Otelo Saraiva de Carvalho – Alvorada em Abril – Livraria Bertrand – Lisboa – 1977. Desc. 650 pág / 20 cm x 15 cm 7 Br.
Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho (Lourenço Marques, Conceição, 31 de Agosto de 1936) é um ex-militar português, estratega do 25 de Abril. Único filho de três de Eduardo Saraiva de Carvalho (Lisboa, Santos-o-Velho, 9 de Agosto de 19121 – 29 de Setembro de 1969), Funcionário dos CTT em Lourenço Marques, e de sua mulher (Lourenço Marques, Conceição, 7 de Julho de 1934) Fernanda Áurea Pegado Romão (Goa, Goa Sul, Salcete, Margão, 30 de Novembro de 1917 – Lisboa, 1981), ainda com alguma ascendência Goesa católica. Foi Capitão de Artilharia em Angola de 1961 a 1963 e também na Guiné entre 1970 e 1973, sendo um dos principais dinamizadores do movimento de contestação ao Decreto Lei nº 353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães e ao MFA. Pertenceu à Legião Portuguesa, milícia marcadamente fascizante do Salazarismo e conhecida pelo apoio que prestava à PIDE. Entre 1964 até cerca de 1968, foi professor na “Escola Central de Sargentos” em Águeda. Pesar do seu passado de colaborador com o regime, viria a ser um dos Comandantes Militares da Revolução de 25 de Abril de 1974, era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de Abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha, após o que foi graduado em Brigadeiro, e nomeado Comandante-Adjunto do COPCON (Comando Operacional do Continente), sob a dependência directa do General Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e Comandante da Região Militar de Lisboa a 13 de Julho de 1974, em Março de 1975 foi graduado em General de Divisão e passou a exercer na prática o Comando efectivo do COPCON desde Setembro de 1974, tendo passado a ser Comandante do COPCON a 23 de Junho de 1975.5 Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975, no dia seguinte,6 por realizar de ânimo leve uma série de ordens de prisão e de maus tratos de elementos moderados. Fez parte do Conselho da Revolução desde que este foi criado, a 14 de Março de 1975, até Dezembro de 1975. A partir de 30 de Julho do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o V Governos Provisório na qual os restantes membros do Conselho da Revolução delegaram temporariamente os seus poderes (mas sem abandonarem o exercício das suas funções).Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do 25 de Novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de 1976, onde obteve 16,5% dos votos, obtendo a maior votação no Distrito de Setúbal, com 41,8%. Em 1980 cria o partido Força de Unidade Popular (FUP) e volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980. Foi Medalha de 2.ª Classe de Mérito Militar e Medalha de Prata de Comportamento Exemplar. A 25 de Novembro de 1983 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.9 10 Na década de 1980 foi acusado de liderar a organização terrorista FP-25, responsável pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80. Foi detido em 1984. Em 1985 foi julgado e condenado em tribunal pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril. Após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficou em prisão preventiva cinco anos, passando a aguardar julgamento em liberdade provisória. Foi despromovido a Tenente-Coronel. Mais tarde acusou o PCP de ter estado por trás da sua detenção e de ter feito com que ficasse em prisão preventiva tanto tempo. Acusou ainda alguns nomes então na Polícia Judiciária, como a Directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, então na PJ, de, devido à militância no PCP, ter estado por trás da sua detenção. Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do Caso FP-25. Em 2011, admitiu que se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de Abril. Otelo lamenta as “enormes diferenças de carácter salarial” que existem na sociedade portuguesa: