• Category Archives História de Portugal
  • Liberdade Para Portugal

    Liberdade Para Portugal
    Liberdade Para Portugal «€20.00»

    Victor Cunha Rego e Friedhelm Merz – Liberdade Para Portugal – Livraria Bertrand – Lisboa -. 1976. Desc.300 Pagi + 8 Estampas Fotográficas / 21,5 cm x 16 cm / Encadernação de Origem

    Obs: Colaboração de Mário Soares, Willy Brandt, Bruno Kreisky


  • Caminhos Para Uma Revolução«Sobre o Fascismo em Portugal e a Sua Queda»

    Caminhos Para Uma Revolução«Sobre o Fascismo em Portugal e a Sua Queda»
    Caminhos Para Uma Revolução«Sobre o Fascismo em Portugal e a Sua Queda» «€20.00»

    Jacinto Baptista – Caminhos Para Uma Revolução«Sobre o Fascismo em Portugal e a Sua Queda» – Livraria Bertrand – Lisboa – 1975. Desc. 334 + 4 Estampas Fotográficas no Convento do Carmo / 21,5 cm x 16 cm / E- de Origem «1 Edição»


  • O Grande Dia (6 de Junho de 1944)-1944

    O Grande Dia (6 de Junho de 1944)
    O Grande Dia (6 de Junho de 1944) «€15.00»

    Gilles Perrault – O Grande Dia (6 de Junho de 1944) – Livraria Bertrand  – Lisboa – 1975. Desc. 387 Pagi / 21,5 cm x 16 cm / E.

     

    Gilles Perrault ( 09 de Março de 1931, Paris ) é um esquerdista francês escritor e jornalista . Ele participou do Collège Stanislas de Paris e estudou no Institut d’Etudes Politiques , tornando-se um advogado, uma profissão, ele trabalhou em cinco anos. Depois do sucesso de seu ensaio ‘Les parachutistes’ (1961), inspirado por seu serviço militar na Argélia , tornou-se jornalista e escreveu artigos sobre Nehru s ‘ da Índia , o Verão de 1964 Jogos Olímpicos em Tóquio e os problemas de afro-americanos no Brasil Estados . Ele, então, investigado menos conhecidos aspectos da Segunda Guerra Mundial . Le Secret du jour J (1964) ( Segredos da D-Day , 1974) ganhou um prêmio da acção do Comité de Resistência la e foi um bestseller internacional. L’Orchestre Rouge (1967) foi ainda mais bem sucedida. Em 1969, Perrault publicou um romance de espionagem, Le dossier 51 . Em 1990, Perrault publicou Notre ami le roi ( Nosso Amigo do Rei , 1993) sobre o regime e as violações de direitos humanos de Hassan II , na altura o rei de Marrocos , que até então tinha sido relatado positivamente por causa de suas estreitas relações com o mundo ocidental . Livro de Perrault Le Garçon aux yeux gris (2001) foi adaptado por André Téchiné para o filme Les Egares .


  • Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil e do que Obraram Seus Filhos Nesta Parte do Novo Mundo

    Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil e do que Obraram Seus Filhos Nesta Parte do Novo Mundo
    Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil e do que Obraram Seus Filhos Nesta Parte do Novo Mundo «€250.00»

    Simões de Vasconcellos – Chronicas da Companhia de Jesus do Estado do Brasil e do que Obraram Seus Filhos Nesta Parte do Novo Mundo – Tomo – I – II – Editora A.J. Fernandes Lopes – Lisboa – 1865. Desc.200 + 339 / 22 cm x 16 cm / Encadernação da Época de Origem


  • Algumas Prováveis Inovações de Origem Portuguesa das Técnicas e Tácticas Navais Durante a Expansão Marítima

    Algumas Prováveis Inovações de Origem Portuguesa das Técnicas e Tácticas Navais Durante a Expansão Marítima
    Algumas Prováveis Inovações de Origem Portuguesa das Técnicas e Tácticas Navais Durante a Expansão Marítima «€20.00»

    Fernando Gomes Pedrosa – Algumas Prováveis Inovações de Origem Portuguesa das Técnicas e Tácticas Navais Durante a Expansão Marítima – Câmara de Cascais – Cascais – 2002. Desc.110 Pagi / 24cm x 17cm com Encadernação de Origem


  • Segvnda Parte da MONARCHIA LVSYTANA

    MONARCHIA LVSYTANA - Segvnda Parte
    MONARCHIA LVSYTANA – Segvnda Parte «€450.00»

    Frey Bernardo de Brito – Segunda Parte da MONARCHIA LVSYTANA em que se Continuão as Historias de Portugal desde o Nascimento de Nosso salvador Jesus Christo, Até Ser dado em Dote ao Conde Dom Henrique…Dirigida ao Muito Alto, e Muito Poderoso Rey, e Nosso Senhor D.Pedro II / na Impressão Craesbeeckiana / Lisboa / 1690 . Desc.558 + Índice /28,5cm x20cm Com Encadernação de Inteira de Pele «1 Edição»


  • Memórias de Vila Viçosa«Ensaio da História Desta Vila Transtagana, Corte da Sereníssima Casa e Estado Mais de Bragança Desde os Tempos Mais Remotos Até ao Presente, Segundo o Que Pôde Coligir o Seu Autor»

    Memórias de Vila Viçosa«Ensaio da História Desta Vila Transtagana, Corte da Sereníssima Casa e Estado Mais de Bragança Desde os Tempos Mais Remotos Até ao Presente, Segundo o Que Pôde Coligir o Seu Autor»
    Memórias de Vila Viçosa«Ensaio da História Desta Vila Transtagana, Corte da Sereníssima Casa e Estado Mais de Bragança Desde os Tempos Mais Remotos Até ao Presente, Segundo o Que Pôde Coligir o Seu Autor» «€150.00»

    Padre Joaquim José da Rocha Espanca – Memórias de Vila Viçosa«Ensaio da História Desta Vila Transtagana, Corte da Sereníssima Casa e Estado Mais de Bragança Desde os Tempos Mais Remotos Até ao Presente, Segundo o Que Pôde Coligir o Seu Autor» (Colecção Completa em 36 Cadernos)- Câmara de Vila Viçosa – Vila Viçosa – 1983 /1989. Desc.79 + 109 + 100 + 117 + 109 + 112 + 152 + 112 + 99 + 112 + 103 + 95 + 103 + 106 + 112 + 104 + 95 + 115 + 115 + 87 + 76 + 116 + 96 + 96 + 112 + 95 + 97 + 120 + 109 + 108 + 106 + 113 + 128 + 152 + 147 + 138. Pagi / 21 cm x 15 cm / Br. Ilust


  • Mensário da «Casa do Povo»

    Mensário da «Casa do Povo»
    Mensário da «Casa do Povo» «€50.00» Cada Anuidade

    Mensário da «Casa do Povo» Ano VI – Nº65 de Novembro ao Nº78 de Dezembro de 1952 (Ano Completo) / Mensário da «Casa do Povo» Ano VII – Nº79 de Janeiro ao Nº90 de Dezembro de 1953 (Ano Completo) / Mensário da «Casa do Povo» Ano VIII – Nº91 de Janeiro ao Nº102 de Dezembro de 1954 (Ano Completo) / Mensário da «Casa do Povo» Ano IX – Nº103 de Janeiro ao Nº114 de Dezembro de 1955 (Ano Completo) / Mensário da «Casa do Povo» Ano X – Nº115 de Janeiro ao Nº126 de Dezembro de 1956 (Ano Completo)

    Obs: Anuidades completas encadernadas os mensais da Casa do Povo /31,5cm x23cm em 5 Volumes Completos Propriedade da Junta Central das Casa do Povo sobre o Director de Fernando Cid Proença e orientação Artística de M.Couto Viana – Composição e Impressão nas Oficinas Gráficas da Rádio Renascença –  Lisboa

     A casa do povo era o elemento primário da organização corporativa do trabalho rural, durante o regime corporativista do Estado Novo, em Portugal. Hoje em dia, as casas do povo são, essencialmente, associações locais com fins sociais e culturais. As casas do povo foram criadas pelo Decreto-Lei n.º 23 051 de 23 de setembro de 1933. Cada casa do povo era um organismo de cooperação social, dotado de personalidade jurídica, destinando-se a colaborar no desenvolvimento económico-social e cultural das comunidades locais, bem como a assegurar a representação profissional e a defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores agrícolas. As casas do povo assumiram, também, a função de realizar a previdência social de todos os residentes na sua área de actuação. Paralelamente às casas do povo, foram criadas as casas dos pescadores com fins semelhantes, em povoações com elevada actividade marítima. A área de actuação territorial, de cada casa do povo seria, normalmente, correspondente a uma o mais freguesias, dentro de um concelho. As casas do povo agrupar-se-iam em federações regionais e estas, na Corporação da Lavoura. O Estado apoiava as casas do povo e velava pelo prosseguimento dos seus fins, através da Junta Central das Casas do Povo. A partir de 1982 e de acordo com a Lei nº. 4/82 de 11 de Janeiro, as casas do povo passaram a ter o estatuto jurídico de pessoas colectivas de utilidade pública, de base associativa, tendo como finalidade o desenvolvimento de actividades de carácter social e cultural e a cooperação com o Estado e com as autarquias locais, com vista à resolução de problemas que afectem a população local.


  • História de Portugal(Edição Popular Ilustrada)

    História de Portugal(Edição Popular Ilustrada)
    História de Portugal(Edição Popular Ilustrada) «€220.00»

    M. Pinheiro Chagas – História de Portugal(Edição Popular Ilustrada)  12 Volumes – Escriptorio da Empreza – Lisboa – S/D. Desc.  Pagi .582 + 60 Estampas + Pagi. 596 + 44 Estampas + Pagi. 558 + 28 Estampas + Pagi. 608 + 62 Estampas + Pagi .550 + 38 Estampas + Pagi. 546 + 45 Estampas + Pagi. 577 + 42 Estampas + Pagi. 580 + 55 Estampas + Pagi. 584 + 49 Estampas + Pagi. 532 + 32 Estampas + Pagi. 558 + 31 Estampas + Pagi. 644 + 54 Estampas / 17 cm x 12 cm com Encadernação meia/Francesa de Pele.

     

