Serafim da Silva Neto – Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil «Biblioteca Cientifica Brasileira – Colecção de Filologia» – Instituto Nacional do Livro / Ministério da Educação e Cultura – Rio de Janeiro – 1963. Desc. 273 pág / 24 cm x 16,5 cm / Br.
Serafim da Silva Neto, filho de Serafim Pereira da Silva Filho e Carmen Bastos Silva, nasceu no Rio de Janeiro a 6 de Junho de 1917, fez os estudos secundários no Colégio Batista do Rio de Janeiro e bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais. Casou-se com Cremilda Carvalho Pereira da Silva, com quem teve três filhos: David, Carmen Lúcia e Ana Cristina. Foi catedrático do Liceu Nilo Pessanha (Niterói) e professor de Língua Portuguesa no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, fundador da (Pontifícia) Universidade Católica do Rio de Janeiro (onde ocupou a cadeira de Filologia Românica), catedrático de Filologia Românica na UFRJ (antiga Faculdade Nacional de Filosofia) e na Universidade de Lisboa, vindo a falecer a 23 de Setembro de 1967. Segundo Manuel de Paiva Boléo, na Revista Portuguesa de Filologia, vol. X, de 1960, “se a morte não o arrebatasse prematuramente (…), seria o animador e o orientador superior dos futuros atlas regionais do Brasil”. Um caso de precocidade filológica, aos dezanove anos escreveu as Fontes do Latim Vulgar, obra através da qual foi reconhecido por Jakob Jud como “uma autêntica vocação de investigador”.
Saúl Dias – Essência (Poesia) – (Com Desenhos de Júlio) – Prefácio de Guilherme de Castilho – Brasília Editora – Porto – 1973. Desc. 125 pág / 22 cm x 16 cm / Br. Ilust. «1.ª Edição»
Júlio Maria dos Reis Pereira, ou Júlio como artista plástico e Saúl Dias como poeta, (Vila do Conde, 1902 — 1983), foi um pintor, ilustrador e poeta português. Pertence à segunda geração de pintores modernistas portugueses e foi autor de uma obra multifacetada que se divide entre as artes plásticas e a escrita, tendo sido um dos mais importantes colaboradores da revista Presença. Júlio Maria dos Reis Pereira nasceu no no ano de 1902 em Vila do Conde. Júlio mostra uma precoce apetência pela cultura; ainda adolescente publica poemas num semanário da sua terra. Em 1919 matricula-se no curso de Engenharia da Faculdade de Ciências do Porto, que conclui em 1928; em simultâneo matricula-se na Escola de Belas-Artes, que frequenta durante apenas 2 anos. Ao longo da década de 1920 trabalha no grafismo e ilustração de obras do seu irmão, José Régio, bem como da Presença, de que é dos principais colaboradores. Terá ainda colaboração noutras revistas, tais como Sudoeste (1935) e Altura (1945). Em 1930 participa no I Salão dos Independentes, SNBA, Lisboa. Dois anos mais tarde publica, sob o pseudónimo de Saúl Dias, um livro de poesia intitulado “… mais e mais…”. Em 1935 realiza a sua primeira exposição individual (SNBA, Lisboa). A partir dessa data irá expor individualmente por diversas vezes, nomeadamente: Galeria UP, Lisboa,1938; Galeria Buchholz, Lisboa, 1944; Salão da Livraria Portugália, Porto, 1945; Galeria Pórtico, Lisboa, 1955; Galeria do Diário de Notícias, Lisboa, 1959 e 1964; etc. Em 1936 começa a trabalhar na Direção dos Edifícios e Monumentos Nacionais de Coimbra; no ano seguinte radica-se em Évora, cidade onde vive e trabalha durante mais de três décadas e meia até 1972, ano em que regressa a Vila do Conde. Em 1942, aproveitando as facilidades de deslocação proporcionadas pelo seu trabalho, começa a coleccionar Bonecos de Estremoz, constituindo ao longo dos anos uma vasta colecção de 375 peças, exposta no Museu Municipal de Estremoz desde 1975. Em 1953 participa na 2ª Bienal de São Paulo, Brasil. Em 1958 vence o primeiro prémio de desenho no IV Salão de Outono do Estoril. Em 1962 é publicada a Obra poética de Saúl Dias. Realiza exposições rretrospectivasno Museu de Évora (1964), na Cooperativa Árvore, Porto (1967), na Câmara Municipal de Vila do Conde (1979), e na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1980). Júlio Maria dos Reis Pereira morre na sua terra natal em 1983, com 81 anos. Em 2002 o Museu Municipal de Estremoz promove uma homenagem em sua honra, lembrando o seu papel na recuperação dos Bonecos de Estremoz; e em 2008 esse museu associa-se ao de Vila do Conde para celebrar o 25.º aniversário da data da sua morte. A sua obra plástica articula-se de perto com a revista Presença: “Júlio foi, realmente, a Presença – o seu lirismo, a sua imediatidade expressiva, o seu horror aos academismos ou às habilidades estilísticas, uma certa ingenuidade cultural, voluntária ou involuntariamente cultivada…”. Alheios à «febre da vida moderna» que havia regido os criadores do «Orfeu», “os presencistas distanciar-se-iam analogamente dos delírios oníricos da relação surrealista ou da intencionalidade político-subversiva dos neorrealistas”. Autor de um percurso muito pessoal, sem escola, Júlio “pôde descobrir sozinho o repto da sua poética”, tomando como referência Chagall e os expressionistas alemães, sobretudo Georg Grosz, “apropriando deles a sobreposição acumulada, […] a simplificação das formas, duras e angulosas, e a estridência das soluções cromáticas”. A sua pintura poderá relacionar-se com complexidade espacial de Chagall, Grosz ou Beckmann (veja-se, por exemplo, o dinamismo de Músicos e mulheres no espaço, 1925), mas a intensidade narrativa de todos eles sofre uma deslocação radical; o expressionismo de Júlio troca a exasperação dramática pela contemplação lírica, “o brutalismo erótico pela delicadeza sensual, o ardente subjectivismo pelo memorial intimista, o culto do primitivismo pelo apelo à simplicidade de infância” Júlio centra-se tematicamente num mundo de opostos, “confrontando os puros – a prostituta, o músico-poeta, os pobres –, aos burgueses pançudos e viciosos que os maculam e fazem sofrer, sem, no entanto, atingirem a sua pureza matricial”(veja-se por exemplo Burguês e prostituta, 1931). “As cenas de prostíbulo, com burgueses repelentes, macabros”, são complementadas por obras em que representa “cenas de um lirismo imaginado, docemente sonhadas, com poetas e meninas”. As suas figuras imaginadas, sem relação directa com referentes reais , associam-se à simplificação expressiva e à busca da essencial idade da linguagem, desdramatizando a crítica social e ampliando a dimensão poética do seu universo pictórico. Com as suas figuras contornadas a negro e utilizando uma matéria pictórica lisa, quase sem espessura, Júlio “acentua a irrealidade feérica das narrativas que, muitas vezes, adquirem um pendor narrativo brincado, reforçando a sua exterioridade em relação aos motivos, desenvolvidos plasticamente por uma espécie de lógica construtiva […] que esfria a pulsão expressionista em formalismo” (segundo Raquel Henriques da Silva, talvez resida nesta enfatização da dimensão formal a maior modernidade de Júlio, bem como a explicação para as suas breves experiências abstractas de 1932). No decurso da década de 1930 irá experimentar diferentes tendências, com uma série de desenhos surrealistas e pinturas abstractas que constituem um momento particular no interior da sua obra, evoluindo depois para o seu modo final, dominado pelo lirismo. “O desenho de Júlio é marcado pelo expressionismo até 1935; depois dessa data o artista opta por um lirismo bucólico, quase pastoral. […] A linha é suave, a cor, quando existe, depurada, clara. É um universo contaminado pela ingenuidade, numa tentativa nostálgica de reencontro do homem com a natureza”.
Tomás António Gonzaga – Poesias Cartas Chilenas «Obras Completas» -Edição Crítica de M. Rodrigues Lapa – Ministério da Educação e Cultura / Instituto Nacional do Livro – Rio de Janeiro – 1957. Desc. 323 pág / 24,5 cm x 16,5 cm / Br.
El-Bokhari – Selecção de Hadiths – Tradições Muçulmanas – Versão Portuguesa Resumida – Edição Popular – Província pelo Governo-Geral de Moçambique – 1972. Desc. 244 pág / 22 cm x 16 cm / Br. «Raro»
Conde Chioco – Taúlo «Capa e Ilustrações de José Padúa» – Edição de M. Salema & Carvalho, Lda – Beira – Moçambique – S/D. Desc. 124 pág / 20,5 cm x 16 cm / Br. Ilust
José Carlos Pádua Cidade da Beira,13 de Maio de 1934), é um artista plástico português. Viveu até 1977 na Cidade da Beira. Em 1966 foi eleito pelo jornal A Tribuna o Artista Plástico Moçambicano do Ano, pelo assinalável e multifacetado conjunto de obras que nesse mesmo ano realizou como pintor, decorador, ilustrador e gravador. Entre 1974 e 1978 trabalhou exclusivamente para a Galeria de Arte R. Renie, Harare, Zimbabué. A partir de 1977 passou a residir em Portugal, mantendo no entanto uma forte ligação com Moçambique, onde realizou exposições individuais de pintura em 1996 e 1998. Foi bolseiro da fundação Calouste Gulbenkian em 1979, 1980 e 1981, num curso de litografia e gravura em metal. Em 1980 e 1981 foi distinguido pela Câmara Municipal de Lisboa com o 2.º e 1.º Prémios, respectivamente, em exposições colectivas sobre temas de Lisboa. É autor de inúmeras ilustrações em jornais, revistas e livros e de trabalhos na área da escultura e da azulejaria, bem como de murais em cimento em Moçambique (Aeroportos de Maputo e da Beira, Banco Pinto & Sotto Mayor, Montepio de Moçambique, Banco de Crédito Comercial e Industrial, entre outros). e no Bank of Lisbon & South Africa em Joanesburgo. Está representado no Museu Nacional de Arte (Maputo), Museu de Pintura (Beira), no Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa) e em várias colecções particulares em Moçambique, Portugal, Espanha, Suécia, Brasil, Canadá, EUA, Reino Unido, Japão, Israel, África do Sul, Zimbábuè, Venezuela, etc. Fez a ilustração da capa do livro “Afrozambeziando Ninfas e Deusas” de Delmar Maia Gonçalves. Tem participação em inúmeras exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro. Foi homenageado no III Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora em 2010 e é Membro Honorário do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora desde 2011.
M. Rodrigues Lapa – Origens da Poesia Lírica em Portugal na Idade – Média – História da Língua e da Literatura Portuguesa – Edição de Autor / Deposito: Seara Nova – Lisboa – 1930. Desc. 355 pág / 22 cm x 15 cm / Br.
Manuel Rodrigues Lapa (Anadia, 22 de Abril de 1897 – 28 de Março de 1989) foi um filólogo português. “Homem inquieto, sensível e exigente”, foi professor catedrático da Universidade de Lisboa. Doutorou-se com a tese Das Origens da Poesia Lírica em Portugal na Idade Média (1930). Foi afastado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa “a única escola do mundo para onde se entrava a descer”, em 1935, por motivos políticos e tomadas de posição contra “as tristezas e vergonhas” da época Salazarista e contra os “profetas e salvadores que ela nos tentava impingir”. Uma vez afastado da Universidade, com mais 32 funcionários civis e militares, dentre os quais Norton de Matos, Abel Salazar, Aurélio Quintanilha, Carvalhão Duarte e Dias Pereira, dedicou-se ao jornalismo, tendo sido director de O Diabo, onde substituiu Ferreira de Castro, e à investigação literária. Opositor activo ao regime do Estado Novo, foi preso em 6 de Janeiro de 1949, “para averiguações” , quando decorria a campanha eleitoral para a Presidência da República, sendo libertado, sob caução de 20 mil escudos, conforme revela a ficha da PIDE. Em entrevista concedida ao Diário de Lisboa, em 5 de Janeiro pp. 1 e 7 (centrais) comentando a situação política portuguesa afirmava: “É chegada a oportunidade de acabar sem sobressalto com este estado de coisas, que nos envergonha como europeus – continuamos a ser os cafres da Europa, como nos alcunhavam no século XVII”, falava em “crimes em matéria de educação” e, referindo-se à censura, disse: “Sou escritor e orgulho-me de ter sido algum tempo jornalista (…) Desde esse momento compreendi a trágica situação de muitos jornalistas (…) Por isso é aproveitar esta liberdade que nos concedem de muito má vontade, encher os pulmões de ar fresco e dizê-las das boas e bonitas”. No dia seguinte, Marcelo Caetano responderia no mesmo jornal, contestando as afirmações do filólogo e defendendo a escola e a “mocidade portuguesa”. Entrou na luta política, apoiando Norton de Matos, “porque o dever dos intelectuais é, e sempre foi, nos grandes momentos de crise nacional, dar o corpo ao manifesto, servir às aspirações do Povo, comungar com ele no seu anseio de Liberdade e Justiça”. Em 1954, conjuntamente com Miguel Torga e Adolfo Casais Monteiro, “honrando a nossa cultura” e “representando a oposição portuguesa”, participou do Congresso Internacional de Escritores, na cidade de São Paulo. Em 1956 integrou a Comissão de Honra das Comemorações no Distrito de Aveiro do 65.° aniversário do 31 de Janeiro de 1891, ao lado de Rui Luís Comes,Ferreira de Castro, Barbosa de Magalhães, Álvaro Neves, Júlio Calisto, Costa e Melo, Mário Sacramento, Fernando Namora, Virgílio Ferreira, Ramos de Almeida,António Macedo e outros. Em 1957, exilou-se no Brasil, onde leccionou em várias universidades. “Comendo o pão que o diabo amassou”, realizou investigações sobre o Setecentos Político e Cultural de Minas Gerais. Desse notável esforço “que foi muito grande, por unir a docência à investigação”, resultou a atribuição da Medalha da Inconfidência Mineira, cujo patrono é Tira dentes, o herói da Independência do Brasil. Recebeu essa condecoração em 21 de Abril de 1974, na cidade de Ouro Preto. Em 1969 presidiu ao II Congresso Republicano de Aveiro, a convite de Mário Sacramento – “esse amigo querido, e por veneração à sua memória, aqui estou presente. Quero trabalhar convosco, estar em comunhão convosco, correr os riscos convosco”. Regressou a Portugal após o 25 de Abril, altura em que dirige a Seara Nova, “verdadeira Universidade de Democracia, prestigiosa tribuna de Sérgio, Cortesão e Proença”, para onde havia entrado “por mão do saudoso mestre e amigo, Luís da Câmara Reis”. Em 1985, foi agraciado por Mário Soares com a Grã-Cruz da Ordem do Infante.
Fernanda de Castro – Maria da Lua – Livraria Tavares Martins – Porto – 1945. Desc. 215 pág / 20 cm x 13 cm / Br. Ilust. «1.ª Edição» «Prémio Ricardo Malheiros – (1945) com o Romance “Maria da Lua”, foi a Primeira mulher a obter este prémio da Academia das Ciências»
Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro (Lisboa, 8 de Dezembro de 1900 – 19 de Dezembro de 1994), foi uma escritora portuguesa. Fernanda de Castro, filha de João Filipe das Dores de Quadros (oficial da marinha) e de Ana Laura Codina Telles de Castro da Silva, fez os seus estudos em Portimão, Figueira da Foz e Lisboa, tendo casado em 1922 com António Joaquim Tavares Ferro. Deste casamento nasceu António Gabriel de Quadros Ferro que se distinguiu como filósofo e ensaísta e Fernando Manuel Teles de Castro e Quadros Tavares Ferro. A sua neta, Rita Ferro também se distinguiu como escritora. Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, actualmente designada por Sociedade Portuguesa de Autores. O escritor David Mourão-Ferreira, durante as comemorações dos cinquenta anos de actividade literária de Fernanda de Castro disse: “Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”. Parte da vida de Fernanda de Castro, foi dedicada à infância, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, associação na qual teve o cargo de presidente. Como escritora, dedicou-se à tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romances, ficção e teatro. Foi autora do argumento do bailado Lenda das Amendoeiras (Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio, 1940) e do argumento do filme Rapsódia Portuguesa (1959), realizado por João Mendes, documentário que esteve em competição oficial no Festival de Cannes. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas: lllustração portugueza(iniciada em 1903), Contemporânea [1915]-1926), Ilustração (iniciada em 1926) e ainda na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal (1939-1947).
Comunidade – Texto: Luiz Pacheco – Encenação: José Carretas / Cenografia: João Brites / Música: Luis Pedro Faro / Interpretação: Cândido Ferreira – Execução Gráfica: Gamatipo – Lisboa – 1988. Desc. 16 pág + Capa de Origem + 1 Estampa / 30 cm x 21 cm / Br. Ilust (Folheto Original Muito Ilustrado)
Obs. Folheto com Participação de texto de João Brites, Luis Pedro Faro, Vera Marques Alves, Deolinda Teixeira, Maria João Alexandre, Ana Paula Gomes, Maria Augusta Júdice, José Silva Pereira, Bernardo Azevedo Gomes, Cristina Cordeiro,Margarida Dias Coelho, Luís Guerreiro, Rui Zink, Manuel Brito, Alberto Pimentel
Garcia de Resende – Cancioneiro Geral de Garcia de Resende – «Texto Estabelecido, Prefácio e Anotado por Álvaro J. da Costa Pimpão e Aida Fernanda Dias – Edição – Centro de Estudos Romanticismos (Instituto de Alta Cultura)» – Coimbra – 1973. Desc. 435 + VIII + 429 pág / 30 cm x 22 cm / Br.
Garcia de Resende (Évora, 1470 – Évora, 3 de Fevereiro de 1536) foi um poeta, cronista, músico, desenhista e arquitecto português. Sabe-se que em 1490 era moço de câmara de D. João II (1481-1495) e, no ano seguinte, seu moço de escrevaninha ou secretário particular, cargo que exercia ainda em Alvor, onde o soberano veio a falecer. Coube-lhe ser designado secretário-tesoureiro da faustosa embaixada liderada por Tristão da Cunha, enviada porD. Manuel I (1495-1521) ao Papa Leão X. Os últimos anos de vida passou-os em Évora, onde era proprietário. Como muitos homens do Renascimento, Garcia de Resende tinha muitas facetas: trovava, tangia, desenhava e julga-se que era entendido em arquitectura militar. Alguns historiadores consideram-no o iniciador do ciclo dos Castros, pois as suas trovas referentes à morte de Inês de Castro são o mais antigo documento poético conhecido versando sobre o assunto. Escreveu a Miscelânea em redondilhas, curiosa anotação de personagens e de acontecimentos, nacionais e europeus. Nessa obra atribui em versos a Gil Vicente a inovação da comédia de costumes em Portugal, quando o teatro da época se limitava a ser um misto de teatro litúrgico e teatro pastoril, conforme afirma Clovis Monteiro que transcreveu o seguinte trecho da citada obra e no qual é também citado Juan del Encina. Mas o que tornou Resende conhecido foi o Cancioneiro Geral, publicado em 1516, que reuniu as composições poéticas produzidas nas cortes de D. Afonso V(1438-81), D. João II e D. Manuel I, tendo-lhe redigido um prólogo dedicado ao príncipe D. João e composto as quarenta e oito trovas com que encerra a obra.
Hennio Morgan Birchal (Prof. do Colégio Militar e do colégio Estadual «Governador Milton Campos» em Belo Horizontes, Minas Gerais, Brasil – Esquemas de Lições Sobre «Os Lusíadas» – Comissão Executiva do IV Centenário da publicação de «Os Lusíadas» – Lisboa – 1972. Desc. 48 pág / 23,5 cm x 13,5 cm / Br.
Mário Sacramento – Fernando Pessoa Poeta da Hora Absurda – Editorial Inova – Limitada – Porto – 1970. Desc. 228 pág / 19,5 cm x 13,5 cm / Br. «2.ª Edição»
Luís de Camões – Lusíadas de Luis de Camões Comentadas Por Manuel de Faria e Sousa (Introdução de Jorge Sena) – Imprensa Nacional-Casa da Moeda – Lisboa – 1972. Desc. [56] + 551 + 651 + 527 + 670 + 139 pág / 30,5 cm x 22 cm / Br.
Manuel de Faria e Sousa (Pombeiro, 18 de Março de 1590 — Madrid, 3 de Junho de 1649) foi um fidalgo, humanista,escritor, poeta, critico, historiador, filólogo e moralista português. As suas obras foram quase todas escritas em língua castelhana, pátria que adoptou. Foi Comendador da Ordem de Cristo. Nascido na Quinta da Caravela numa família ilustre da velha aristocracia portuguesa, conforme as notas do Nobiliário do Conde D. Pedro, “os Farias teriam tido origem num Fernandes Pires de Faria, alcaide-mor de Miranda, em tempos de D. Afonso III, ou, mais seguramente, num seu filho, Nuno Gonçalves de Faria. A este veio a suceder na sua casa um filho segundo, Álvares Gonçalves de Faria, que casado com uma Maria de Sousa, foi pai de João Álvares de Faria, combatente de Aljubarrota, a quem de facto Fernão Lopes menciona. Casado este, teve pelo menos dois filhos, Álvaro de Faria(comendador de Avis) e Afonso Anes de Faria.” Este foi antepassado de Estácio de Faria, o qual “serviu nas armadas com o governador da Índia Diogo Lopes de Sequeira, teve ofício na fazenda do Brasil, foi douto em letras, ”gastou mais que juntou”, e teve vários filhos. De sua mulher Francisca Ribeira, dos Senhores do Couto do Pombeiro (Pombeiros de Ribavizela) teve Dona Luísa de Faria, sua mãe, casada com seu Pai, Amador Pires de Eiró, Senhor da Quinta da Caravela ”e mestre de seus filhos”, de Manuel de Faria e Sousa” Estudou nos seminários de Braga para seguir a carreira eclesiástica, mas acabou por recusar esse caminho, casando com D. Catarina Machado, “filha de Pedro Machado, contador da Chancelaria do Porto, e de Catarina Lopes de Herrera, que o genro declara sepultada na Sé daquela cidade, e teve entre outros filhos a Pedro de Faria e Sousa, capitão da infantaria espanhola,na Flandres, que em Madrid casou com Dona Luísa de Nárvaez”, da primeira nobreza espanhola, dos Condes de Rojas. Este seu filho após a morte do pai em Madrid, logo veio para Portugal onde “foi muito bem recebido por D. João IV, e viria a ser o preparador, para publicação, de grande parte da enorme massa de inéditos do eminente polígrafo. D. Manuel de Faria e Sousa, aos catorze anos entrou ao serviço dum amigo do seu pai, D. Gonçalo de Morais, Bispo do Porto, frequentando a escola episcopal, onde aprendeu História, Artes, Literatura, etc. Aí escreveu poesias que foram admiradas, e entrou em relação com altas figuras da época. Em 1618 morre seu padrinho, tem ele 27 anos, e tem que regressar a Pombeiro, para gerir a sua Casa, com sua mulher e dois filhos. Mas apenas um ano mais tarde encontra novo protector, e parte para Madrid com a função de secretário particular do conde de Muge, Pedro Álvares Pereira, secretário de estado de Filipe II de Portugal. Aprende rapidamente o castelhano, e passado três anos, publica poesia nesta última língua, que vem a ser sua língua de predileção. À morte do seu novo padrinho, D. Manuel já gozava de grande notoriedade. Veio a sêr então Secretário de Estado do Reino de Portugal, cargo que desempenhou em Lisboa, e depois Secretário da Embaixada de Portugal em Roma. Teve vasta descendência, (famílias Botelhos de Morais Sarmento – Conde de Armamar e Guarda-Mores do Sal de Setúbal, Vasconcelos e Sá, Cabrais – de Évora -, Condes da Ervideira, Picão Caldeira, etc.) estando a sua representação genealógica e chefia na família Botelho de Moraes Sarmento. Os seus restos mortais foram transladados para o Mosteiro de Pombeiro em 1660, onde repousam, sob uma laje, à direita do altar-mor.
Manuel Lopes de Almeida (Prefácio) & José V. de Pina Martins (Introdução, selecção e Notas Bibliográficas) – Catálogo da Exposição Bibliográfica Iconográfica e Medalhística de Camões “Os Lusíadas 1572/1972” – Imprensa nacional Casa da Moeda Lisboa – 1972. Desc. XXXIV + 565 pág / 30 cm x 21,5 cm / Br.
Hernâni Cidade (Prefácio) – Colecção Camoniana de José do Canto – Comissão Nacional do IV Centenário da Publicação de os Lusíadas / Edição Comemorativa de 1572/1972 – Imprensa Nacional Casa da Moeda – Lisboa – 1972. Desc. 357 pág / 31 cm x 22 cm / E. Ilust.
José do Canto (Ponta Delgada, 20 de Dezembro de 1820 — Ponta Delgada, 10 de Julho de 1898) foi um grande proprietário e intelectual açoriano, que se distinguiu como bibliófilo e como promotor da introdução de novas culturas e tecnologias agrícolas nos Açores. Era um amante da jardinagem e um botânico amador de nomeada, a ele se devendo a plantação do Jardim José do Canto, em Ponta Delgada, um parque de excepcional beleza e diversidade florística. Foi um apaixonado pela obra de Luís de Camões, reunindo uma colecção camoniana que inclui obras de grande raridade. José do Canto foi filho do rico morgado e político José Caetano Dias do Canto e Medeiros e de sua mulher Margarida Isabel Botelho, ambos ligados às mais importantes e ricas famílias das ilhas de São Miguel e Faial. Foi irmão do também bibliófilo Ernesto do Canto. O pai tinha uma cultura invulgar para o tempo, tendo decidido educar esmerada mente os filhos. José do Canto iniciou os seus estudos aos 5 anos de idade, tendo tido um conjunto de preceptores que lhe permitiram ultrapassar a inexistência de ensino público de qualidade na ilha. Demonstrando grande inteligência e aplicação, aprendeu precocemente o latim, completando os seus estudos com apenas 9 anos de idade e sendo capaz, aos 10 anos de ler as obras de Catão na língua original. O pai enviou-o para Paris em 1838, onde frequentou o Colégio de Fontenay-aux-Roses, então dirigido pelo egresso miguelista frei José da Sacra Família. Não se adaptou, regressando pouco depois aos Açores. Em 1840 matricula-se na Universidade de Coimbra como aluno da Faculdade de Matemática. Iniciado o curso, interrompe os estudos para regressar a Ponta Delgada onde a família lhe tinha arranjado casamento com a rica herdeira de vínculos nas ilhas de São Miguel e Faial D. Maria Guilhermina Taveira Brum da Silveira, que então tinha 15 anos de idade. Casa com apenas 22 anos de idade e dedica-se de imediato à administração das grandes propriedades pertencentes à esposa. Com grande determinação e uma visão iluminista da sociedade, decide-se introduzir grandes mudanças na forma como a propriedade era gerida e nas técnicas agrárias utilizadas. Contrata técnicos no estrangeiro, assina as revistas internacionais de agricultura e inicia um percurso de tentativa de reforma da agricultura micaelense. Para mobilizar esforços em torno do seu projecto, promove a fundação da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, ensaiando sob a sua égide novas culturas e plantas. Contribui para a publicação do periódico Agricultor Micaelense, órgão da Sociedade Promotora, provavelmente a primeira publicação agrícola lusófona. Entre as culturas que ensaiou estão o ananás,1 o chá. Nas suas propriedades dos arredores de Ponta Delgada e das Furnas ensaia a aclimatação de múltiplas plantas, entre as quais a camélia e a criptoméria, hoje muito expandidas no arquipélago. Nunca se interessou pela política. Quando o convidaram para ser deputado, recusou, publicando um manifesto com as razões do seu acto. Contudo teve um papel decisivo na obtenção junto do governo português do diploma que autorizou a construção da doca de Ponta Delgada. Ainda assim aceitou presidir à Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada no ano de 1878. José do Canto teve uma acção benemerente assinalável, financiando diversas instituições de solidariedade social, entre as quais um asilo na Ribeira Grande. Interessado pela jardinagem e pela botânica, José do Canto concebeu a construção de um grande jardim, ao estilo inglês, a instalar numa leira de terras pertencente à sua esposa sita, então, nos arredores norte de Ponta Delgada, nas imediações da antiga ermida de Santana. O jardim, hoje conhecido por Jardim José do Canto, construído a partir de 1845 com projecto do arquitecto londrino David Mocatta, tem marcada influência inglesa do período vitoriano, com grande variedade botânica e notável beleza paisagística. Com cerca de 6 hectares e mais de 6 000 espécies de árvores e arbustos, o Jardim José do Canto é o exemplar mais representativo dos jardins botânicos criados por diversas famílias açorianas a partir do final do século XVIII. Contíguo ao jardim do Palácio de Santana, residência oficial do presidente do Governo dos Açores, o jardim contém no seu interior e periferia diversas construções de interesse, nomeadamente o monumento a José do Canto, o solar (século XVIII), uma antiga estufa de traça vitoriana adaptada a pavilhão, e a ermida de Santana (século XVII). O conjunto do jardim, palácio e estufa foi classificado como Imóvel de Interesse Público,4 funcionado actualmente como uma unidade de turismo de habitação. Também se deve a José do Canto a construção, nas margens da Lagoa das Furnas, da Capela de Nossa Senhora das Vitórias um belíssimo edifício neo-gótico classificado como Imóvel de Interesse Público.5 Nas proximidades existe outro parque botânico, também construído por José do Canto como local de aclimatação para as plantas que importava. José do Canto foi também um apaixonado bibliófilo e camonista coleccionando uma biblioteca pessoal com cerca de 18 mil títulos, editados do século XV ao século XIX, que, entre outras preciosidades, incluía um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas. A colecção, resultante das múltiplas compras que José do Canto fez nos Açores e a vários alfarrabistas em Portugal, França e Inglaterra, constitui, desde Maio de 1942, um dos fundos integrados na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. A colecção camoniana de José do Canto é considerada como a segunda melhor existente, reunindo todas as edições de Os Lusíadas saídas a público em português até 1898, ano da morte de José do Canto, o que corresponde a cerca de 110 edições, publicadas entre 1572 e 1892. Estão ainda incluídas 105 edições em várias línguas, incluindo húngaro, alemão, inglês, francês, italiano, espanhol, russo e japonês. A colecção contém quase todas as primeiras edições de autores portugueses contemporâneos de José do Canto, como Alexandre Herculano, Antero de Quental,Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, e ainda primeiras edições das obras de Charles Darwin, Alexandre Dumas (pai) e Alexandre Dumas (filho). Foi sócio da Academia das Ciências de Lisboa, eleito a 9 de Julho de 1897, e de múltiplas outras agremiações científicas e culturais. Tentou educar os filhos na França e Alemanha, mas não foi bem sucedido. Ambos sofreram perturbações mentais e faleceram precocemente. Faleceu desgostoso com a vida, sendo sepultado na Capela de Nossa Senhora das Vitórias, que construíra especificamente para servir de mausoléu da família nas margens idílicas da Lagoa das Furnas.
Léon Thoorens – Panorama da Literatura – Alexandria – Roma – Idade Média Europeia «Tradução de António da Câmara Oliveira» – Livraria Bertrand – Lisboa – 1966. Desc. 290 pág / 21 cm x 14 cm / Br. Ilust.