Fernandes – toponímia Vianense  – Edição do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal – Viana do Castelo – !981.Desc.(348)Pág.Br.Ilust


  • O Mito das Estratégias de Sobrevivência “Um estudo Sobre o Trabalho Urbano e Sua Família”

    O Mito das Estratégias de Sobrevivência “Um estudo Sobre o Trabalho Urbano e Sua Família”(€12.00)

    Teresa Maria Frota Haguette – O Mito das Estratégias de Sobrevivência “Um estudo Sobre o Trabalho Urbano e Sua Família”- Edições UFC – Universidade Federal Ceará – Fortaleza – Ceará – 1982.Desc.(161)Pág.Br.


  • Conflito Social no Brasil (A Revolta dos “Mucker”) Rio Grande do Sul (1868-1898)-1898

    Conflito Social no Brasil (A Revolta dos “Mucker”) Rio Grande do Sul (1868-1898)

    Janaína Amado – Conflito Social no Brasil (A Revolta dos “Mucker”) Rio Grande do Sul (1868-1898) – Colecção Ensaio e Memória / Edições Símbolo – São Paulo – 1978.Desc.(303)Pág.Br

     

     

    A Revolta dos Muckers ou Campanha do Morro do Ferrabrás foi um conflito armado ocorrido entre 1873–1874, entre tropas militares e integrantes de uma comunidade religiosa liderada desde 1869 pelo casal Jacobina Mentz Maurer e João Jorge Maurer (também chamado na colônia de Hansjörg Maurer), em São Leopoldo, atualmente Sapiranga, no Rio Grande do Sul. O cenário da revolta foi a linha Ferrabraz, abrangendo as atuais localidades de Campo Bom, Lomba Grande e Novo Hamburgo. Os mucker eram colonos que ocupavam o Morro Ferrabrás, na colônia chamada Padre Eterno, Fazenda Leão ou Leonerhof, no centro do triângulo balizado por Novo Hamburgo, Taquara e Gramado, área povoada por agricultores imigrantes alemães, sem esquecer de Sapiranga. Esses colonos, sem assistência médica, religiosa ou educacional, entraram num processo de decadência social e empobrecimento. Nesse quadro de abandono, despontaram as lideranças de João Maurer, um curandeiro a quem os colonos confiavam sua saúde, e sua esposa Jacobina, que na falta de padres e pastores, passou a interpretar a Bíbliae assim a desfrutar grande credibilidade entre os colonos — credibilidade que aumentou em decorrência de seus ataques epilépticos, interpretados por seus seguidores como encontros com Deus. Também desempenhou um papel importante nos acontecimentos João Jorge Klein, pastor leigo e professor, cunhado de Jacobina Maurer. No episódio da revolta dos muckers, tropas do exército foram lançadas numa operação sangrenta, fruto da inabilidade das autoridades de São Leopoldo e da Província do Rio Grande do Sul. Os muckers eram uma pequena comunidade religiosa, de cerca de 150 pessoas, estabelecida ao pé do Morro Ferrabrás, no até então município de São Leopoldo. O número de simpatizantes, porém, teria chegado entre 700 e 1000 pessoas, numa colônia com cerca de 14 mil habitantes. A região era ocupada por imigrantes alemães, que haviam chegado ao Rio Grande do Sul a partir de 1824. Eram colonos originários da região de Hunsrück, no sudoeste da Alemanha, onde, na época, predominava uma grande miséria, em consequência das guerras napoleônicas. O termo mucker geralmente é traduzido como “santarrão”, ou “falso beato”, mas Dreher (2017) considera que a origem pode ser também o verbo alemão “mucken”, relacionado ao zumbido do enxame de abelhas, que poderia simbolizar as rezas do grupo, significando assim “rezadores”. O próprio grupo, porém, não se autodenominou de nenhuma forma. Nas documentações oficiais, a denominação mucker só aparece uma vez, sendo em geral chamados de Mauristas ou Maurersekte (Seita dos Maurer). A família de Jacobina já tinha um histórico de envolvimento em contendas religiosas na Alemanha. Os avós haviam emigrado para o Brasil, fugindo de perseguições religiosas. Ambos haviam deixado a igreja evangélica e a escola, estabelecendo uma comunidade