     Manuel Joaquim Pinheiro Chagas nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1842, filho de Joaquim Pinheiro das Chagas, major do Exército, veterano das guerras liberais e secretário particular do rei D. Pedro V, e de sua mulher Gertrudes Justiniana Gomes Ramos. Destinado a seguir a carreira militar, frequentou o Colégio Militar, a Escola do Exército e a Escola Politécnica de Lisboa. No seu percurso militar, que interrompeu em 1866, alcançou o posto de capitão. Retomaria a carreira militar em 1883, ao ser chamado para integrar o ministério. Foi aluno brilhante, começando desde cedo a demonstrar grande interesse pela escrita. A sua primeira obra publicada foi Anjo do Lar (1863), uma colectânea de poemas, a que se seguiu Poema da Mocidade (1865), outra colectânea poética, agora prefaciado por António Feliciano de Castilho. Foi o prefácio de Castilho àquela obra de poesia juvenil, apropriadamente intitulada Poema da Mocidade, que levou à eclosão da Questão Coimbrã, polémica onde o grupo de Pinheiro Chagas, Júlio de Castilho, Brito Aranha, Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão enfrentou Teófilo Braga e Antero de Quental, num fenómeno literário das tensões entre conservadorismo e reformismo que atravessavam a sociedade portuguesa de então. A partir daí passa a colaborar intensamente na imprensa e a manter uma actividade literária a que cedo associou uma não menos intensa actividade política. Passou a publicar textos de ficção, sendo um dos introdutores do romance de aventuras em Portugal. Também se interessou pela História, tendo produzido trabalhos, que embora operoso, não seguem as preocupações de rigor e de erudição dos mais conceituados historiadores da época. Apesar das suas obras oscilarem entre um estilo rigoroso e uma atmosfera de afectação, a popularidade de Pinheiro Chagas foi grande, sendo durante muito tempo considerado como um dos mais populares escritores portugueses. A prová-lo esta que o plebiscito literário realizado em 1884 pelo jornal O Imparcial de Coimbra, que tendo feita uma sondagem sobre quem seriam os três escritores portugueses mais notáveis nessa época, obteve dos seus leitores a seguinte classificação: 1.º Camilo Castelo Branco; 2.º Manuel Pinheiro Chagas; e 3.º José Maria Latino Coelho. O seu zoilo Eça de Queiroz, que, fazendo referência ao seu passado como militar, o podava de brigadeiro Chagas, aparecia apenas no 4.º lugar, seguido de Ramalho Ortigão,Teófilo Braga, Oliveira Martins e Guerra Junqueiro, numa ordenação que pouco diz sobre a popularidade futura dos escritores. Apesar dessa opinião dos leitores e das suas obras terem gozado de êxito imediato e grande divulgação, tal não se repercutiu após a morte do autor, sendo este praticamente esquecido. Para isso muito contribuíram as polémicas que manteve com Eça de Queirós, que o fizeram pouco querido da geração de intelectuais que se lhe seguiu. Hoje algumas das suas obras têm vindo a ser reeditadas, com razoável êxito. A peça A Morgadinha de Valflor (1869) teve assinalável êxito e manteve-se popular, sendo encenada, particularmente por grupos amadores, durante todo o último século. Foi ainda tradutor de obras de Jules Verne e de Daniel Defoe, contribuindo em muito para a introdução e popularidade do romance de aventuras em Portugal. Numa nomeação controversa, foi feito professor de Literatura Clássica do Curso Superior de Letras, conjugando também nessa função a sua actividade literária com os seus ideais políticos. Entrou em choque com muitos dos principais protagonistas da vida literária portuguesa de então, do que resultaram inúmeras polémicas, das quais a mais azeda e prolongada, durando mais de 20 anos, foi mantida com Eça de Queirós. A sua produção literária, em especial na área da História, levou a que em 16 de Janeiro de 1866 fosse eleito sócio efectivo, e depois secretário-geral, da Academia das Ciências de Lisboa. Contudo, foi na actividade jornalística que Pinheiro Chagas mais se destacou, demonstrando uma capacidade de trabalho e combatividade inesgotável. Tendo-se iniciado no jornal A Revolução de Setembro, na altura dirigido por António Rodrigues Sampaio, cedo assumiu um estilo que privilegiava a visão crítica da sociedade e da governação, mesclando o jornalismo noticioso com a intervenção política. A partir dessa iniciação, Pinheiro Chagas colaborou em diversos periódicos, nos quais sustentou acesas polémicas, fez comentário político, animou secções de folhetim e fez crítica artística, em especial literária, teatral e das artes plásticas. Foi a partir desta presença na imprensa que Pinheiro Chagas construiu a sua carreira política, a qual ganhou ímpeto em 1871, aos 29 anos de idade, quando passou a colaborar no jornal A Discussão, órgão oficioso do recém-fundado Partido Constituinte liderado por José Dias Ferreira. Nesse mesmo ano, nas eleições gerais de 9 de Julho, é eleito deputado para a 20.ª Legislatura da Monarquia Constitucional, pelo círculo uninominal da Covilhã, por onde se candidatara com o apoio de Manuel Vaz Preto Geraldes, um importante cacique de Castelo Branco. Foi reeleito, pelo mesmo círculo, nas eleições gerais de 12 de Julho de 1874 (21.ª Legislatura). Para além das suas funções como deputado, a partir de 1875 passa a exercer as funções de director político de A Discussão, cujo título seria alterado em Janeiro de 1876 para Diário da Manhã, com Pinheiro Chagas como seu director. Nas eleições gerais de 13 de Outubro de 1878 foi novamente eleito pela Covilhã, para uma legislatura que terminaria em 19 de Junho de 1879 com a dissolução prematura das Cortes. Na eleição seguinte, realizada a 19 de Outubro de 1879, perde o lugar para o candidato do Partido Progressista, mas numa eleição suplementar, realizada no ano seguinte no círculo de Arganil, volta a ser eleito, regressando assim ao parlamento em meados de 1880. Na eleição geral de 21 de Agosto de 1881 foi reeleito pelo círculo de Arganil. Como deputado revelou-se participativo e de grande combatividade, tratando uma grande profusão de temas, sem contudo se notar uma linha condutora da sua acção política, apenas sendo clara a sua postura conservadora e pró-colonial, defendendo a consolidação da presença portuguesa em África e a necessidade de dotar o país dos meios necessários à defesa do império ultramarino face ao crescente apetite das potências europeias por territórios que nominalmente eram considerados como sob controlo português. Quando a Comuna de Paris foi formada em 1871, a imprensa portuguesa foi extremamente crítica. Entre os jornalistas mais contundentes estava Pinheiro Chagas, que escreveu um artigo de opinião, em que ironizava que se fosse em Portugal nem valia a pena julgarem a líder communard Louise Michel, pois que para pôr aquela mulher na ordem, bastava levantarem-lhe as saias e darem-lhe um bom par de açoites, numa apologia implícita do uso da violência doméstica contra os males da emancipação das mulheres. O Revolução Social, um dos primeiros jornais portugueses ligados à Associação Internacional dos Trabalhadores, o primeiro movimento internacionalista que aliou comunistas, socialistas e anarquistas, publicou então uma resposta, da autoria do jornalista e professor primário Manuel Joaquim Pinto, em que criticava duramente a deficiência dos argumentos e a baixeza das razões de Pinheiro Chagas. Manuel Joaquim Pinto dava aulas numa escola de ensino livre que funcionava em Alcântara, então um bairro operário de Lisboa. Era uma escola gratuita destinada sobretudo a proporcionar o acesso à educação aos filhos dos operários das fábricas que durante o século XIX se tinham fixado nas imediações daquele local. O Pinheiro Chagas, ofendido pelo artigo, escreveu uma carta a Manuel Joaquim Pinto pedindo explicações. Quem não se ficou pelos ajustes foi o professor Anarco-comunista, que se dirigiu ao parlamento e lá, encontrando Pinheiro Chagas, resolveu aplicar a sugestão feita a propósito de Louise Michel: deu umas valentes bengaladas no deputado, para grande escândalo da imprensa e das Cortes. Por esse atentado, Manuel Joaquim Pinto, foi julgado e condenado a dezoito meses de prisão e ao pagamento de uma multa. Por esta altura os seus dotes de oratória, demonstrados no parlamento e nas cerimónias públicas onde era um dos oradores mais convidados, aliados à sua activa participação na imprensa, tinham feito de Pinheiro Chagas um dos mais importantes e influentes políticos do tempo. Assim, quando em Outubro de 1883 o governo presidido por Fontes Pereira de Melo se viu confrontado com crescentes problemas colocados pelas potências europeias, para além das pressões anti-esclavagistas lideradas pela Grã-Bretanha, Pinheiro Chagas foi chamado para substituir José Vicente Barbosa du Bocage na pasta da Marinha e do Ultramar, transitando este para a pasta dos Negócios Estrangeiros. Manter-se-ia naquela pasta até 16 de Fevereiro de 1886, data em que o ministério presidido por Fontes Pereira de Melo deu lugar a outro, agora presidido por José Luciano de Castro. Tratou-se de um período decisivo em que as rápidas movimentações das potências europeias na frente diplomática, e na consolidação da sua ocupação do território em África, punham em crise a velha partilha de esferas de influência naquele continente, ameaçando a manutenção do controlo luso sobre boa parte dos territórios tradicionalmente reclamados como estando sob soberania ou protectorado português. Pinheiro de Chagas e o seu colega dos Negócios Estrangeiros, José Vicente Barbosa du Bocage, tiveram de enfrentar difíceis negociações com o governo britânico sobre a soberania portuguesa na costa ocidental de África, com destaque para as questões relacionadas com o controlo da foz do rio Zaire e com o esclavagismo no Daomé, em especial em torno dos problemas levantados pelo presença portuguesa em São João Baptista de Ajudá. Nas eleições gerais realizadas 29 de Junho de 1884 foi eleito deputado pelas Caldas da Rainha. Estas questões, associadas à contestação que a França, Alemanha e Bélgica fizeram ao acordo que havia sido laboriosamente negociado em princípios de 1884 sobre a navegação na foz do Zaire, levaram convocação da Conferência de Berlim, que decorreu de Novembro daquele ano a Fevereiro do ano seguinte. Todas estas difíceis negociações foram feitas num ambiente de grande exaltação patriótica em Portugal, em boa parte preparado pelas intervenções jornalísticas anteriores do próprio Pinheiro Chagas, que tornavam impopulares as posições do governo português, muitas vezes obrigado a transigir face à força dos interesses das grandes potências europeias. Foi neste contexto de tensão sobre as questões coloniais que Pinheiro Chagas se associou a um grupo de intelectuais e políticos para fundar, à imagem das sociedades de exploração britânicas, a Sociedade de Geografia de Lisboa. O objectivo era dar corpo a um conjunto de viagens de exploração em África que rivalizassem com as realizadas sob a égide britânica, francesa e belga. Foi assim que nasceu o mapa cor-de-rosa e se realizaram as grandes viagens de exploração de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, Serpa Pinto, Augusto Cardoso, Henrique de Carvalho e Francisco Newton, quase todas entre 1884 e 1885. Nas eleições gerais de 1887, 1889 e 1890 foi eleito deputado pelo círculo de Viana do Castelo, mantendo sempre uma muito activa presença parlamentar. Também a sua presença na imprensa não abrandou, para além de ser à época considerado como um dos mais conceituados escritores portugueses. Neste período, também a sua intervenção na Sociedade de Geografia de Lisboa e na Academia das Ciências merece nota. Por decreto de 29 de Dezembro de 1892 foi nomeado par do Reino vitalício, tomado no assento pela primeira vez na Câmara dos Pares na sessão de 30 de Janeiro de 1893. Em Agosto de 1893 foi nomeado presidente da Junta de Crédito Público, cargo que ocuparia até falecer. Manuel Joaquim Pinheiro Chagas faleceu em Lisboa a 8 de Abril de 1895. Foi um dos grandes vultos da história portuguesa, tendo sido vítima de uma odiosa agressão, mal esclarecida, da qual nunca se recuperou.


  • Répétitions Écrites Sur L´Histoire Diplomatique I e II (1713-1802) (1848-1888)

    Répétitions Écrites Sur L´Histoire Diplomatique I e II
    Répétitions Écrites Sur L´Histoire Diplomatique I e II(1713-1802) (1848-1888) «€120.00»

    Répétitions Écrites Sur L´Histoire Diplomatique I e II (1713-1802) (1848-1888) – Répétitions Écrites & Orales – Paris – 1937-1938. Desc. 286 + 341 Pág /  26 cm x 17,5 cm / E. Meia Francesa em Pele.

    Obs: Obra não identificada escrito em máquina de dactilografia Sobre a história Diplomáticas Europeias Francesas


  • Opúsculos

    Opusculos
    Opúsculo «€150.00»

    Alexandre Herculano – Opúsculo – Tomo – I «A Voz do Propheta»«Theatro – Moral – Censura»«Os Egressos»«Da Instituição das Caixas Económicas»«as Freiras de Lorvão»«Os Archivos Ecclesiasticos»«A Supressão das Conferencias  do Casino» /  Opúsculo – Tomo – II «Momentos Práticos»«da Propriedade Litteraria»«Cartas a Academia das Ciências»«Mousinho da Silveira»«cartas aos Leitores do Circulo de Cintra-Manifesto da Associação popular Promotora»«da Educação do Sexo Feminino» / Opúsculo – Tomo – III «Eu e o Clero»«Considerações Pacificas»«Solemnia Verba 1ª»«Solemnia Verba 2ª»«A Sciencia Arábico Académica»«Do Estado das Classes Servas na Península Desde o VIII Até o XII Século 1858» / Opúsculo – Tomo – IV «Os Vínculos (1856)»«A Emigração (1873-1875) /  Opúsculo – Tomo – V « Historiares Portuguese (1839-1840)»«Cartas Sobre a Historia de Portugal (1842)»«Respostas as Censuras de Vilhena Saldanha(1846)»«Da Existência e não Existência do Feudalismo em Portugal(1875-1877)» / Opúsculo – Tomo – VI «Uma Villa-Nova antiga (1834)»«Cogitações soltas de um Homem Obscuro(1846)»«Archeologia Portuguesa(1841-1843)»«Pouca Luz em Muitas Trevas(1579-1580)»«Apontamentos Para a História dos Bens da Coroa e dos Foraes  1843-1844» / Opúsculo – Tomo – VII «Duas Épocas e Dois Monumentos ou a Granja Real de Mafra(1843)»«Breves Reflexões Sobre Alguns Pontos de Economia Agrícola(1849)»«A Granja do Calhariz(1851)»«Projecto de Decretos(1851)»«O Paiz e a Nação(Artigos Publicados no Jornal-«O Paiz»(1851)»«Representação da Câmara Municipal de Belém ao Governo(1854)»«Projecto de caixa de Socorros Agrícolas(1855)»«Sobre a Questão dos Foraes(1858)» / Opúsculo – Tomo – VIII «Da Pena de Morte(1839)»«A Imprensa(1838)»«da Eschola Polytechnica  do Collegio das Nobres(1841)»«Nota»«Instrução Publica(1841)»«Uma Sentença Sobre Bens Reguengos(1842)»«A Eschola Polytechica e o Monumento(1843)»«Um Livro de V.F.Netto de Paiva(1843)» / Opúsculo – Tomo – IX «Qual é o estado Literatura? Qual o Trilho que ela Hoje tem a Seguir? Poesia: Limitação – Bello  – Unidade – Origens do Teatro Moderno- Teatro Português até  aos Fins do Século XVI»«Novelas de Cavalaria Portuguesa»«História do Teatro Moderno- Teatro Espanhol»«Crenças Populares Portuguesas ou Superstições Populares»«A Casa de Gonsalo(Comédia em Cinco Actos»«Elogio Histórico de Sebastião Xavier Botelho»«D. Maria Telles(Drama em Cinco Actos)»«D.Leonor D’Almeida, Marquez D’Alorna» / Opúsculo – Tomo – X «a Relação Ultramontana em Portugal ou a Concordata de 21 de Fevereiro 1857»«Analyse da Sentença dada no Juízo de Primeira Instanciá da Villa de Santarém Entre partes_ José da Silva rato, e a Misericórdia da Mesma Villa como administradora do Hospital de Jesus-Christo Acerca da Herança de Maria da Conceição(1860)»«As Heranças e os Institutos Pios» -Tavares Cardoso & Irmão – Editores/Antiga Casa Bertrand – José Bastos & C.º- Editores – Lisboa -1897/1908- Desc. 297 + 300 + 301  + 281 + 321 + 341 + 292 + 326 + 301 + 286 pags / 18 cm x 12,5 cm  / E.

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    Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, em 28 de Março de 1810; a mãe, Maria do Carmo Carvalho de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público). Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária. Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial. Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7.500 “Bravos do Mindelo”, assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832, na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a Norte do Porto – hoje “praia da Memória”), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto (ver Desembarque do Mindelo e Cerco do Porto). Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar. Iniciado na maçonaria em data e local desconhecidos, porventura durante o exílio em Inglaterra, ou antes, cedo a abandonouNomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa, revista de carácter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do romance histórico em Portugal no século XIX. Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos Opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumental Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854. Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 a 1855), cargo que abandona rapidamente. Quando se começou a fazer muito eco na imprensa e política portuguesa para promover o iberismo, em 1861, foi criada a Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 contra essa vontade e, entre outros nomes, que constam dela é o nosso Herculano que imediatamente a ela se uniu nesse ideal de raiz patrióticaEm 1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de Baixo, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual – ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos. Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter  de um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877. Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social. Alexandre Herculano casou, em 1 de Maio de 1867, com Mariana Hermínia de Meira. Morreu na sua quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, (Santarém) em 13 de Setembro de 1877. Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.


  • O Século«Numero Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal

    O Século«Numero Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal
    O Século«Numero Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal «€150.00»

    Prof. Dr. J.M Queiroz Veloso. Mosés Amzalak, Albino Forjaz de Sampaio, Dr. Rodrigues de Carvalho, Dr. Eduardo Brazão, Dr. Luiz Vieira de Castro, Prof. Dr. Marcello Caetano, Adelino Mendes, Diogo Macedo, Paulino Montez, Luiz Reis dos Santos, Padres Moreira das Neves, Luiz Freitas Branco, Nuno Catharino Cardozo, Dr. Jorge Faria, Dr. Pedro Batalha Reis, Óscar Paxeco, Leopoldo Nunes, Ruy de Mello, António de Carvalho, Álvaro Guedes, Amadeu de Freitas, Castelo de Morais, Guedes de Amorim, Ferreira da Costa, Óscar Gouveia, Salvador Saboya, Agostinho Domingues, José Luiz Ribeiro,Humberto Mergulhão  – O Século«Numero Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal – O Século«Sociedade Nacional de Tipografia – Lisboa – 1940. Desc. 384 Paginas de 41,5cm x 29cm com Encadernação de Origem.

    Ficheiro:Exposicaomundoportugues1940.jpgA Exposição do Mundo Português (23 de Junho — 2 de Dezembro de 1940) foi um evento realizado em Lisboa à época do Estado Novo. Com o propósito de comemorar simultaneamente as datas da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência(1640), constituiu-se na maior de seu género realizada no país até à Expo 98. A exposição foi inaugurada em 23 de Junho de 1940 pelo Chefe de Estado, Marechal Carmona, acompanhado pelo Presidente do Conselho,Oliveira Salazar e pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco. Os responsáveis pelo evento foram Augusto de Castro (Comissário-Geral), Sá e Melo (Comissário-Geral-Adjunto), José Leitão de Barros (Secretário-Geral) e Cottinelli Telmo (Arquitecto-Chefe), que incluía pavilhões temáticos relacionados com a história de Portugal, suas actividades económicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos. Incluía ainda um pavilhão do Brasil, único país estrangeiro convidado. O evento levou a uma completa renovação urbana da zona ocidental de Lisboa. A sua praça central deu origem à Praça do Império, uma das maiores da Europa. A maioria das edificações da exposição foi demolida ao seu término, restando apenas algumas como o actual Museu de Arte Popular e o Monumento aos Descobrimentos (reconstrução com base no original de madeira). A exposição levou também à construção de outras infraestruturas de apoio, como o Aeroporto da Portela. Situada entre a margem direita do rio Tejo e o Mosteiro dos Jerónimos, ocupava cerca de 560 mil metros quadrados. Centrada no grande quadrilátero da Praça do Império, esta era definida lateralmente por dois grandes pavilhões, longitudinais e perpendiculares ao Mosteiro: o Pavilhão de Honra e de Lisboa (de Luís Cristino da Silva), e do outro lado, o Pavilhão dos Portugueses no Mundo (do próprio Cottinelli Telmo). Perto do rio, atravessando-se a linha férrea através de uma passarela monumental de colossais cruzados (a Porta da Fundação), encontrava-se a Secção Histórica, (Pavilhão da Formação e Conquista, Pav. da Independência, Pav. dos Descobrimentos e a Esfera dos Descobrimentos). Do outro lado, situava-se o Pav. da Fundação, o Pav. do Brasil – país convidado para tal efeito, e o Pav. da Colonização. Atravessando o Bairro Comercial e Industrial, chega-se perto dos Jerónimos, à entrada da Secção Colonial. No canto precisamente oposto, um Parque de Atracções fazia a delícia dos mais novos. Descendo em direcção ao rio, e para além do Pav. dos Portugueses no Mundo, a Secção de Etnografia Metropolitana, com o seu Centro Regional, contendo representações das Aldeias Portuguesas e os Pavilhões da Vida Popular. Por trás deste último pavilhão, encontrava-se o Jardim dos Poetas e o Parque Infantil. À frente do Tejo, com as suas docas, um Espelho de Água com um restaurante abria o caminho para o Padrão dos Descobrimentos e para a Nau Portugal. De todas estas obras, algumas se destacaram e perduram na memória da actualidade. O Pavilhão da Honra e de Lisboa recebeu as melhores opiniões da crítica. Com 150 metros de comprimento por 19 de altura, e com a sua torre de 50 metros, este pavilhão demonstrava perfeitamente o ideal arquitectónico que o Estado Novo tentava impor, tal como os outros regimes totalitários impunham na Europa. Do Pavilhão dos Portugueses no Mundo, com um risco “simples”, destacava-se sobretudo a possante estátua da Soberania, esculpida por Leopoldo de Almeida – a imagem de uma severa mulher couraçada, segurando a esfera armilar e apoiada num litor legendado com as partes do Mundo, em caracteres góticos. O Padrão dos Descobrimentos, vindo dos esforços de Cottinelli e de Leopoldo de Almeida, mostrava a verdadeira importância dos descobrimentos na História portuguesa. Constituído por diversas figuras históricas, o Infante D. Henrique destacava-se na sua proa, como timoneiro de todo o projecto expansionista português. De facto, o padrão original, construído em estafe sobre um esqueleto de madeira, teve um triste fim – que abordaremos mais adiante. É de notar que a figura ficou tão presente no imaginário nacional, que o monumento foi re construído em 1965, mas desta vez em pedra, e ainda hoje se mantém nas margens do Tejo. A Nau Portugal mostrou também ser uma magnífica reconstituição do passado. Um facto curioso é que apelidada de “nau”, esta embarcação era na realidade a réplica de um galeão da carreira da Índia do século XVII. Construída nos estaleiros de Aveiro, saiu a primeira vez com destino a Lisboa em Julho – sendo a sua inauguração solene a 8 de Setembro. No entanto, e por mau manuseamento da mesma, esta rapidamente se afundou minutos após a partida – tombou para o lado. Voltando atrás, com grandes esforços para se repor de pé a nau, acabou por ser pilotada até Lisboa por marinheiros ingleses, sob a direcção do comandante Spencer. Encerrada a 2 de Dezembro, a Exposição recebeu cerca de três milhões de visitantes, constituindo o mais importante facto cultural do regime – regime este que sofreria a sua primeira crise política passados quatro anos, com o fim da Segunda Guerra Mundial e com a derrota dos regimes de Hitler e de Mussolini.


  • História da Guerra de Pernambuco e Feito Memoráveis do Mestre de Campo João Fernandes Vieira

    História da Guerra de Pernambuco e Feito Memoráveis do Mestre de Campo João Fernandes Vieira
    História da Guerra de Pernambuco e Feito Memoráveis do Mestre de Campo João Fernandes Vieira «€250.00»

    Diogo Lopes de Santiago – História da Guerra de Pernambuco e Feito Memoráveis do Mestre de Campo João Fernandes Vieira «Herói Digo de Eterna Memória, primeiro Aclamado da Guerra – Secretaria do Interior – Recife – Desc. 756 Paginas + 8 Estampas / 25 cm x 18 cm /Encadernado em Pele


  • Rei D.Carlos «O Martyrisado»

    Rei D.Carlos «O Martyrisado»
    Rei D.Carlos «O Martyrisado» «€12.50»

    Ramalho Ortigão – Rei D. Carlos «O Martyrisado» – Typographia «A Editora» – Lisboa – 1908. Desc. 18 +  1 1 Fotografia de Arnaldo Fonseca / 25 cm x 18,5 cm / Br.

     

     

    José Duarte Ramalho Ortigão (Porto24 de Outubro de 1836 — Lisboa27 de Setembro de 1915) foi um escritor português. José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão. Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era director, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do PortoEm 24 de Outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana. Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto “Literatura de hoje”, acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem a podou de cobarde por ter insultado o velho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d’ÁguaNo ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, agarrando uma vaga para oficial da Academia das Ciências de LisboaReencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um “romance execrável” (classificação dos autores no prefácio de 1884): O mistério da estrada de Sintra(1870). No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As FarpasEntretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as Luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um “reaportuguesamento de Portugal”. É dessa segunda fase a constituição do grupo “Os Vencidos da Vida“, do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de FicalhoMarquês de SoveralConde de ArnosoAntero de QuentalOliveira MartinsGuerra JunqueiroCarlos Lobo de ÁvilaCarlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido significativamente eleito por unanimidade “confrade suplente do grupo”. Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo incestuosamente cobrir o leito da governação. Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, “estudou e pintou o seu país na alma e no corpo”. Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo LusitanoA orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendida mente à elite dos novos“. Vítima de um cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer em 27 de Setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, Freguesia da Lapa. Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Union Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.


  • Os Lusíadas

    Os Lusiadas
    Os Lusíadas «€250.00«

    Luiz de Camões – Os Lusíadas (Edição Commemorativa do IV Centenário de Descobrimento  Marítimo da Índia) – Typographia do Comercio – Lisboa – 1898. Desc. 186 Pág / 23 cm x 18 cm / Encadernação de Luxo de Pele – (Edição Limitada Exemplar Nº 9  de Papel Almaço).

    Esta Edição foi Feita segundo a do Visconde de Juromenha, Impresso em Leipzig, por F.A Brockhaus, sendo transportados em Cotas os Argumentos da Mesma edição e da Selecção Camoniana de  António José Viale


  • Entrevista 1960-1966-1966

    Entrevista 1960-1966
    Entrevista 1960-1966 «€50.00»

    Oliveira Salazar – Entrevista 1960-1966 – Coimbra Editora Lda – Coimbra – 1967 . Desc. 243 Pág. /19,5 cm x 14 cm / Br.

     António de Oliveira Salazar nasceu no dia 28 de Abril de 1889 em Vimeiro, concelho de Santa Comba Dão, no seio de uma família de pequenos proprietários agrícolas e o seu nome ficará para sempre na História de Portugal como o estadista que mais tempo governou, de forma autoritária e em ditadura, o país. A sua educação sofreu sempre uma fortíssima influência católica, facto que viria a reflectir-se em vários momentos da sua vida, chegando mesmo a frequentar um seminário. No entanto, seria na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Direito, que viria a terminar a sua formação académica. Licenciado em direito em 1914, inicia a carreira de professor universitário 3 anos mais tarde e com ela um percurso que o levaria a atingir o grau de professor catedrático. Desde cedo António de Oliveira Salazar se envolveu em política. Em 1921 é eleito deputado, cargo que ocuparia apenas durante 1 dia porque, segundo ele próprio viria depois a justificar, advogava uma renovação de objectivos e de processos de governação que aquela assembleia não viabilizaria. Voltaria ao activo político em 1926, depois da revolução ocorrida em Maio desse mesmo ano, quando aceitou ser Ministro das Finanças, cargo que ocupou durante apenas 13 dias. Seria só em 1928 que a carreira política de Salazar viria a solidificar-se. Nesse ano voltou a aceitar a pasta das Finanças depois de ter garantido junto dos militares que o seu ministério seria o único a poder autorizar despesas. Desde essa altura, nunca mais abandonaria o poder. Em poucos anos conseguiu chegar ao cargo de Presidente do Conselho, posição que manteve até ao dia da sua morte, quase 40 anos depois, em 1968. Durante cerca de 4 décadas Salazar criou e instituiu em Portugal o Estado Novo, um processo de governação autoritário e ditatorial que se estendeu a todos os sectores da vida do país e dos portugueses. Com o Estado Novo chegaram a censura, a Legião Portuguesa, a polícia política (primeiro chamada PVDE, e mais tarde PIDE), a Mocidade Portuguesa e uma forte máquina de propaganda, que era essencialmente a repressão a fim de manter o regime a todo o custo. Numa época em que os regimes ditatoriais de carácter fascista alastravam pela Europa (Mussolini em Itália, Hitler na Alemanha e Franco em Espanha) Salazar soube dar ao seu Estado Novo características muito próprias, capazes de o distinguir dos seus pares com quem, aliás, sempre manteve uma relação próxima e ao mesmo tempo distante. Fruto desta diplomacia, Salazar conseguiria mesmo evitar que Portugal se envolvesse na II Guerra Mundial e fazer um jogo duplo no qual envolveu os alemães e os ingleses, ora piscando o olho a um lado ora a outro. Com uma governação austera, salpicada aqui e ali por traços de grandeza imperialista (a Exposição do Mundo Português em 1940 é um dos melhores exemplos dessa tendência), Salazar manteve as contas do país equilibradas, mas sempre à custa da pobreza de um povo que morria de fome e que, com o rebentar da guerra nas várias colónias africanas, passaria também a morrer às mãos dos guerrilheiros. As pequenas escaramuças do início da década de 60 no norte de Angola depressa escalaram para cenários de guerra aberta na grande maioria das colónias africanas. Acrescia o facto da mudança que se verificou no panorama internacional, com a ONU a exigir a Portugal o início do processo de descolonização. Salazar via-se, cada vez mais, sozinho, mas não desistiu de manter o império ultramarino pela força das armas, ainda que o esforço resultasse num crescente mau estar interno em vários sectores, nomeadamente entre os militares. O seu afastamento do poder aconteceu apenas devido a doença. Em 1968 António de Oliveira Salazar é vítima de um Acidente Vascular Cerebral, a famosa queda da cadeira, que o deixa física e mentalmente diminuído. Por essa altura é substituído na presidência do Concelho por Marcelo Caetano mas Salazar continua convencido que é ele quem governa até ao dia da sua morte, em dia 27 de Julho de 1970.


