• Conceito e Sistema em Spinoza

    Conceito e Sistema em Spinoza (€35.00)

    Manuel Francisco Machado de la Feria – Conceito e Sistema em Spinoza – Dissertação Para Licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no Ano Lectivo de 1942-43) -Coimbra – 1943.Desc.(97)Pág.Br(Atilografias)

     

     

     

     

     

    Baruch (de) Espinoza (em hebraico: ברוך שפינוזה; Baruch Shpinoza, também referido como Baruch (de) Espinosa ou Baruch Spinoza; na literatura em português, também como Bento (de) Espinosa e, após o chérem de 1656, como Benedictus de Spinoza Amsterdã, 24 de novembro de 1632 – Haia, 21 de fevereiro de 1677) foi um filósofo de origem judaico-portuguesa (sefardita), nascido nos Países Baixos, filho de uma família perseguida pela inquisição portuguesa, que se refugiara na Sinagoga Portuguesa de Amsterdão.[16][17] Baruch Espinoza é famoso pela identificação de Deus como Natureza; Deus na concepção spinozista é entendido como a totalidade da realidade, também chamado de “substância única”, por ter infinitos atributos; “Deus, sive Natura” (em latim: Deus, sive Natura; lit. “Deus, ou Natureza”). Um dos primeiros pensadores do Iluminismo e da crítica bíblica moderna, incluindo das modernas concepções de si mesmo e do universo,  ele veio a ser considerado um dos grandes racionalistas da filosofia do século XVII.  Inspirado pelas ideias inovadoras de René Descartes, Spinoza se tornou uma figura filosófica importante da Idade de Ouro Holandesa. O nome de batismo de Spinoza, que significa “Bem-aventurado”, varia entre as diferentes línguas (em hebraico: ברוך; romaniz.: Broch). Na Holanda, usava o nome português (em português: Bento; romaniz.: lit. “Beatificado”). Em suas obras em latim e em holandês, usava a forma latina desse nome, Benedictus. Spinoza foi criado na comunidade luso-judaica em Amsterdã. Ele desenvolveu ideias altamente controversas a respeito da autenticidade da Bíblia Hebraica e da natureza do Divino. Autoridades religiosas judaicas emitiram um chérem (em hebraico: חרם)contra ele, levando-o a ser efetivamente expulso e repudiado pela sociedade judaica, aos 23 anos, inclusive por sua própria família. Seus livros foram posteriormente adicionados ao Índice de Livros Proibidos da Igreja Católica. Ele era frequentemente chamado de “ateu” por seus contemporâneos, embora em nenhuma parte de sua obra Espinoza argumente contra a existência de Deus. Spinoza viveu uma vida aparentemente simples como um polidor de lentes ópticas, colaborando com Christiaan Huygens nos “designs” de microscópios e lentes de telescópio. Ele recusou recompensas e homenagens ao longo de sua vida, incluindo posições de ensino de prestígio. Morreu aos 44 anos em 1677 de uma doença pulmonar, talvez tuberculose ou silicose exacerbada pela inalação de pó de vidro fino durante o polimento de lentes. Ele está enterrado no cemitério cristão de Nieuwe Kerk, em Haia. No seu magnum opus, a Ética, publicado postumamente, no mesmo ano de sua morte, Espinoza contrapôs-se ao dualismo mente-corpo de Descartes. A obra viria a tornar-se um dos marcos da filosofia ocidental. “Espinoza escreveu a última obra-prima latina indiscutível, na qual as concepções refinadas da filosofia medieval são finalmente voltadas contra si mesmas e totalmente destruídas”. Sobre ele, Hegeldiria: “O fato é que Espinoza se tornou um ponto de teste na filosofia moderna, de modo que realmente pode-se dizer: “ou você é um espinozista ou nem mesmo é um filósofo”. Suas realizações filosóficas e caráter moral levaram Gilles Deleuze a nomeá-lo “o ‘príncipe’ dos filósofos”. Um dos grandes filósofos racionalistas do século XVII, dentro da chamada Filosofia moderna, já em seu tempo apontou importantes reflexões sobre os modos de viver e os caminhos escolhidos pelos seres humanos. Esses, com seus desejos insaciáveis, seus pensamentos prepotentes e suas ausências de conexão com a natureza, estabeleceram relações que, por si mesmas, julgaram importantes para suas vidas na Terra, mas que não passam de ideias inadequadas e de uma experiência vagante; ou seja, experiência de vida que não é determinada pelo conhecimento.O filósofo recebeu dos pais, que eram judeus portugueses refugiados em Amsterdão, o nome de Bento de Espinosa.Já Baruch é uma transliteração de ברוך, que era como seu nome aparecia nos textos em hebraico daquela época, tendo ele o mesmo significado do seu nome português, isto é, bento, benzido, bendito ou abençoado. Segundo Nadler, seu mais respeitado biógrafo, na maioria dos documentos e registros contemporâneos aos anos de Espinosa dentro da comunidade judaica, o seu nome é quase sempre mencionado como Bento. Espinosa adotou, contudo, a forma correspondente latina Benedictus para assinar as suas obras, tal como o fez em seu mais famoso trabalho, a Ethica, que foi escrito em 1656, logo depois de ele ter sofrido o chérem. Filho de uma família de fugitivos da Inquisição de Portugal, foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e de obras de judeus, como Moisés ben Maimon, (aportuguesado para Maimónides), Levi ben Gershon, Ibn Ezra, Hasdai Crescas, Ibn Gabirol, Moisés Cordovero e outros. Também dedicou-se ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio e Giordano Bruno. Ganhou fama por suas posições opostas à superstição. A sua frase Deus sive natura (“Deus ou Natureza”) expressa um conceito filosófico e não religioso. Notabilizou-se sobretudo por sua Ética demonstrada à maneira dos geômetras, escrita à maneira de um tratado de geometria, com postulados, definições e demonstrações.Espinosa defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que Deus sive Natura (“Deus ou Natureza” em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito atual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós. A sua visão da natureza da realidade, então, fez tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem mas coexistem em uma coisa só que é a substância. Esta formulação é uma solução muitas vezes considerada um tipo de panteísmo e de monismo, e ainda de panenteísmo com influência cabalista, como em sua divisão da Natura naturans e Natura naturat. Espinosa era um racionalista e, por extensão, fundamentou seu sistema sobre o acompanhamento intelectual do Universo, como define ele em seu conceito de “Amor Intelectual de Deus”.Espinosa também propunha uma espécie de determinismo, segundo o qual absolutamente tudo o que acontece ocorre através da operação da necessidade, e nunca da teleologia. Para ele, até mesmo o comportamento humano seria totalmente determinado, sendo então a liberdade a nossa capacidade de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos. Desse modo, a liberdade para Espinosa não é a possibilidade de dizer “não” àquilo que nos acontece, mas sim a possibilidade de dizer “sim” e compreender completamente porque as coisas deverão acontecer de determinada maneira. A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estoicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre as emoções activas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas racionalmente e as outras as que não o são. Para Espinoza, a substância não possui causa fora de si, ela é causa de si mesma, ou seja, uma causa sui. Ela é singular a ponto de não poder ser concebida por outra coisa que não ela mesma. Por ser causa de si, a substância é totalmente independente, livre de qualquer outra coisa, pois sua existência basta-se em si mesma. Ou seja, a substância, para que o entendimento possa formar seu conceito, não precisa do conceito de outra coisa. A substância é absolutamente infinita, pois se não o fosse, precisaria ser limitada por outra substância da mesma natureza. Pela proposição VI da Parte I da Ética, ele afirma: “Uma substância não pode ser produzida por outra substância”, portanto, não existe nada que limite a substância, sendo ela, então, infinita. Da mesma forma, a substância é indivisível, pois, do contrário, ao ser ela dividida, ou conservaria a natureza da substância primeira, ou não. Se conservasse, então uma substância formaria outra, o que é impossível de acordo com a proposição VI; se não conservasse, então a substância primeira perderia sua natureza, logo, deixaria de existir, o que é impossível pela proposição 7, a saber: “à natureza de uma substância, pertence o existir”. Assim, a substância é indivisível. Assim, sendo da natureza da substância absolutamente infinita existir e não podendo ser dividida, ela é única, ou seja, só há uma única substância absolutamente infinita ou Deus. Apesar de ser denominado Deus, a substância de Espinoza é radicalmente diferente do Deus judaico-cristão, pois não tem vontade ou finalidade