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  • Saudade de Lisboa

    Saudade de Lisboa «€50.00»

    Eça de Queiroz & Miguel Torga – Saudade de Lisboa – (Selecção de Textos e Prefácio de David Mourão-Ferreira & Desenhos de Bernardo Marques) – Estúdios Cor – Lisboa – 1967. Desc.[226] pág / 26 cm x 19 cm / E. Ilust (Exemplar Nº191)

     

    Bernardo Loureiro Marques (Silves (Portugal), 21 de novembro de 1898 — Lisboa, 28 de setembro de 1962) foi um pintor, ilustrador e artista gráfico português.

    Figura destacada da 2ª geração de pintores modernistas portugueses, Bernardo Marques participou no movimento renovador das artes em Portugal nas primeiras décadas do século XX. Foi autor de uma obra vasta e multifacetada, centrada sobretudo no desenho, artes gráficas e decoração. Bernardo Marques nasce em Silves, no Algarve, a 21 de novembro de 1898. Frequenta o liceu de Faro e, em 1918, começa os estudos na Faculdade de Letras de Lisboa (onde conhece Ofélia Marques, sua futura mulher) que abandona em 1921. Não frequenta o ensino artístico e, tal como outros pintores da sua geração, como Mário Eloy ou Carlos Botelho, será um artista essencialmente autodidata. Devido a uma alergia aos materiais da pintura a óleo, o trabalho de Bernardo Marques desenvolver-se-á no desenho. Em 1920 expõe coletivamente pela primeira vez, participando na III Exposição dos Humoristas Portugueses, ao lado de artistas como Almada Negreiros, Emmerico Nunes ou Cristiano Cruz. Em 1929 faz uma estadia na Alemanha e, no ano seguinte, participa no I Salão dos Independentes, SNBA. Em 1921 inicia atividade gráfica, que irá ocupá-lo de modo regular ao longo da vida, trabalhando em publicidade (anúncios, cartazes), colaborando em jornais, livros e revistas. Do seu intenso trabalho como ilustrador e artista gráfico podem destacar-se as colaborações em jornais como o Diário de Notícias (onde publica a crónica Os domingos de Lisboa, 1925-1929) ou em revistas como Civilização, Imagem, Kino, Presença, ABC, ABC a rir, Revista Portuguesa, Europa, Contemporânea, O Sempre Fixe, Notícias Ilustrado, Atlântico, Variante, Renovação (1925-1926) etc. Colabora no ETP – Estúdio Técnico de Publicidade de José Rocha. Em 1935 ilustra a obra Cantos de Lisboa. Faz ilustrações, capas e grafismo de obras literárias para editoras como Guimarães, Inquérito, Estúdios Cor, Livros do Brasil, Ática (cuja direção técnica e artística assume a partir de 1947), etc. Dirige graficamente as revistas Panorama (1941-49), Litoral (1944-1945) e Colóquio (a partir de 1959). A partir de 1948 Bernardo Marques terá oportunidade para se concentrar mais no desenho como atividade autónoma. Em 1931 trabalha na decoração do pavilhão de Portugal na Exposição Internacional e Colonial de Vincennes, Paris (com Fred Kradolfer, Carlos Botelho e José Rocha). A partir de 1937 integra, juntamente com Carlos Botelho, Fred Kradolfer, José Rocha, Tom, Emmerico Nunes e Paulo Ferreira, a equipa de decoradores do S.P.N. encarregues da realização dos pavilhões de Portugal nas seguintes exposições: Exposição Internacional de Artes e Técnicas, Paris, 1937; Feira Mundial de Nova Iorque, Nova Iorque, 1939; Exposição Internacional de São Francisco, Califórnia, 1939. Em 1940 integra a equipa de decoradores da Exposição do Mundo Português, Lisboa. Colabora como cenógrafo e figurinista em produções do Grupo de Bailados Portugueses Verde-Gaio (Ribatejo, 1940; O Homem do Cravo na Boca, 1941). A 4 de março de 1941, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada. Na década de 1950 participa em várias mostras coletivas, nomeadamente na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1957, onde lhe são atribuídos os prémios de desenho e de aguarela. Morre em Lisboa 28 de setembro de 1962. O seu trabalho é apresentado postumamente em várias exposições individuais, nomeadamente na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1966, 1982, 1989, 1999)