  • Verde Pino – Antologia de Autores Portugueses-2

    Verde Pino - Antologia de Autores Portugueses
    Verde Pino – Antologia de Autores Portugueses «€20.00»

    Hirondino Fernandes e António Cabral – Verde Pino – Antologia de Autores Portugueses – Porto Editora – Porto – 1974. Desc. 499 pág  /23 cm x 16,5 cm /  Encadernação de Origem em Br.


  • Os Descobrimentos Portugueses nas Histórias do Canadá-2

    Os Descobrimentos Portugueses nas Histórias do Canadá
    Os Descobrimentos Portugueses nas Histórias do Canadá «€25.00»

    Eduardo Brazão – Os Descobrimentos Portugueses nas Histórias do Canadá – Agência-Geral do Ultramar – Lisboa – 1969. Desc.341 pag / 25,5 cm x 16,5 cm / Encadernação de Origem por Abrir Brochado


  • O Controle de Genebra

    O Controle de Genebra
    O Controle de Genebra «€50.00»

    Artur Virgilio Alves Reis – O Controle de Genebra – Edição de Autor – Lisboa – 1928. Desc. 208 + CLXI + 2 Mapas Explicativo das Indicações Literais de 23 Notas Triplicadas das Mesmas Séries e com o Mesmo Número/ 23,5 cm x 16 cm / Br.

    Artur Virgílio Alves Reis (Lisboa, 3 de Setembro de 1898 – 9 de Julho de 1955) foi certamente o maior burlão da história portuguesa e possivelmente um dos maiores do Mundo. Foi o cabecilha da maior falsificação de notas de banco da História: as notas de 500 escudos, efígie Vasco da Gama, em 1925. Filho de uma família modesta (o pai era cangalheiro, tinha problemas financeiros e acabou por ser declarado insolvente) Alves Reis quis estudar engenharia. Efectivamente, começou o primeiro ano do curso, mas abandonou-o para casar com Maria Luísa Jacobetty de Azevedo, no mesmo ano em que a casa comercial do pai faliu. Em 1916, emigrou para Angola, para tentar fazer fortuna e assim escapar às humilhações que lhe eram impostas pela abastada família de Luísa, devido à diferença de condição social. Começa como funcionário público nas obras públicas de esgotos. Para ir para Angola, fez-se passar por engenheiro, depois de ter falsificado diploma de Oxford, aliás de uma escola politécnica de engenharia que nem sequer existia: a Polytechnic School of Engineering. De acordo com esse diploma falsificado, teria estudos de ciência da engenharia, geologia, geometria, física, metalurgia, matemática pura, paleografia, engenharia eléctrica e mecânica, mecânica e física aplicadas, engenharia civil geral, engenharia civil e mecânica, engenharia geral, design mecânico e civil. Ou seja, quase tudo. Com um cheque sem cobertura, comprou a maioria das acções da companhia dos Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola, em Moçâmedes. Tornou-se rico e ganhou prestígio. De volta a Lisboa em 1922, compra uma empresa de revenda de automóveis americanos. Depois tenta apoderar-se da Companhia Ambaca. Para o conseguir, passou cheques sem cobertura e usou depois o dinheiro da própria Ambaca para cobrir os cheques sobre a sua conta pessoal. No total, apropriou-se ilegitimamente de 100 mil dólares americanos. Com esse dinheiro comprou também a Companhia Mineira do Sul de Angola. No entanto, antes de controlar toda a Ambaca, foi descoberto e preso no Porto, em Julho de 1924, por desfalque. Foi acusado também de tráfico de armas. Foi durante o tempo da prisão (só esteve preso 54 dias e foi libertado em 27 de Agosto de 1924 por pormenores processuais) que concebeu o seu plano mais ousado. A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal, o banco central emissor de moeda, e que na altura era uma instituição parcialmente privada, que lhe permitiria obter notas ilegítimas mas impressas numa empresa legítima e com a mesma qualidade das verdadeiras. Em 1924, Alves dos Reis contactou vários cúmplices e outros colaboradores de boa-fé para pôr o seu plano em marcha. Entre os seus cúmplices e colaboradores encontrava-se o financeiro holandês Karel Marang van Ijsselveere; Adolph Hennies, um espião alemão; Adriano Silva; Moura Coutinho; Manuel Roquette e especialmente José Bandeira. Um pormenor importante era que José Bandeira era irmão de António Bandeira, o embaixador português em Haia. Alves dos Reis preparou um contrato fictício e conseguiu que este contrato fosse reconhecido notarialmente. Através de José Bandeira, obteve também a assinatura de António Bandeira. Conseguiu ainda que o seu contrato fosse validado pelos consulados da Inglaterra, da Alemanha e França. Traduziu o contrato em francês e falsificou assinaturas da administração do Banco de Portugal. Através de Karel Marang, dirigiu-se a uma empresa de papel-moeda holandesa, mas esta remeteu-os para a empresa britânica Waterlow & Sons Limited de Londres, que era efectivamente a casa impressora do Banco de Portugal. Em 4 de Dezembro de 1924, Marang explicou a sir William Waterlow que, por razões políticas, todos os contactos ligados à impressão das novas notas deveriam ser feitos com a maior das discrições. O alegado objectivo das notas era conceder um grande empréstimo para o desenvolvimento de Angola. Cartas do Banco de Portugal para a Waterlow & Sons Limited foram também falsificadas por Alves dos Reis. William Waterlow escreveu uma carta confidencial ao governador do Banco de Portugal Inocêncio Camacho Rodrigues em que referia os contactos com Marang. Mas, aparentemente, a carta extraviou-se. No caderno de encargos de impressão das notas, estipulava-se que estas viriam a ter posteriormente a sobrecarga Angola dado que, como se disse acima, alegadamente se destinariam a circular aí. Por essa razão, as notas tinham números de série de notas já em circulação em Portugal. Waterlow & Sons Limited imprimiu assim 200 mil notas de valor nominal 500 escudos (no total quase 1% do PIB português de então), efígie Vasco da Gama chapa 2, com a data de 17 de Novembro de 1922. O número total de notas falsas de 500 escudos era quase tão elevado como o de notas legítimas. A primeira entrega teve lugar em Fevereiro de 1925, curiosamente cerca de um ano depois das notas verdadeiras de 500 escudos, efígie Vasco da Gama terem começado a circular. As notas passavam de Inglaterra a Portugal, com a ajuda dos seus cúmplices, José Bandeira, que utilizava as vantagens diplomáticas de seu irmão, Karel Marang e ligações ao cônsul da Libéria em Londres. Alves dos Reis, embora o mentor da fraude e o falsificador de todos os documentos, ficava só com 25% das notas. Ainda assim, com esse dinheiro fundou o Banco de Angola e Metrópole em Junho de 1925. Para obter o alvará de abertura deste banco, recorreu também a diversas outras falsificações. Investiu na bolsa de valores e no mercado de câmbios. Comprou também o Palácio do Menino de Ouro (actualmente o edifício em Lisboa do British Council) ao milionário Luís Fernandes. Adquiriu três quintas e uma frota de táxis. Além disso, gastou uma avultadíssima soma em jóias e roupas caras para a sua mulher quando das estadias em Paris no Hotel Claridge, e para a amante de José Bandeira, Fie Carelsen, uma actriz holandesa. Compraram uns fantástico Hispano-Suiza. Tentou também comprar o Diário de Notícias. O objectivo de Alves dos Reis era afinal comprar acções, e conseguir controlar o próprio Banco de Portugal, de forma a cobrir as falsificações e abafar qualquer investigação. Durante o Verão de 1925, directamente ou através de diversos “testa-de-ferro”, comprou sete mil acções do Banco de Portugal. No final de Setembro já tinha nove mil acções, e no final de Novembro dez mil. Seriam necessárias 45 mil acções para controlar o banco central. Ao longo de 1925 começaram a surgir rumores de notas falsas, mas os especialistas de contrafacção dos bancos não detectaram nenhuma nota que parecesse falsa. A partir de 23 de Novembro de 1925, Alves dos Reis e os negócios pouco transparentes do Banco de Angola e Metrópole começam a atrair a curiosidade dos jornalistas de O Século, o mais importante diário português de então. O que os jornalistas tentavam perceber era como era possível que o Banco de Angola e Metrópole concedesse empréstimos a taxas de juro baixas, sem precisar de receber depósitos. Inicialmente pensou-se que se tratava de uma táctica alemã para perturbar o país e obter vantagens junto da colónia angolana. A burla é publicamente revelada em 5 de Dezembro de 1925 nas páginas de O Século. No dia anterior, o Banco de Portugal enviara para o Porto o inspector do Conselho do Comércio Bancário João Teixeira Direito para investigar os vultosos depósitos pelo Banco de Angola e Metrópole em notas de 500$00 novas na firma cambista Pinto da Cunha. Só a altas horas conseguem detectar uma nota duplicada, com o mesmo número de série, nos cofres da delegação do Porto do Banco Angola e Metrópole. Depois, como são dadas instruções para que as agências bancárias ponham as notas em cofre por ordem de número, para controlar duplicações, muitas mais notas com números repetidos apareceram. O património do Banco de Angola e Metrópole foi confiscado e obtidas provas junto da Waterlow & Sons Limited. Alves dos Reis é preso a 6 de Dezembro, quando se encontrava a bordo do “Adolph Woerman” ao regressar de Angola. Tinha 28 anos no momento da prisão. Adolph Hennies, que estava consigo, fugiu. A maior parte dos seus associados foram também presos. Alves dos Reis esteve preso, aguardando julgamento, desde 6 de Dezembro de 1925 até 8 de Maio de 1930. Durante esse tempo conseguiu convencer um juiz de instrução que a própria administração do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisão e tentado suicidar-se. Foi finalmente julgado em Lisboa no Tribunal de St.ª Clara em Maio de 1930, e condenado a 20 anos: 8 de prisão e 12 de degredo ou, em alternativa, 25 anos de degredo. Durante o julgamento, alegou que o seu objectivo era simplesmente desenvolver Angola. Na prisão, converteu-se ao protestantismo. Foi libertado em Maio de 1945. Foi-lhe oferecido um emprego de empregado bancário; recusou. Ainda veio a ser condenado por uma burla de venda de café de Angola, mas já não cumpre a pena. Morreu de ataque cardíaco em 9 de Junho de 1955, pobre. José Bandeira teve idêntica condenação. Morreu em 9 de Junho 1957, sem fortuna. Hennies fugiu para Alemanha. Reapareceu mais tarde, sob o seu verdadeiro nome, Hans Döring. Morreu em 1957, sem fortuna. Karel Marang foi preso e julgado na sua Holanda natal, mas sentenciado a 11 meses de cadeia. Posteriormente, naturalizou-se francês e terminou os seus dias, muito rico, em Cannes. O escudo, a moeda portuguesa, teve perturbações cambiais e perdeu muito da sua credibilidade. As notas de 500 escudos começaram a ser retiradas de circulação a 7 de Dezembro de 1925. A 6 de Dezembro, o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos. Inicialmente a troca das notas foi autorizada até 26 de Dezembro. Durante estes 20 dias, saíram de circulação 115 mil notas legítimas ou não. No entanto, em Abril de 1932, o Banco de Portugal determinou que fossem abonadas aos portadores de reconhecida boa fé as notas de 500 escudos (…), quer sejam autênticas, quer façam parte das que foram entregues por Waterlow & Sons a Marang e seus cúmplices. Isso implicou um enorme prejuízo para o Banco Central. Na verdade, um pequeno grupo de notas – a que se veio a chamar notas camarão – foram recusadas para troca pelo Banco de Portugal. O nome provinha de terem sido banhadas numa solução de ácido cítrico, com o objectivo de as livrar do cheiro de tinta fresca. O resultado foi uma ligeira descoloração, resultando numa cor semelhante ao daquele marisco. De acordo com a lei portuguesa, as notas retiradas de circulação em 1925 puderam ser trocadas no Banco de Portugal até 1995. Naturalmente que esta prescrição não era relevante dado que o valor de colecção das notas (legítimas e falsas) a partir dos anos 50 passou a ser muito superior ao seu valor facial. A fraude criou uma enorme crise de confiança na população em relação aos poderes públicos. Embora os desenvolvimentos desse período sejam complexos, essa crise pode ter facilitado a revolução de 28 de Maio de 1926, que derrubou o presidente da República Bernardino Machado e deu origem à ditadura e, a partir de 1932, ao Estado Novo de Salazar. O Banco de Portugal processou a Waterlow & Sons nos tribunais londrinos: um dos mais complexos casos da história judiciária britânica até então. Sir William Waterlow foi demitido de presidente da casa impressora em Julho de 1927. Em 1929, foi eleito presidente da câmara (mayor) de Londres. O caso foi resolvido em 28 de Abril de 1932. A mesma pagou uma indemnização ao Banco de Portugal e faliu. Em 27 de Outubro de 2005 decorreu um leilão com umas das notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6 500 euros.