já que a substância não pode ser sem existir (se pudesse ser sem existir, haveria uma divisão e a substância seria limitada por outra, o que, para Espinoza, é absurdo, como foi explicado no parágrafo anterior). Consequentemente, o Deus de Espinoza não é alvo de preces e menos ainda exigiria uma nova religião. Baruch Espinoza viveu em um tempo onde recebeu diferentes influências, um tempo de transição, que marcava o início da modernidade. O filósofo teve que ser cauteloso na exposição de seu pensamento, porque muitos de seus colegas sofreram perseguição e foram até mortos. Para Espinoza, Deus e a natureza são uma coisa só, não havendo distinção entre eles. Essa concepção exclui ideias transcendentais e entra em choque com os que acreditam no direito divino para os reis, bem como com direitos naturais hereditários. Seu caráter naturalista exclui a ideia dualista de que haveria uma maneira natural de como as coisas deveriam ser. Muitos pensadores acreditavam que as coisas deveriam ser da maneira que são pela vontade de Deus: essa é uma diferença importante no pensamento de Espinoza. O filósofo começa a expor seu pensamento acerca da natureza humana no livro Tratado Teológico-político. Nele, o autor explica como acredita que funcionam as economias dos Afetos e Desejos e de que maneira isso afeta como vivemos. No capítulo XVI/3, encontramos um exemplo: “O direito natural e cada homem definem-se, portanto, não pela razão sã, mas pelo desejo e pela potência”. Ninguém, com efeito, está determinado a comportar-se conforme as regras e as leis da razão; ao contrário, todos nascem ignorantes de todas as coisas e a maior parte de suas vidas transcorre antes que possam conhecer a verdadeira regra da vida e adquirir o estado de virtude, mesmo que tenham sido bem educados. E eles não são menos obrigados a viver e a se conservar, nessa espera, pelo simples impulso do apetite, pois a natureza não lhes deu outra coisa, e recusou-lhes a potência atual de viver conforme a reta razão; logo, considerando submetido apenas ao império da natureza, tudo o que um indivíduo julgar como sendo-lhe útil, seja pela conduta da razão seja pela violência de suas paixões, é-lhe permitido desejar, em virtude desejar, em virtude de um soberano direito de natureza e tomar por qualquer via que seja, pela força, pela artimanha, por preces, enfim, pelo meio mais fácil que lhe pareça. Consequentemente, também ter por inimigo aquele que o quiser impedir de se satisfazer”. Mais adiante, Espinoza vai argumentar que o uso da razão viria a partir de um exercício, mas que ainda estamos longe de chegar lá devido às paixões. O autor disserta: “Mas falta muito para que todos deixem-se facilmente se conduzir apenas pela razão; cada um se deixa levar por seu prazer e, mais amiúde, a avareza, a glória, a inveja, o ódio etc. ocupam a mente, de tal sorte que a razão não tem qualquer lugar”. No ano de sua morte, Espinoza termina um outro livro, que seria uma continuação do anterior, dando sequência a seus pensamentos e sua teoria. No Tratado Político, título do novo livro, o filósofo também aborda, em diferentes momentos, a questão da natureza humana, bem como a força das paixões e os efeitos que elas produzem nos corpos. Logo no primeiro capítulo, o autor explica de que maneira ele tenta entender essas paixões e estudá-las, a fim de aplicá-las na sua teoria. O autor expõe seu pensamento com clareza acerca da sua discordância com o pensamento comum da época. Explicando o porquê de não acreditar que as pessoas agem exclusivamente através da razão: “Depois, na medida em que cada coisa se esforça, tanto quanto esta em si, por conservar o seu ser, não podemos de forma alguma duvidar de que, se estivesse tanto em nosso poder vivermos segundo os preceitos da razão como conduzidos pelo desejo cego, todos se conduziriam pela razão e organizariam sabiamente a vida, o que não acontece minimamente, pois cada um é arrastado pelo seu prazer”. Para o filósofo, as pessoas não se submetem ao estado por uma análise racional, mas por uma economia de seus desejos, sejam eles medo ou esperança. São as paixões que, em acordo com outras Paixões, encontram vontades comuns que permitem que as pessoas se agrupem em “estados” e, assim, se submetam de alguma maneira a algum sistema. Seja ele monárquico, aristocrático ou democrático. “Longe de ser fruto de uma ruptura com a natureza, o estado forma-se no âmbito dessa, mediante a dinâmica afetiva, ou passional, que associa ou põe em confronto os indivíduos”. “Por isso também, a essência do político é impossível de se confundir com uma qualquer moldura racional de onde e no interior da qual as normas de conduta fossem deduzidas, de modo a imporem-se como condição necessária e legítima da paz e da estabilidade”. Observamos que Espinoza defende uma espécie de sistema econômico de gerenciamento dos afetos, tanto por parte dos súditos, como do Soberano. Esse gerenciamento é subjetivo e acontece individualmente, com efeitos no coletivo. Cabe, aos súditos, sentirem sua Potência, a fim de preservar sua vida e maximizar sua liberdade, bem como ao soberano, de não impor sistema rígido demais que encurrale seus súditos a ponto de que esses se rebelem. O Estado mais “racional” é aquele que consegue entender as demandas da sua população e promover uma espécie de bem-estar. A paz imposta pelo medo, como ausência de guerra, é sempre temporária. O bem-estar de todos é o que ajuda a manter o Estado coeso. Esse sistema é precário e está sempre sujeito a avaliações e adequações para melhor atender a todos, defendendo, assim, até a manutenção do Estado pelo soberano. Espinoza entende o Estado como a potência da Multidão e define, no TP 2/17, os sistemas políticos que podem constituir esse Estado. O autor esclarece: “Detém-no absolutamente quem, por consensocomum, tem a incumbência da República, ou seja, de estatuir, interpretar e abolir direitos, fortificar as urbes, decidir sobre a guerra e a paz etc. E se essa incumbência pertencer a um conselho que é composto pela multidão comum, então o Estado chama-se Democracia; mas se for composto só por alguns eleitos, chama-se Aristocracia; e se, finalmente, a incumbência da República e, por conseguinte, o Estado, estiver nas mãos de um só, então chama-se Monarquia”. Com isso, podemos concluir o pensamento de Espinoza e entender como a Natureza age sobre as — e através das — potências de todos e como isso influencia o Estado e o sistema político. Os corpos individualizam-se em razão do “movimento e do repouso”, da “velocidade e lentidão” e não em função de alguma substância particular (escólio 1 da proposição 13 da parte 2 da Ética), e a identidade individual através do tempo e da mudança consiste na manutenção de uma determinada proporção de movimento e repouso das partes do corpo (proposição 13 da parte 2 da Ética). O corpo humano é um complexo de corpos individuais e é capaz de manter suas proporções de movimento e de repouso ao passar por uma ampla variedade de modificações impostas pelo movimento e repouso de outros corpos. Essas modificações são o que Espinoza chama de “afecções”. Uma afecção que aumenta a capacidade do corpo de manter suas proporções características de movimento e repouso aumenta a “potência de agir” e tem, em paralelo, na mente, uma modificação que aumenta a “potência de pensar”. A passagem de uma potência menor para uma maior é o “afeto de alegria” (definição dos afetos, parte 2 da Ética). Uma afecção que diminui a potência do corpo de manter as proporções de movimento e repouso diminui a potência de agir e tem, em paralelo, na mente, uma diminuição da potência de pensar. A passagem de uma potência maior para uma menor é o “afeto de tristeza”. Já uma afecção que ultrapassa as proporções de movimento e repouso dos corpos que compõe o corpo humano destrói o corpo humano e a mente (morte). Os indivíduos (mentes e corpos) esforçam-se em perseverar em sua existência tanto quanto podem (proposição 6 da parte 3 da Ética). Eles sempre se esforçam para ter alegria, isto é, um aumento de sua potência de agir e de pensar e eles sempre se opõem ao que lhes causa tristeza, ou seja, aquilo que diminui sua capacidade de manter as proporções de movimento e repouso características de seu corpo. O esforço por manter e aumentar a potência de agir do corpo e de pensar da mente é o que Espinoza chama de “desejo”.Morreu em um domingo, 21 de fevereiro de 1677, aos 44 anos, vitimado pela tuberculose. Morava então com a família Van den Spyck, em Haia. A família havia ido à igreja e o deixara com o amigo doutor Meyer. Ao voltarem, encontraram-no morto. Encontra-se sepultado no pátio da Nieuwe Kerk, em Haia, nos Países Baixos.

     


  • Evocação de Sophia

    Evocação de Sophia(€10.00)

    Alberto Vaz da Silva – Evocação de Sophia (Prefácio: maria Velha da Costa & José Tolentino Mendonça) – Assírio & Alvim – Lisboa – 2009.Desc.(105)Pág.Br

     

     

     

    Alberto Vaz da Silva (Lisboa, 7 de agosto de 1936 — Lisboa, 7 de julho de 2015) foi um grafólogo, crítico literário, tradutor e crítico de cinema português.Nasceu na cidade de Lisboa, em 7 de Agosto de 1936.Concluiu uma licenciatura em Direito.Exerceu como advogado durante cerca de trinta e cinco anos, tendo-se reformado em 1994, passando então a dedicar-se à grafologia. Destacou-se como humanistae grafólogo, tendo ocupado o posto de director no Gabinete de Grafologia do Centro Nacional de Cultura. Em 2001 foi entrevistado pelo jornal Público como um especialista em grafologia, tendo explicado a importância do estudo da caligrafia como uma forma de «descobrir as transformações que a vida operou na pessoa: se foi fiel ao seu temperamento à nascença ou se, pelo contrário, ficou aquém ou além do que o que era esperado», acrescentando que «as diferentes formas de escrita reflectem claramente as apetências profissionais dos indivíduos» e que « Grafologia permite-nos ver a história da infância com uma lucidez e precisão absolutas». Segundo Alberto Vaz da Silva, a escrita era um complemento ao diagnóstico de vários problemas de saúde, como cancros e doenças de pele, uma vez que os estudos tinham encontrado traços comuns nos indivíduos que tinham a doença e nos que a poderiam ter no futuro. Questionado sobre a possibilidade da grafologia ser aceite em território nacional parte do currículo do ensino superior, respondeu que «É meramente uma questão de tempo, porque tenho a certeza do poder curativo deste trabalho. Quando, por exemplo, a classe médica perceber o instrumento que tem… aliás, começo a ter nos meus cursos muita gente ligada à Psicologia – a Grafologia dá-lhes a parte do inconsciente que a universidade não dá». Presidiu ao Grande Conselho / Conselho das Artes, igualmente no Centro Nacional de Cultura. Manifestou também interesse nos campos da astronomia e na astrologia, foi um crítico literário e escreveu sobre cinema, tendo os seus textos sido compilados e disponibilizados pela Cinemateca Portuguesa. Também foi escritor, tendo publicado crónicas, ensaios e romances.Casou em 1959 com a jornalista e política Helena Vaz da Silva, que faleceu em 2002, tendo gerado quatro filhos. Tal como a esposa, assumiu-se como um católico progressista, tendo sido responsáveis pela fundação de uma revista dedicada ao tema, O Tempo e o Modo, que reuniu vários autores católicos que se destacaram como grandes nomes da cultura nacional, como João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Manuel António dos Santos Lourenço, Nuno Bragança, José Pedro Pinto Leite, Manuel Lucena, Mário Murteira e António Alçada Baptista. que foi considerada como uma das principais publicações que se opôs à ditadura. Ambos estiveram igualmente envolvidos na publicação da revista cultural Raiz e Utopi,que tinha sido lançada em 1977 por António José Saraiva, num período de grandes agitações políticas e sociais, após a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o Verão Quente de 1975. Faleceu em 7 de Julho de 2015, aos 79 anos de idade, devido a um cancro. Na sequência do seu falecimento, foi homenageado pelo Centro Nacional de Cultura, tendo sido considerado por Guilherme d’Oliveira Martins como «uma personalidade fascinante», que foi «um cultor da melhor amizade, como da melhor literatura e da melhor arte», e destacou a sua carreira como um crítico literário.