     


  • O Tempo e o Modo – Revista de Pensamento e Acção

    O Tempo e o Modo – Revista de Pensamento e Acção – (Do nº 1  ó nº45 ) «€250.00»

    O Tempo e o Modo – Revista de Pensamento e Acção – Direcctor – Alçada Baptista – (Janeiro de 1963/ Janeiro de 1967)

     

    O Tempo e o Modo foi uma revista portuguesa cuja primeira publicação data de Janeiro de 1963. Tratava-se de uma revista que marcou a sociedade portuguesa pela abertura de novos horizontes políticos, culturais, literários e artísticos. Como se podia ler na capa da revista, foi Uma revista de pensamento e acção. Teve como fundadores, uma geração de não conformistas provenientes de diversos movimentos católicos como o jornal Encontro e da Juventude Universitária Católica (JUC). Desses fundadores, podemos destacar António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno de Bragança, Alberto Vaz da Silva e Mário Murteira, sendo que, a estes se vieram juntar mais tarde, outros inconformados dispostos a intervir para alterar a sociedade/regime como por exemplo Mário Soares, Francisco Salgado Zenha, Francisco Lino Neto, Adérito Sedas Nunes, Jorge Sampaio, Manuel de Lucena, Manuel dos Santos Loureiro, Mário Sottomayor Cardia, Helena Vaz da Silva, Vasco Pulido Valente, João Cravinho, etc. A revista teve como primeiro director António Alçada Baptista e como chefe de redacção João Bénard da Costo


  • Índia, Macau, Timor e a Língua Portuguesa, Padrões Imorredoiros de Glória, a Proclamarem Altissonante ao Mundo e as Gerações a presença e Soberania de Portugal Longos Anos no Oriente e se Mais Mundo Houvera, Lá Chegada

    Índia, Macau, Timor e a Língua Portuguesa, Padrões Imorredoiros de Glória, a Proclamarem Altissonante ao Mundo e as Gerações a presença e Soberania de Portugal Longos Anos no Oriente e se Mais Mundo Houvera, Lá Chegada «€13.00»

    Manuel Maria Variz – Índia, Macau, Timor e a Língua Portuguesa, Padrões Imorredoiros de Glória, a Proclamarem Altissonante ao Mundo e as Gerações a presença e Soberania de Portugal Longos Anos no Oriente e se Mais Mundo Houvera, Lá Chegada – Tipografia Minerva Transmontana – Vila Real – 1978. Desc.[123] pág / 21 cm x 14,5 cm / E.Ilust


  • Florbela Espanca – Diário do Ultimo Ano / Sonetos

    Florbela Espanca – Diário do Ultimo Ano / Sonetos – Edição fac-Similada com Prefácio de Natália Correia) Livraria Bertrand – Lisboa – 1981. Desc.[68] + [207] pág + [6 Estampas] / 21 cm x 16 cm / Br. Ilust

     

     

    https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Espanca_Florbela.jpgFlorbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.  Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca (1866-1954), nasceu no dia 8 de dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai foi sobretudo um antiquário e um fotógrafo, tendo também ganho a vida com outras atividades, como a de projeção de filmes. De facto, foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal. O seu pai era casado com Mariana do Carmo Inglesa Toscano, que era estéril, sendo filho de José Maria Espanca (1830-1883) e Joana Fortunata Pires Espanca (1830-1917). Com a autorização da mulher, João Maria relacionou-se com a camponesa Antónia da Conceição Lobo, filha de pais incógnitos, criada de servir, mulher bela e vistosa. Assim nasceram Florbela e, três anos depois, Apeles, em 10 de março de 1897, ambos registados como filhos de Antónia e pai incógnito. João Maria Espanca criou-os na sua casa. Apesar de Mariana ter passado a ser madrinha de batismo dos dois, João Maria só reconheceu Florbela como a sua filha em cartório 18 anos após a morte desta. Entre 1899 e 1908, Florbela Espanca frequentou a escola primária em Vila Viçosa. Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição. As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 19031904: o poema “A Vida e a Morte”, o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai “No dia d’anos”, com a seguinte dedicatória: «Ofereço estes versos ao meu querido papá da minha alma». Em 1907, Espanca escreveu o seu primeiro conto: “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas 29 anos, vítima de nevrose. Espanca ingressou então no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso liceal. Durante os seus estudos no Liceu, Espanca requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. Quando ocorreu a revolução de 5 de Outubro de 1910, Espanca está há dois dias com a família na capital, no Francfort Hotel Rossio, mas não se conhecem comentários seus à sua vivência deste dia.