religiosa independente com mais seis ou sete famílias, o que culminou na sua perseguição. Na Alemanha os membros dessa dissidência, que se manteve por vários anos, era conhecida como pietista. Em 1824, entre os primeiros imigrantes alemães que chegaram ao Brasil, estavam os avós de Jacobina. O grupo foi recebido pelo imperador Dom Pedro I e pela imperatriz Leopoldina. Em seu encontro com a imperatriz, Libório Mentz, o avô de Jacobina, confidenciou-lhe que viera para o Brasil fugindo da repressão religiosa na Alemanha. Em resposta, a imperatriz garantiu-lhe que, no Brasil, eles teriam garantida a liberdade de culto. Em 1866, após se casar com João Maurer, a fama de Jacobina começou a crescer. A comunidade se organizou em volta do casal de agricultores Jacobina Mentz Maurer e João Jorge Maurer. João Jorge era também carpinteiro e curandeiro, atividade auxiliada por Jacobina que reunia os pacientes em cultos domésticos onde eram feitas leituras e interpretações da Bíblia. Os seguidores dos Maurer seguiam regras rígidas, tais como: não fumar, não beber e não ir às festas. Além disso, eles começaram a tirar seus filhos das escolas comunitárias. Tudo isso gerou desconfiança e rejeição, por parte dos demais colonos, aos seguidores do casal. Passaram a ser acusados de separatismo por se afastarem da igreja e da comunidade, professando uma variação mais ortodoxa da fé cristã que lembrava o pietismo dos avós em vez do alinhamento aos pastores luteranos ordenados e os padres jesuítas. Para Dreher (2017), o movimento mucker é uma reação a uma nova igreja que está se formando com a chegada de pastores vindos de universidades influenciados pelas mudanças que a Europa vivia em contraposição ao cristianismo leigo que marcara as primeiras décadas da imigração alemã. As crianças até 13 anos de idade representavam 30% dos adeptos; os adultos entre 33 e 47 anos eram 26% e formavam a liderença do grupo. 70% dos muckers adultos eram casados e 9% eram idosos com mais de 58 anos. Todos os muckers eram de origem alemã, mas 64% já eram nascidos no Brasil e, destes, 94% eram descendentes de famílias antigas, que haviam chegado ao país antes de 1830. Entre os 36% nascidos na Alemanha, mais da metade deles chegou ao Brasilquando ainda eram crianças. A maioria dos muckers só falava alemão; 57,3% eram analfabetos e 23,5% semianalfabetos (incluindo a própria Jacobina). Apenas 42,5% dos muckers eram proprietários dos seus próprios lotes e a maioria trabalhava em terras de parentes ou de terceiros. Quanto à profissão, 69% dos homens adultos eram lavradores, 13% eram artesãos-lavradores e 11% eram artesãos. No que concerne à religião, 85% dos muckers eram protestantes, sendo que 55% da população de São Leopoldopertencia a essa religião. Os seguidores de Maurer, aliás, não consideravam ter optado por outra religião, nem Jacobina a fundadora de uma nova crença, mas afirmavam professar a religião evangélica. Em maio de 1873, alguns colonos queixaram-se à polícia sobre os Mucker, o que levou a abertura de um inquérito policial. João Jorge Maurer acabou preso por 45 dias, tendo de assinar um termo concordando em não realizar mais reuniões em sua casa. Jacobina, no mesmo período, foi internada na Santa Casa de Porto Alegre para exames. Nos depoimentos, o casal Maurer é considerado incapaz de comandar o grupo, levantando suspeitas sobre João Jorge Klein, cunhado de Jacobina, que seria o mentor. Em novembro do mesmo ano, 32 frequentadores da casa dos Maurer foram presos sem acusação formal, após um atentado contra o inspetor de quarteirão João Lehn, responsável por fiscalizar o cumprimento do termo de João Maurer, que acabou preso por violá-lo. Dois outros homens foram presos, suspeitos de realizar o atentado e um terceiro perdeu a guarda de um órfão. Este