     

     

     

     

     


  • Verney e o Leibnizianismo (Um Aspecto da Europeização da Cultura Portuguesa no Séc.XVIII)

    Verney e o Leibnizianismo (Um Aspecto da Europeização da Cultura Portuguesa no Séc.XVIII) (€60.00)

    Maria Elvira de Morais Correia Barbosa – Verney e o Leibnizianismo (Um Aspecto da Europeização da Cultura Portuguesa no Séc.XVIII) – Dissertação de Licenciatura na Secção de Ciências Históricas e Filosóficas Apresentada a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 31 de Maio de 1951) – Coimbra – 1951.Desc.(115)Pág.Br.(Datilografia

     

     

     

     

     Verney

    Luís António Verney (Lisboa, 1713 — Roma, 1792) foi um filósofo, teólogo, padre, professor e escritor português. Foi um dos maiores representantes do Iluminismo no país e um dos mais famosos estrangeirados portugueses. É o autor de “O Verdadeiro Método de Estudar” (Valença, 1746). Filho de pai francês e de mãe portuguesa. Foi cunhado do arquiteto João Frederico Ludovice. Verney estudou no Colégio de Santo Antão e na reformadora Congregação do Oratório até se formar em Teologia na Universidade de Évora. Partiu para Roma, onde alcançou o doutoramento em Teologia e Jurisprudência. O mais conhecido e activo estrangeirado português, colheu fora do país os pensamentos de renovação que então iluminavam a Europa. A pedido de João V de Portugal, Verney iniciou a sua colaboração com o processo de reforma pedagógica do reino, contribuindo incontestavelmente para uma aproximação profícua com os ventos do progresso cultural que animavam os espíritos dos europeus mais progressistas. Devido a problemas de saúde e, principalmente, devido a incompreensões por parte dos seus compatriotas, nomeadamente, os cortesãos e o Marquês de Pombal, chegando a ser condenado à morte por lhes desagradar, partiu definitivamente exilado para Roma, onde viveu até ao fim dos seus dias.

     

     


  • A Cultura Artística e o Ensino em Portugal

    A Cultura Artística e o Ensino em Portugal(€50.00)

    Francisco da Cruz Vieira e Brito – A Cultura Artística e o Ensino em Portugal – Dissertação Para o Exame de estado da Escola Normal Superior – 9.º Grupo do Magistério Liceal – Coimbra – 1926.Desc.(125)Pág.Br (Datilografia)

     

     

     

    Francisco da Cruz Vieira e Brito

    Francisco da Cruz Vieira e Brito nasceu às duas horas da tarde do dia sete de Setembro de 1893, no lugar de Sobradelo, da freguesia de Redufinho, concelho da Póvoa de Lanhoso. Era filho do Dr. Bernardino Ribeiro de Vieira e Brito, facultativo do Partido da câmara municipal de Amares, oriundo da mesma freguesia de Santa Maria de Rendufinho, e de sua esposa, D. Quitéria de Jesus da Cruz de Vieira e Brito, esta natural da de São Paio de Brunhais, ambas as freguesias do concelho da Póvoa de Lanhoso. Seus pais haviam casado na igreja de Fontarcada, residindo, à época do nascimento deste primeiro filho, na freguesia de Ferreiros do concelho de Amares. O recém-nascido — neto paterno do doutor Francisco Hilário Ribeiro de Sousa e Brito e de D. Felizarda Rosa Vieira de Campos, e materno de Francisco José da Cruz e D. Emília Rosa da Silva e Sá — foi baptizado pelo reverendo José Joaquim Álvares na igreja da sua paróquia natal, aos quatro dia de Outubro do mesmo ano do nascimento. Para padrinho do pequeno Francisco foi escolhido o Senhor D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito, bispo de Angra e Ilhas dos Açores o qual, não podendo estar presente, foi legalmente representado por seu bastante procurador e irmão, reverendo João Maria Ribeiro de Vieira e Brito; e para madrinha a senhora D. Conceição Cruz, no estado de solteira, proprietária, da freguesia de São Paio de Brunhais. Eram ambos tios da criança baptizada. Pouco mais de um ano passado, isto é, ao sétimo dia do mês de Dezembro de mil oitocentos e noventa e quatro, nascia na mesma casa de Sobradelo de Rendufinho seu irmão único, a quem foi dado o nome de António, o qual foi baptizado na igreja da mesma paróquia aos oito dias do mês de Janeiro de mil oitocentos e noventa e cinco, sendo celebrante da cerimónia o Senhor D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito, ainda bispo de Angra e mais tarde titular da diocese de Lamego, e padrinhos o reverendo João Mara Ribeiro de Vieira e Brito e D. Antónia Bernardina Ribeiro de Vieira e Brito, solteira, proprietaria, ambos tios paternos da criança, naturais e residentes na freguesia de Santa Maria de Rendufinho. Não conseguimos descortinar, pelo menos por agora, os passos da juventude destes dois irmãos, que parecem ter sido sempre bastante unidos. Sabemos, porém, que, em 1905, era seu tutor o tio padre João Maria Ribeiro de Vieira e Brito, que por eles “e perante o notário desta comarca de Póvoa de Lanhoso, Lino António Rebelo”, assinou uma escritura, em que as crianças mutuaram a José Antonio Vieira e sua mulher, da freguesia de Friande, Póvoa de Lanhoso, “capital de quatrocentos escudos sujeito ao juro correspondente à tabela anual de cinco e meio por cento e hipoteca, que foi devidamente registada no livro treze a folhas vinte e uma verso sob o número 5.797”. No ano seguinte, em cinco de Julho, é ainda o tio padre quem por eles volta a assinar uma escritura de empréstimo de cento e sessenta escudos, dados ao juro de cinco e meio por cento a António Joaquim Fernandes, pela qual este “lhes havia feito hipoteca de vários prédios”. Seriam, nessa altura, os pequenos órfãos? A pesquisa poderá levar-nos a alguma resposta, que pelo menos por agora não existe. Mas duas coisas nos levam a pensar que assim pudesse ter sido: em primeiro lugar, por terem um tutor. E em segundo, por, meninos ainda, terem já de seu dinheiro para emprestar a juros. Seria esse dinheiro herdado de seus pais? Também ainda não conseguimos apurar, pelo menos por agora, a razão pela qual ambos os irmãos habitaram durante vários anos em Castelões, freguesia do concelho de Guimarães bastante distante da de Rendufinho. Mas sabemos que criaram ali profundas raízes, que tiveram ali propriedades, e que de tal forma a freguesia os prendeu que, pelo menos o Dr. Francisco da Cruz Vieira e Brito, veio ali a enterrar quando faleceu, em 1968. O primeiro dos irmãos, Francisco da Cruz Vieira e Brito, fez os preparatórios no liceu nacional de Braga, seguindo depois para a cidade de Coimbra, onde em 1911 se matriculou e onde se formou em medicina. Deve ter concluído a licenciatura em 1919, ano em que fez a sua matrícula para doutoramento. Entre 1921 e 1926, leccionou na UC as cadeiras de Clínica e Policlínica Médica, tendo, durante os mesmos anos, desempenhado o cargo de analista do Laboratório de Análises Clínicas da Universidade. Em Outubro de 1926 despediu-se do corpo docente da Universidade, passando a leccionar como professor agregado no Liceu José Falcão, ainda em Coimbra, a partir de 1927. Ali ficou a residir alguns anos e a exercer a sua profissão de médico durante algum tempo, pois é residente nessa cidade e na qualidade de clínico que o dá uma procuração passada ao amanuense na Póvoa de Lanhoso Guilherme José Carneiro para que este representasse ambos os irmãos numa escritura, procuração passada em Julho de 1925. Mais tarde e por largos anos, o Dr. Francisco veio residir na Avenida Central, número 131, em Braga, tendo-se tornado professor do ensino liceal na cidade, profissão com a qual se reformou[8]. É natural que em parelelo exercesse também na cidade a medicina. Mas voltemos um pouco atrás, a 1922, ano em que outorgaram a favor da sua rendeira Maria Joana Gomes, viuva e residente na mesma freguesia, a quem aqueles, sendo senhores de um foro anual de uma galinha, um frango, uma dúzia de ovos e um alqueire de milho alvo, que era obrigada a pagar-lhes esta, lhe vendem uma casa e horta junta, sitos no lugar da Devesa, através da entrega do domínio directo pelo pagamento de vinte vezes o foro acrescido do respectivo laudémio de quarentena, liquidado à face da tarifa camarária deste concelho, importância total de duzentos e trinta escudos e quarenta e sete centavos, que já receberam. Em 1924, quando, residindo “acidentalmente” em Castelões,  como é referido no documento notarial, os irmãos outorgaram uma permuta de imóveis, na mesma freguesia de Garfe, com José Baptista da Silva e mulher Esmeralda de Oliveira Peixoto, proprietários e moradores, tendo trocado entre eles leiras e matas. Os irmãos, possuiram as vastíssimas propriedades herdadas, em comum até ao ano de 1959. A oito de Agosto desse ano, fizeram perante o notário João Machado da Silva, na Póvoa de Lanhoso a partilha desses bens, nos seguintes termos. “Divisão de bens comuns: os doutores Francisco da Cruz Vieira e Brito e António da Cruz Vieira e Brito são proprietários em comum de um conjunto de prédios descritos em letra de máquina em onze meias folhas de papel selado de cinco escudos (…); o valor global dos bens comuns é de cento e sessenta e sete mil, seiscentos e trinta e quatro escudos (…), tendo o quinhão do primeiro outorgante o valor de oitenta e três mil oitocentos e dezassete escudos sendo de igual valor e o do segundo”. Que não lhes sendo conveniente continuar na “indecisão”, decidiram dividi-los entre si, criando para a partilha dois lotes, sendo o lote A e o lote B. Ao primeiro são entregues todos os prédios constantes do lote A, com suas águas e outros pertences (…), tornando aos segundos outorgantes o valor em dinheiro de mil cento e treze escudos. Refira-se, para se entender do que falamos, que os dois irmãos, Francisco e António, foram únicos e universais herdeiros do seu tio, reverendo João Mara Ribeiro de Vieira e Brito, falecido em Rendufinho, Póvoa de Lanhoso, em nove de Julho de 1954. A relação de bens herdados deste comporta 216 prédios, pelo valor matricial de 571.674$00. Não podemos deixar de dizer, contudo, que o valor matricial destas propriedades é infinitamente inferior ao valor real das propriedades, pois, como veremos já de seguida, por apenas dois campos e uma sorte de mato, pagaria o Dr. Francisco, dois anos depois, quase meia centena de contos. Certo é que Francisco da Cruz Vieira e Brito possuía, em meados da década de 1950, cerca de 200 prédios, entre urbanos ou rústicos, situados nas freguesias de Rendufinho, Garfe, Serzedelo, S. João de Rei, Oliveira e Friande[14], aos quais se juntavam outros ainda não inventariados, nomeadamente uma quinta em Porto d’Ave, freguesia de Taíde, que viria a legar à Irmandade da Senhora do Porto. Apesar do seu vastíssimo património imobiliário, o Dr. Francisco, em 1956, continuava a comprar propriedades, como aconteceu com os campos da Senra e da Leira, com água de lima e rega da poça do Verdeal, e com a sorte do mato da Volta ou do Penedo da Boca Aberta ou ainda das Trinta Carvalhas, na freguesia de Taíde, adquiridas por quarenta e cinco mil escudos a Parcídio Joaquim Fernandes Vaz, solteiro, maior, empregado comercial residente na rua do Monte Cativo, número 440, na cidade do Porto. Falta-nos apurar todas as benemerências feitas em Porto d’Ave, mas é certo que para além de doações, pagou do seu bolso várias obras feitas no santuário. O Dr. Francisco da Cruz Vieira e Brito faleceu, solteiro, na sua residência, sita à freguesia de São Victor, em Braga, em oito de Junho de 1968, depois de uma “melindrosa operação. Tinha 74 anos de idade e foi sepultado no cemitério de Castelões, concelho da Guimarães

     

     

     

     


  • “De Magistro” Diálogo de Santo Agostinho (Introdução-Tradução-Notas)

    “De Magistro” Diálogo de Santo Agostinho (Introdução-Tradução-Notas)(€50.00)

    Maria Antónia Esteves Dionísio -“De Magistro” Diálogo de Santo Agostinho (Introdução-Tradução-Notas) – Dissertação Para a Licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, na Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra – Universidade de Coimbra – Coimbra – 1947.Desc.(141)Pág.Br.

     

    Aurélio Agostinho de Hipona S.Agostinho

    Aurélio Agostinho de Hipona (em latim: Aurelius Augustinus Hipponensis;Tagaste, 13 de novembro de 354 – Hipona, 28 de agosto de 430), conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Foi bispo de Hipona, uma cidade na província romana da África. Escrevendo na era patrística, é amplamente considerado como o mais importante dos Padres da Igreja no ocidente. Suas obras-primas são De Civitate Dei (“A Cidade de Deus”) e “Confissões”, ambas ainda muito estudadas atualmente. De acordo com Jerônimo, seu contemporâneo, Agostinho “restabeleceu a antiga fé”. Em seus primeiros anos, Agostinho foi muito influenciado pelo maniqueísmo e, logo depois, pelo neoplatonismo de Plotino. Depois de se converter ao cristianismo e aceitar o batismo (387), desenvolveu uma abordagem original à filosofia e teologia, acomodando uma variedade de métodos e perspectivas de uma maneira até então desconhecida. Acreditando que a graça de Cristo era indispensável para a liberdade humana, ajudou a formular a doutrina do pecado original e deu contribuições seminais ao desenvolvimento da doutrina da guerra justa. Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de “Igreja Católica” como uma “Cidade de Deus” espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material de mesmo nome. “A Cidade de Deus” estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da Trindade como postulado pelo Concílio de Niceia e pelo Concílio de Constantinopla. Na Igreja Católica Romana e na Comunhão Anglicana, Agostinho é veneradocomo um santo, um proeminente Doutor da Igreja e o patrono dos agostinianos. Sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto. Muitos protestantes, especialmente os luteranos e calvinistas, consideram Agostinho como um dos “pais teológicos” da Reforma Protestante por causa de suas doutrinas sobre a salvação e graça divina. Na Igreja Ortodoxa, algumas de suas doutrinas não são aceitas, como a da cláusula Filioque,do pecado original e do monergismo. Ainda assim, apesar destas controvérsias, é considerado também um santo, sendo comemorado como “Beato Agostinho” no dia 15 de junho. Ainda assim, numerosos autores ortodoxos advogaram a favor de suas obras e de sua personalidade, como Genádio II de Constantinopla e Seraphim Rose.

     


  • Influência de Kant em Herculano

    Influência de Kant em Herculano (€50.00)

    Maria Luisa Raposo de Moura – Influência de Kant em Herculano (Dissertação de Licenciatura na Secção de Ciências Históricas a Faculdade de Letras da universidade de Coimbra) – Coimbra – 1955.Desc.(99)Pág.E.

     

    Immanuel Kant

    Immanuel Kant – Königsberg, 22 de abril de 1724 – 12 de fevereiro de 1804) ou Emanuel Kant, foi um filósofo alemão (nativo do Reino da Prússia) e um dos principais pensadores do Iluminismo. Seus abrangentes e sistemáticos trabalhos em epistemologia, metafísica, ética e estética tornaram-no uma das figuras mais influentes da filosofia ocidental moderna. Em sua doutrina do idealismo transcendental, Kant argumentou que o espaço e o tempo são meras “formas de intuição” que estruturam toda a experiência e que os objetos da experiência são meras “aparências”. A natureza das coisas como elas são em si mesmas é incognoscível para nós. Em uma tentativa de contrariar o ceticismo, ele escreveu a Crítica da Razão Pura (1781/1787), sua obra mais conhecida. Kant traçou um paralelo com a revolução copernicana em sua proposta de pensar os objetos dos sentidos em conformidade com nossas formas espaciais e temporais de intuição e as categorias de nosso entendimento, de modo que tenhamos conhecimento a priori desses objetos. Kant acreditava que a razão também é a fonte da moralidade e que a estética surge de uma faculdade de julgamento desinteressado. Ele foi um expoente da ideia de que a paz perpétua poderia ser assegurada por meio da democracia universal e da cooperação internacional, e que talvez este pudesse ser o estágio culminante da história mundial. A natureza das visões religiosas de Kant continua a ser objeto de disputa acadêmica. Também controversos são os pontos de vista de Kant sobre raça. Ele defendeu o racismo científico durante grande parte de sua carreira, mas mudou seus pontos de vista sobre raça na última década de sua vida. Kant também publicou importantes obras sobre ética, religião, direito, estética, astronomia e história durante sua vida. Estes incluem a História Natural Universal(1755), a Crítica da Razão Prática (1788), a Crítica do Poder de Julgamento (1790), a Religião nos Limites da Simples Razão (1793) e a Metafísica dos Costumes(1797).

     


  • Introdução a História da Língua Portuguesa dos Factores Externos a Dinâmica do Sistema Linguístico

    Introdução a História da Língua Portuguesa dos Factores Externos a Dinâmica do Sistema Linguístico (€15.00)

    Jaime Ferreira da Silva & Paulo Osório – Introdução a História da Língua Portuguesa dos Factores Externos a Dinâmica do Sistema Linguístico – Edições Cosmos – Chamusca – 2008.Desc.(230)Pág.Br.


  • Jesus Passou Por Aqui

    Jesus Passou Por Aqui (€30.00)

    Guedes de Amorim – Jesus Passou Por Aqui – Parceria A.M.Pereira, Lda – Lisboa – 1967.Desc.(516)Pág.Br

     