  • Poesia / Literatura – Africana-2

  • D. Frei Alexandre da Sagrada Família ( A Sua Espiritualidade e a Sua Poética)

    D. Frei Alexandre da Sagrada Família ( A Sua Espiritualidade e a Sua Poética) «€20.00»

    Ofélia M. Caldas Paiva Monteiro – D. Frei Alexandre da Sagrada Família ( A Sua Espiritualidade e a Sua Poética) – Acta Universitatis Conimbrigensis – Coimbra Editora / Universidade – Coimbra – 1974. Desc.[XIII] + [466] pág + [1] Fotogravura / 22 cm x 15,5 cm / Br.

     

     

    Alexandre da Sagrada Família (Vila da Horta, 22 de Maio de 1737 — Angra, 22 de abril de 1818), nascido Alexandre José da Silva Garrett (embora alguns biógrafos o denominem António Ferreira da Silva), foi o 25.º bispo da Diocese de Angra, tendo-a governado de 1816 até ao seu falecimento em 1818. Foi o primeiro bispo de Angra nascido nos Açores (no que apenas foi seguido, quase dois séculos depois por D. António de Sousa Braga). Poeta de mérito, foi tio paterno de Almeida Garrett, para cuja educação contribuiu, albergando-se em casa dos seus pais aquando da sua estadia na ilha Terceira. Alexandre José da Silva Garrett nasceu numa casa da Rua de Santa Ana da então vila da Horta, ilha do Faial, a 22 de Maio de 1737, filho primogénito do alferes José Ferreira da Silva, oriundo da paróquia de Santa Catarina do Monte Sinai de Lisboa, e de sua mulher Antónia Margarida Garrett, de Madrid, de ascendência paterna catalã e materna siciliana. Foi baptizado pelo ouvidor Domingos Pereira Cardoso, a 2 de Junho de 1737, na igreja matriz da Horta, tendo como padrinhos o Dr. Alexandre de Moura e sua mulher, D. Isabel Maria, fregueses daquela matriz. Pertencendo a uma família numerosa, era um dos dez filhos e filhas do casal. Alguns dos seus irmãos seguiram também a carreira eclesiástica, nomeadamente o Arcediago Manuel Inácio da Silva Garrett e o Cónego Inácio da Silva Garrett, ambos dignidades na Sé Catedral de Angra. Terá frequentado as aulas ministradas pelos franciscanos capuchos da estreita observância (não confundir com a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos) no Convento de Santo António da Horta, tendo como professor e orientador espiritual Frei Ivo da Cruz. Foi um estudante talentoso e diligente, tanto que os frades de Santo António declararam que estavam terminados os seus estudos “por não ter mais que ensinar”. O pai faleceu na Horta a 18 de Maio de 1753, quando Alexandre José tinha apenas 16 anos de idade. Destinado a uma carreira eclesiástica, em 1758, com 21 anos, recebeu a prima tonsura entre os franciscanos. Em 1759 já aparece como presbítero num processo em que foi testemunha na cidade da Horta. Fez parte da Maçonaria. Em 11 de Junho de 1761 ingressou como noviço no Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes de Setúbal (depois quartel e recentemente Estabelecimento Prisional de Brancanes, extinto em 2007). A 13 de Junho de 1762 professou naquele convento, adoptando então o nome religioso de frei Alexandre da Sagrada Família (por vezes grafado como frei Alexandre da Sacra Família). Aparentemente autodidata, Alexandre José da Silva revelou-se de um intelecto excepcional, sendo reconhecido pela sua excelência nos estudos de teologia, direito canónico e civil, geografia e matemática. Obtendo uma vasta erudição, a que aliava bons dotes de oratória e uma notável eloquência, tornou-se num afamado orador sacro. Apesar disso, adoptou as regras de pobreza dos franciscanos da estrita observância a que pertencia, tendo esmolado pelo Alentejo e em Lisboa, ao mesmo tempo que ia “pregando com fruto”. Os seus dotes intelectuais levaram a que fosse escolhido, em 1776, para solicitar ao Papa Pio VI, em Roma, a separação do Convento de Brancanes da obediência à Província Franciscana do Algarve, o que conseguiu, passando aquele convento, tal como os outros com funções de seminários autónomos, a depender directamente do Geral da Ordem. Celebrizou-se também como polemista, ficando memorável a controvérsia que manteve com frei Bartolomeu Brandão em torno de questões teológicos suscitadas pelo sermão pregado em Beja por frei Alexandre na festa de Corpus Christi de 1776. Para além do seu labor sacro, frei Alexandre da Sagrada Família também se revelou um notável humanista e poeta arcádico, escrevendo sob o pseudónimo de Sílvio, inserindo-se na corrente do pseudo-classicismo francês. Frequentou os serões literários da 4.