menino acabou sendo assassinado em abril de 1874, na casa de seu novo tutor. Os dois homens encapuzados que teriam praticado o crime não foram identificados, mesmo assim foram acusados o antigo tutor e um companheiro seu, que posteriormente foi preso e levado a julgamento. Em seguida, a casa de Martinho Kassel, um ex-seguidor do casal, foi incendiada, tendo seus filhos e sua mulher morrido no desastre. O crime foi ligado aos mucker. Nos dias 25 e 26 de junho, sete casas, galpões e vendas foram incendiados por seguidores de Maurer. Opositores à seita foram assassinados. Também seguidores tiveram suas casas saqueadas e queimadas. Ao escurecer de 28 de junho de 1874, o coronel Genuíno ordenou um ataque sobre a casa dos Maurer esperando obter sua prisão. Mas ele teve uma surpresa. Os muckers entrincheirados em troncos de árvores e depressões de terreno que conheciam muito bem, reagiram violentamente ao custo de 4 mortos e 30 feridos. Sendo noite, o coronel Genuíno ordenou um retraimento para 10 quilômetros à retaguarda, na atual Campo Bom. Decorrido 21 dias, em 19 de julho de 1874, o coronel Genuíno, com reforços recebidos, inclusive 150 colonos alemães voluntários, atacou novamente e incendiou o reduto dos muckers — a casa do casal Maurer. No ataque, morreram 12 homens e 8 mulheres muckers. Foram presos 6 homens e 36 mulheres. Cerca de 17 muckers se retiraram para outro reduto. Eles constituíam parte das lideranças mais expressivas. Para o coronel Genuíno, a vitória parecia ter sido completa. Ao amanhecer de 20 de julho de 1874, o acampamento das tropas governistas é atingindo por tiros de tocaia, disparados de mato próximo, seguindo-se cerrado tiroteio. O coronel Genuíno foi atingido com um tiro sobre a artéria da coxa, vindo a falecer, após esvair-se em sangue, sem socorro do médico, que se deslocara para São Leopoldo com os outros feridos. Após os combates do dia 21, as tropas militares refluem para Campo Bom. O tenente-coronel Augusto César assumiu o comando. Em 21 de julho de 1874, um novo ataque ao reduto dos muckers é repelido, com 5 mortos e 6 feridos do Exército. Quatro dias depois, no dia 25, a força civil composta de colonos de Sapiranga, Taquara, Dois Irmãos e outras localidades, tentaram, sem êxito, um ataque ao reduto Mucker. Foi aí que o capitão Francisco Clementino Santiago Dantas, que participara dos ataques iniciais ao lado do coronel Genuíno ofereceu-se ao Presidente da Província para comandar o ataque final. Em 2 de agosto de 1874, decorrido 35 dias do início das operações, o capitão Santiago Dantas atacou o último reduto dos Muckers, após uma delação de prisioneiros. No renhido combate, pereceram 17 deles,  dos quais 13 homem e 4 mulheres, entre elas Jacobina Maurer. João Maurer fugiu e nunca foi encontrado. Os Muckers presos antes e durante a luta, após processo em que foram condenados, apelaram e foram libertados em 1883. Os muckers sobreviventes, para fugir às perseguições dos habitantes do lugar, mudaram-se para a Terra dos Bastos, em Lajeado. Lá, no Natal de 1898, foram atacados e chacinados por colonos da Picada May, por acreditarem terem sido eles os assassinos da senhora Schroeder. Mas foi o marido que a matara para se casar com outra mulher. A verdade só veio à luz depois do linchamentodos muckers remanescentes, todos inocentes. Também na Fazenda Pirajá, em Nova Petrópolis, houve perseguição e violências contra colonos identificados com o movimento mucker. Participaram do combate aos muckers os mais tarde coronéis Carlos Teles, que será sitiado por 46 dias em Bagé, e João Cezar Sampaio, que o libertou em 8 de janeiro de 1894, à frente da Divisão do Sul. O último era genro do coronel Genuíno, morto no Ferrabraz. Ambos, Carlos Teles e Sampaio, destacar-se-iam por seus feitos na guerra de Canudos.