    António Guedes

    António Guedes de Amorim nasceu no lugar de Sá, freguesia de Sedielos, concelho do da Régua, em 26 de Outubro de 1901. «Sou filho e neto de cavadores e tenho séculos de enxadas atrás de mim… Como brasão, honra- me e chega.» – diz numa entrevista a Lopes de Oliveira. É um bom exemplo de escritor que se fez a si mesmo, contando apenas com o seu talento e persistência, pois as condições económicas da família não lhe permitiram levar a escolaridade além do ensino primário, que concluiu na Régua. Aos oito anos, ainda na escola, manifestou-se a sua vocação para a escrita, já que foi nessa altura responsável pelo pequeno jornal de parede da escola. Já então, nesse jornal de parede, defendia os pobres trabalhadores rurais do Douro. Terminado o ensino primário, com onze anos apenas empregou-se num estabelecimento de fazendas, ainda na Régua, frequentando à noite aulas de um professor que lhe ensinou algo mais. Depois de uma breve passagem por Penafiel, mudou-se aos dezasseis anos para o Porto, onde encontrou um emprego no mesmo ramo de comércio. Mas aqui, dando largas à vocação da sua vida, foi desde logo começando a colaborar em algumas publicações e a escrever textos para récitas académicas. Pouco depois vemo-lo a colaborar assiduamente em diversos jornais do Porto (entre eles, A Tribuna e o Jornal de Notícias) e também de Lisboa, África e Brasil. Esta intensa actividade jornalística passou a ser a sua profissão. Até final da vida, publicaria muitas centenas, senão milhares, de crónicas em inúmeras publicações regulares. Chegavam a aparecer diariamente, nos diversos jornais, quatro e cinco artigos de sua autoria. Pelos seus próprios cálculos, escrevia por dia umas cinco mil palavras. Com pouco mais de vinte anos, fixou-se em Lisboa, onde prosseguiu e intensificou a actividade jornalística, a que somava agora a criação literária propriamente dita: romances, novelas e contos. Guedes de Amorim encontra os temas para a sua ficção não apenas no mundo rural, que aliás deixou muito novo, mas também na grande cidade. Em ambos os casos se movimenta com muita desenvoltura, privilegiando os temas sombrios e os dramas e conflitos sociais. Numa primeira fase, a sua literatura mostra influências do naturalismo, sobretudo na escolha de temas e ambientes urbanos mais ou menos mórbidos e nocturnos. A partir de 1939, ano da publicação de Aldeia das Águias, volta-se preferentemente para os temas rurais, aproximando-se então dos cânones do neo-realismo, tal a preocupação com a sorte dos mais pobres e desprotegidos e com os conflitos sociais. Ele próprio estava então próximo, ideologicamente, do marxismo. «Eu não sei falsificar a vida!», diz Guedes de Amorim na entrevista referida. «Depois, os meus livros são espelhos dos que vêm de baixo, dos que carregam hereditariedades de infortúnio e não viram ainda o sol da ventura!… Eu não sei atraiçoar os que sofrem.» Escreve então alternadamente sobre temas urbanos e rurais, mas sempre nessa perspectiva de intervenção social. Mas, a partir de certo momento, após a leitura de uma obra sobre São Francisco de Assis, assumiu uma postura intelectual próxima do cristianismo. Ele próprio conta, no longo preâmbulo à sua biografia de São Francisco, o episódio simbólico de como trocou, num alfarrabista, o seu exemplar de O Capital pelas Florinhas do glorioso São Francisco e seus frades, que nessa mesma noite de insónia leu, e com a leitura encontrou «um novo caminho, que me dava outra, completa e definitiva dimensão do Homem». Iniciou então nova etapa da sua carreira de escritor. Escreveu então duas obras que reflectem a sua nova atitude: Francisco de Assis, Renovador da Humanidade (1960) e Jesus passou por aqui (1963). E a visão do mundo segundo uma óptica franciscana nunca mais o abandonou. Na morte, que ocorreu em Lisboa a 11 de Março de 1979, quis ir amortalhado com o hábito da Ordem de São Francisco. Como obras da ruralidade, são de destacar os livros de contos Os barcos descem o rio (1945), A máscara e o destino (1951) e Caminhos fechados (1952), e os romances Aldeia das Águias (1939) e Casa de Judas (1953). Guedes de Amorim recebeu, entre outras, duas importantes consagrações: a Academia das Ciências de Lisboa conferiu-lhe o Prémio Ricardo Malheiros, em 1939, pelo romance Aldeia das Águias e o Pen Club do Brasil atribuiu-lhe o Prémio Cervantes pela obra Jesus passou por aqui, entregue em 1964 . Em 26 de Outubro de 2001, assinalando o centenário do seu nascimento, foi prestada uma homenagem a Guedes de Amorim, com a colocação de uma lápide na casa onde nasceu e uma sessão cultural, na Régua. O jornalista Guedes de Amorim escreveu um número enorme de crónicas, nas quais certamente haverá alusões mais ou menos detalhadas aos concelhos de Lamego, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio e Vila Real, concelhos que, juntamente com o do Peso da Régua, onde nasceu, constituíam o seu universo da juventude. É um trabalho de investigação que está por fazer e será certamente um desafio estimulante para quem se abalance a aceitá-lo. Nas suas obras de ficção, um pouco ao acaso, foi possível recensear diversas referências interessantes a Vila Real, algumas das quais confirmam aliás certos lugares comuns vila-realenses, que se encontram igualmente presentes na obra de outros escritores. No livro de contos A máscara e o destino, tenha-se em consideração que a figura de Aninhas, no conto homónimo, viera para Vila Real fazer o Curso do Magistério Primário. A presença desde muito cedo de médicos especialistas na sede do distrito é lembrada no conto «Comboio de Vila Real» (sem dúvida, o comboio da Linha do Vale do Corgo), que motiva na personagem principal a evocação das viagens reais naquela mesma linha para as estâncias termais do Alto Tâmega. No romance Casa de Judas, o autor recorda o combate de Parada de Cunhos e a ocupação de Vila Real pelas tropas trauliteiras. No romance Aldeia das Águias, Henrique e Eduardo são alunos do Liceu de Vila Real. Estavam hospedados em casa dos Samardãs, faziam longos passeios na Rua Direita, iam até à estação do caminho-de-ferro à chegada do comboio correio, davam passeios na Avenida Carvalho Araújo, onde um deles, Eduardo, fixava com interesse a casa onde, segundo a tradição, nasceu Diogo Cão. Há também a referência aos capitalistas usurários de Vila Real e uma magnífica descrição do passeio de trás do cemitério.

     


  • Catedral de Santa Maria de Coimbra (Sé Velha)

    Catedral de Santa Maria de Coimbra (Sé Velha)(€15.00)

    José Eduardo Reis Coutinho – Catedral de Santa Maria de Coimbra (Sé Velha) – Gráfica de Coimbra – Coimbra – 2001.Desc.(100)Pág.Br.ilust


  • Expectativa e Movimento no Filoctetes

    Expectativa e Movimento no Filoctetes

    Carlos Morais – Expectativa e Movimento no Filoctetes / Estudos de Cultura Clássica da Universidade de Coimbra – 4 – Edição Instituto Nacional de Investigação Científica / Distribuição Imprensa Nacional – Casa da Moeda – Coimbra/Lisboa – 1991.Desc.(176)Pág.Br.


  • Sant’anna Três Séculos de Convento Um Século de Quartel

    Sant’anna Três Séculos de Convento Um Século de Quartel(€15.00)

    Jorge Manuel Vieira Alves Ferreira & José Romão Mourato Caldeira – Sant’anna Três Séculos de Convento Um Século de Quartel – Edição Câmara Municipal de Coimbra – Coimbra – 2006.Desc.(187)Pág.Ilust.Br.