ª marquesa de Alorna, D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, a famosa Alcipe, de que foi director espiritual, atribuindo-se à sua influência o não se ter feito religiosa, como chegara a persuadir-se durante os 18 anos que passou reclusa no Convento de Chelas em consequência do processo dos Távoras. Terá produzido nesta fase da sua vida abundante poesia, que permaneceu inédita na quase totalidade, desconhecendo-se o destino dos manuscritos que os seus biógrafos afirmam terem existido à data do seu falecimento. Tendo-se notabilizado pelos seus dotes oratórios e pela sua erudição, a 24 de Outubro de 1781 foi apresentado pela rainha D. Maria I para o cargo de bispo de Malaca e Timor. Foi confirmado por bula de 16 de Dezembro de 1782, sendo sagrado na igreja do Convento da Trindade, em Lisboa, a 24 de Novembro de 1783, em cerimónia presidida por D. António Caetano Maciel Calheiros, mais conhecido por arcebispo de Lacedemónia, e com a participação dos bispos de Macau, Dom Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães e de Goiases, Dom Vicente do Espirito Santo, O.A.D. Apesar de confirmado e sagrado bispo de Malaca, não chegou a partir para a sua diocese, tendo permanecido em Lisboa até ser nomeado como governador e administrador do bispado de São Paulo de Luanda, então com jurisdição sobre Angola e a região do Congo. Obtida confirmação papal por bula datada de 15 de Fevereiro de 1784, partiu para Luanda a 6 de Abril de 1784, onde assumiu o efectivo governo da diocese. Terá exercido uma notável acção reformadora e missionária em Angola, sendo-lhe atribuída a reconversão ao cristianismo do Rei do Congo e o processo que levou à sua aceitação da condição de súbdito do rei de Portugal e do consequente protectorado português sobre a região Quando se preparava para receber a transferência para o cargo de bispo titular da diocese de Luanda, um conflito com o capitão-general de Angola, José de Almeida e Vasconcelos, 1.º barão de Mossâmedes, fê-lo incorrer no desagrado do governo português, que, em consequência, se recusou a consentir na bula de confirmação do prelado. Ofendido, o bispo partiu secretamente para Lisboa, recolhendo-se ao Convento de Brancanes. Em reconhecimento da sua valia como poeta e como intelectual, em 1791 foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa. D. frei Alexandre da Sagrada Família estava em Brancanes quando em 1808 foi escolhido por Jean-Andoche Junot para integrar a delegação portuguesa que deveria ir a França saudar Napoleão Bonaparte como suserano de Portugal. Demonstrando coragem e patriotismo, recusou-se terminantemente, ripostando só reconhecer como legítimo soberano o príncipe-regente D. João e que de bom grado sacrificaria à pátria os dois ou três anos que lhe restavam de vida. No ano imediato, perante o alastrar da Guerra Peninsular, D. frei Alexandre resolve retirar-se para os Açores, fixando-se na cidade de Angra, na ilha Terceira, onde então vivia o seu irmão António Bernardo da Silva Garrett, o pai do futuro visconde de Almeida Garrett, e a respectiva família. Inicia um período de convívio com o seu sobrinho João Baptista, futuramente conhecido apenas como Almeida Garrett, com cujos dotes de inteligência se confessou maravilhado, contribuindo na orientação dos seus primeiros estudos, aparentemente orientando-o para a vida eclesiástica, chegando mesmo a solicitar um lugar na colegiada da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Angra.[3] D. frei Alexandre terá influído fortemente na sua formação intelectual, propiciando-lhe uma sólida formação literária, de gosto clássico, a par de não poucas ideias conservadoras, que viria a rejeitar pouco depois. Esta profícua relação levou a que Almeida Garrett sempre manifestasse pelo tio bispo uma profunda veneração e dele deixasse referências na sua obra poética. Aparentemente a pedido do seu irmão António Bernardo, que pretendia obter a nomeação do filho mais velho, também chamado Alexandre, no ofício de selador da alfândega do Porto, D. frei Alexandre partiu em 1811 para o Rio de Janeiro com o objectivo de solicitar ao príncipe-regente tal mercê. Encontrando-se assim na corte do Rio de Janeiro quando chegou a notícia do falecimento, ocorrido em Ponta Delgada, de D. José Pegado de Azevedo, o 24.º bispo de Angra. Ficando vacante a Sé de Angra, a 7 de Janeiro de 1812, o príncipe-regente resolveu apresentar D. frei Alexandre para o lugar, solicitando a necessária confirmação papal. Foi assim como bispo apresentado de Angra que em 1813 D. frei Alexandre regressou aos Açores, ficando na diocese a aguardar a confirmação. Não tendo chegado a confirmação, nesse mesmo ano volta ao Rio de Janeiro, de onde regressa no ano seguinte. Ao chegar a Angra, D. frei Alexandre encontrou o cabido em guerra aberta com o núncio apostólico, Lorenzo Caleppi, Arcebispo de Nisibi, por este pretender impor a nomeação de um vigário capitular. Sendo D. frei Alexandre um reputado canonista, e para mais bispo apresentado da diocese, foi-lhe solicitado parecer sobre a querela, ao que ele respondeu por carta datada de 24 de Julho de 1813, dizendo:

    Esta igreja, jure pleno pertence à Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo Grão Mestre tem nela legítima jurisdição ordinária – per alium exercenda – como falam os jesuítas. Todos os benefícios, todos os ofícios, todos os cargos dela, do Grão-mestre dimanam e não podem, sem expressa vontade e mandamento dele ser abolidos, alterados, substituídos por alguma autoridade estranha. E depois que os Sumos Pontífices confirmando este direito à Ordem, os incorporaram todos com ela na coroa destes reinos, nem os mesmos Sumos Pontífices, podem sem ofensa da autoridade e direitos da mesma coroa, ordenar e dispor contrariamente dos ofícios, benefícios e cargos desta Igreja. Como poderá o seu Núncio por um despótico acto, o que o mesmo Sumo Pontífice não poderia?.

    Estando a aguardar confirmação papal, a qual dependia da influência do mesmo núncio, esta pouco diplomática resposta não foi deixada sem retribuição: o núncio protelou o processo e moveu influências no Vaticano para que a confirmação fosse recusada. Não o conseguiu, mas entretanto passaram quatro longos anos de espera e incerteza, durante os quais a sé permaneceu vacante, apesar da presença física do bispo na ilha. Finalmente, a 12 de Julho de 1816 foram emitidas as ansiadas Letras Apostólicas de confirmação, mas ainda assim chegaram a Angra sem o costumado exequater régio, pois tinham sido enviadas directamente, sem passaram pelo Rio de Janeiro. Perante essa falta, o bispo manteve-se na situação de residencial enquanto o cabido assumia o poder temporal e espiritual, como se fosse efectivamente sede vacante. Só quatro meses depois, a 4 de Novembro de 1816, tomou posse efectiva do bispado por intermédio do cónego José Narciso de Mendonça, seu procurador. A 15 de Dezembro desse ano realizaram-se finalmente na igreja da Misericórdia de Angra as cerimónias solenes de entrada do novo bispo. Apesar de já ter 80 anos, à época, uma idade excepcional, ainda assumiu com vigor o governo da diocese, empenhando-se na vida religiosa e civil do arquipélago. Um dos primeiros actos foi dirigir uma exortação à classe clerical a favor da colecta de esmolas para a manutenção da presença católica na Terra Santa. Encontrando-se vago o lugar de capitão-general, coube-lhe, nos termos da ordenação em vigor, exercer interinamente cargo de governador interino da Capitania Geral dos Açores, até à chegada a Angra do capitão-general Francisco António de Araújo, a quem deu solenemente posse a 14 de Maio de 1817. D. frei Alexandre da Sagrada Família faleceu a 22 de Abril de 1818, com quase oitenta e um anos de idade, sendo sepultado no hoje arruinado convento de Santo António dos Capuchos de Angra, lugar onde o prelado se deslocava a pé, para orar perante Nossa Senhora do Livramento, que ali se venerava. Diz-se de D. Alexandre, que muito escreveu e bem pouco publicou, pois terá deixado em manuscrito a maioria das suas obras. Dele apenas se sabe ter sido impressa, anonimamente, em 1782, uma obra intitulada Devoção das Dores da Virgem Mãe de Deus, por um seu devoto, reeditada em 1817. Nas Obras Poéticas da marquesa de Alorna, está inserta um poema da sua autoria, intitulado Epístola a Alcipe e assinada com o pseudónimo de Sílvio. Almeida Garrett afirma que o tio traduzira em verso a tragédia Merope, de Scipione Maffei, mas desconhece-se se foi publicada, tendo desaparecido o manuscrito. Algumas das suas pastorais são conhecidas, nomeadamente a Pastoral do bispo de Angra, dirigida à reverenda vigararia do convento de S. João Evangelista de Ponta Delgada na ilha de S. Miguel (no Investigador Português, 1817) e Pastorais ao clero da diocese de Angola e Congo (no Jornal de Coimbra, 1820). António Ferreira de Serpa (1865–1939) insere a poesia Cântico de Moisés na sua obra D. Frei Alexandre da Sagrada Família. A cidade da Horta lembra D. frei Alexandre na toponímia de uma das sua praças, o Largo do Bispo D. Alexandre.


  • Boletim – Museu Etnográfico da Graciosa

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  • Aproximações e Eugénio de Andrade

    José da Cruz Santos (Coordenações) e (Direcção Gráfica) de Armando Alves – Aproximações e Eugénio de Andrade – (A.M.Pires Cabral) (Alberto Pimenta) (Ángel Crespo) ( António Lobo Antunes) (António Osório) (António Ramos Rosa) (António Salvado) ( Armando Silva Carvalho) (Bruno Tolentino) ( Carlos Vittorio Cattaneo) (Egito Gonçalves) (Fernando Pinto do Amaral) (Fiama Hasse Pais Brandão) (Gastão Cruz) (Inês Lourenço) (João Miguel Fernandes Jorge) (Joaquim Manuel Magalhães) (Jorge Sena) (Jorge Sousa Braga) (José Bento) (José Fernandes Fafe) (José Tolentino de Mendonça) (Luís Filipe Castro Mendes) (Manuel Alegre) (Manuel António Pina) (Mário Cláudio) (Nuno Júdice) (Pedro Homem de Mello) (Rosa Alice Branco) (Ruy Cinatti) (Teresa Balté) (Vasco Graça Moura) (Vergílio Alberto Vieira) (Wolfgang Bächler) – Asa Editores – Porto – 2001. Desc.[XCIV] pág + [35 estampas] / 30 cm x 25 cm / E. Tela Ilust

  • Lisboa Cidade que Navega

    Lisboa Cidade que Navega «€40.00»

    Javier Campano (Fotografia) – Lisboa Cidade que Navega ( Poesia de Fernando Pessoa, Ricardo Reis & Alberto Caeiro) – Editora – Isabel Pérez. Ediciones de Artes – Espanha – 1998. Desc.[134] pág / 26 cm x 25 cm / E. Ilust.

     

    Resultado de imagem para Javier CampanoJavier Campano – Nasceu em Madrid em 1950. Dedicou-se profissionalmente a Fotografia desde 1975, Realizando Trabalhos para Diferentes Gêneros de Imprensa e Editoras. É Autor de Vários Livros e as suas Fotografias Podem ser Apreciadas em Diferentes Salas e Museus do Mundo.