  • Elefante Dundum (Missão, Testemunho e Reconhecimento)

    Elefante Dundum (Missão, Testemunho e Reconhecimento)(€50.00)

    João Luíz Mendes Paulo – Elefante Dundum (Missão, Testemunho e Reconhecimento) – Edição de Autor – Comissão Portuguesa de História Militar – Gráfica Rolo & Filhos – Mafra – 2006.Desc.(260) + (133) Pág.Br.Ilust


  • História da Aldeia da Fórnea e da Sua Comissão da Melhoramentos (A Saga Dos Povos da Serra do Açor)

    História da Aldeia da Fórnea e da Sua Comissão da Melhoramentos (A Saga Dos Povos da Serra do Açor)(€20.00)

    Manuel Francisco Pereira – História da Aldeia da Fórnea e da Sua Comissão da Melhoramentos (A Saga Dos Povos da Serra do Açor) – Edição de Autor / Gráfica de Coimbra – Piódão / Arganil – 2006.Desc.(314)Pág.Br.Ilust


  • Frente ao Mar (Contos e Novelas)

    Frente ao Mar (Contos e Novelas)(€15.00)

    José Loureiro Botas – Frente ao Mar (Contos e Novelas) – Portugália Editora – Lisboa – 1943.Desc.(155)Pag.Br.

     

    José Loureiro Botas

    José Loureiro Botas (Marinha Grande, Vieira de Leiria, Praia da Vieira, 6 de Julho de 1902 – Lisboa, 18 de Junho de 1963) foi um comerciante, jornalista e escritor português. De família humilde,foram seus pais Joaquim Loureiro Botas e sua mulher Maria Malaquias. O pai de José Loureiro Botas, dono duma companhia de pesca, exercia também funções de banheiro salva-vidas, tendo sido condecorado com a Medalhado Real Instituto de Socorros a Náufragos pela Rainha D. Amélia de Orleães, em 1892, pelo seu mérito nessa tarefa. Quanto à mãe, ocupava-se no comércio de pescado. Frequentou em Vieira de Leiria a Instrução Primária, que concluiu aos 9 anos, com Distinção. Nessa altura, em 1911, “O Século” noticia o facto, advogando um apoio governamental que lhe permitisse prosseguir os estudos. Mas o apoio pedido não surge. Chegando a matricular-se no Liceu de Leiria, Botas não pode contudo, por falta de recursos, frequentar as aulas. Uma possibilidade de ajuda nesse sentido por parte do Padrinho rapidamente desaparece também, devido à súbita morte deste. Logo que fez Exame de Instrução Primária, aos 9 anos, José Loureiro Botas começa, então, a trabalhar no Comércio, primeiro na Marinha Grande, depois, a partir dos 18 anos, empregou-se no Comércio em Lisboa. Aí, trabalhou numa retrosaria e numa loja de roupas do Chiado. Mais tarde, tornou-se proprietário comercial, primeiro duma retrosaria e, depois, com outros Sócios, da Pastelaria Irlandesa, na Rua Alexandre Herculano, a partir de 1938. No princípio dos anos de 1920, frequentou, tendo sido aprovado com elevada classificação, o Curso nocturno de Comérciodo Ateneu Comercial de Lisboa, instituição de que era Sócio desde 1921, e que concluiu com Distinção. Pertenceu aos Corpos Sociais e à Direcção do Ateneu Comercial de Lisboa durante mais de 30 anos, desde 1930 até falecer. Dedicou a esta associação o seu primeiro livro, Litoral a Oeste. José Loureiro Botas relaciona-se com alguns círculos da intelectualidade da época, entre escritores, jornalistas e artistas plásticos. Todos os Verões, regressa à Praia da Vieira, onde mantém igualmente uma extensa rede de contactos. Foi no Boletim e noutras folhas do Ateneu Comercial de Lisboa que publicou os primeiros textos. Como Escritor, revelou-se logo, tendo sido também premiado, nos Jogos Florais do Ateneu Comercial de Lisboa de 1938-1939, ganhando os primeiros prémios em novela desportiva e conto. Ganhou ainda, com a novela Medalha de Oiro, um Prémio Literário associado aos Jogos Desportivos Nacionais de 1937. Em 1940, inicia a publicação em livro dos seus trabalhos, e lançou um livro de contos, com Litoral a Oeste, com que obteve o Prémio Fialho de Almeida, do Secretariado Nacional de Informação, trabalho que a crítica consagrou, e que foi duas vezes reeditado. Em 1944, sai publicado Frente ao Mar, que teve segunda edição, produção que o classifica como um dos melhores contistas contemporâneos Portugueses. O terceiro livro, Maré Alta, é de 1952. Sete anos depois, em 1959, vem a lume Nasci à Beira do Mar (versos), e, em 1963, publica-se Barco sem Âncora. Como é sabido, os contos e novelas de José Loureiro Botas têm por tema principal a vida da população pobre da Praia da Vieira, sobretudo dos pescadores e ocupações adjacentes. Muitas vezes, pintou nos seus escritos personagens e acontecimentos verídicos. Dedicou-se, também, ao Jornalismo, tendo colaborado em muitos jornais e revistas, mas, principalmente, acidentalmente no “Mundo Ilustrador” e n’ “O Século”, “Diário Popular” e “Atlântico”. Também o “Boletim do Ateneu Comercial de Lisboa” continua a publicar contos seus, o mesmo fazendo em 1979, já depois da sua morte, o “Jornal da Marinha Grande“, no qual, entre 25 de Maio de 1978 e 26 de Julho de 1979, é publicado Barco sem Âncora. Em 1959, fora já homenageado em Sessão Solene no Ateneu Comercial de Lisboa. O seu funeral realizou-se no cemitério de Vieira de Leiria. Após a sua morte, o Ateneu Comercial de Lisboa inicia uma subscrição para colocar no túmulo de José Loureiro Botas uma lápide evocativa, que será colocada anos mais tarde. Ainda antes disso, em 1965, a Biblioteca de Instrução Popular dedicou ao autor a sua Sessão Solene de Aniversário, à qual se deslocam representantes do Ateneu Comercial de Lisboa. No ano seguinte, em 1966, a Escola desta última Associação prestou também homenagem ao escritor, atribuindo o seu nome, em sessão solene, a uma Sala de Biblioteca e convívio. Em 1971, o dinamizador da recém-iniciada actividade cultural no Ateneu Comercial de Lisboa coloca essa nova linha de acção associativa sob a evocação de José Loureiro Botas. Em 1977, é dado o seu nome a uma Rua da Praia da Vieira. A Escola do 3.° Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário da Praia da Vieira recebeu o seu nome. A sua obra foi objecto de análise pela jornalista Leonor Bandarra, em sucessivos números do “Correio do Minho“, tendo o conjunto dessa análise sido publicado em opúsculo em 1974. José Loureiro Botas encontra-se antologiado na Bulgária, numa colectânea de autores portugueses editada naquele país em 1979.