
João Bernardo – Marx Crítico de Marx – Livros primeiro Epistemologia, Classes Sociais e Tecnologia em “O CAPITAL” – (Vol. 1-2 & 3) – Biblioteca das Ciências Humanas – Afrontamento – Porto – 1977.Desc.(375) + (220) + (299)Pág.B

João Bernardo Maia Viegas Soares (Porto, 1946), mais conhecido pelo prenome João Bernardo com que assina sua obra escrita, é um militante político e ensaístaportuguês . Tem se dedicado à pesquisa em torno da crítica ao capitalismo, tais como o fascismo e seus desenvolvimentos contemporâneos; da formação do capitalismo a partir do desenvolvimento do regime senhorial da Idade Média; do sindicalismo; da teoria e da prática da administração; da teoria do Estado; da exploração do trabalho e dos métodos de organização do trabalho; e da história do movimento operário. João Bernardo se filia, desde que se afastou do estalinismo maoísta, por volta de 1973, a uma tradição do pensamento marxista que tem suas origens no comunismo de conselhos representado por Karl Korsch, Anton Pannekoek, Herman Gorter, entre outros, no início do século XX. Ele apresenta uma visão crítica do capitalismo em várias obras, bem como do sistema soviético, qualificado por ele como capitalismo de estado. Uma de suas teses é a teoria da classe dos gestores, que seria, no campo da teoria social marxista, uma outra classe social além da burguesia e do proletariado Pela sua acção na contestação estudantil foi processado disciplinarmente, sofrendo a pena de oito anos de exclusão de todas as universidades portuguesas. Em 1965-1966 foi preso três vezes e condenado em Tribunal Plenário com pena suspensa. João Bernardo Maia Viegas Soares nasceu no Porto, em 1946. Participou, desde muito jovem, em organizações comunistas clandestinas onde manifestava oposição radical à ditadura de Salazar. Militante activo na Resistência contra o fascismo, foi-lhe negado o acesso às universidades portuguesas e, sendo perseguido pela PIDE, viu-se condenado ao exílio. Em 1968 exilou-se em França. Em Paris aproximou-se de grupos maoístas. As suas inquietações intelectuais incentivaram-no ao autodidatismo. Explorava as possibilidades do ambiente académico sem, no entanto, poder dar sequência a estudos como aluno regular. Num contexto de grande agitação política e intelectual, permaneceu na França até 1974. Escritor, pensador e historiador autodidacta, passou a ter grande actividade como conferencista em universidades brasileiras. Com a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, João Bernardo regressou a Portugal e, em Lisboa, ajudou a organizar o grupo que fundou o jornal «O Combate». Em 1965, quando era estudante de História da Universidade de Lisboa, envolveu-se numa discussão com o reitor da Universidade, Paulo Cunha, e acabou por ser acusado de agressão. Por este motivo e pela sua acção na contestação estudantil foi processado disciplinarmente, recebendo a pena de oito anos de exclusão de todas as universidades portuguesas. Em 1965-1966 foi preso três vezes e condenado em tribunal criminal com pena suspensa. De 1963 a 1966 foi militante do Partido Comunista Português (PCP). A partir de 1966 passou a militar na “reconstrução da organização maoísta”, que fora destruída pela polícia política PIDE. No final de 1967 João Bernardo entrou na clandestinidade e em Maio de 1968 decidiu-se pelo exílio, fugindo de Portugal. Em Paris, (onde iria permanecer de 1968 a 1974), militou na “fracção maoísta do comunismo português”, estruturado no “pequeno Comité Marxista-Leninista Português”. Em 1969 entrou em divergência com a direcção deste grupo e redigiu as “Cartas de Tiago”, documentos nos quais defendia os seus pontos de vista. As “Cartas” foram a base programática do grupo que então fundou: os «Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas (CCRm-l)», que vieram a ter alguma implantação no interior do país a partir de 1970, nomeadamente na Universidade Técnica de Lisboa, em algumas fábricas da região de Lisboa e na Companhia Carris de Ferro de Lisboa. (Os CCRm-l foram quase destruídos pela polícia política em 1972-1973, mas a organização conseguiu sobreviver). Em 1974, João Bernardo foi expulso dos CCRm-l que criara, sob acusações de trotskismo e de “ligações a grupos denunciados por militantes pró-chineses como agências directas da CIA”. Entretanto, quando os CCRm-l, reassumindo a orientação estalinista-maoísta original, deram origem à UDP, João Bernardo e outros antigos militantes do CCRm-l fundaram o jornal «Combate», publicado de 1974 até 1978, de tendência libertária, e que esteve muito ligado às ocupações de empresas e às comissões de trabalhadores. O pensamento e a obra de João Bernarddesde que se afastou do estalinismo maoísta (1973), João Bernardo filiou-se numa tradição do pensamento marxista com origens no «comunismo de conselhos», representado por Karl Korsch, Anton Pannekoek, Herman Gorter, entre outros, no início do século XX; apresenta uma visão crítica do capitalismo em várias obras, bem como do sistema soviético, qualificado por ele como «capitalismo de estado». Uma das suas teses é a teoria da classe dos gestores, que seria uma outra classe social além da burguesia e do proletariado. Foi historiando e reflectindo sobre as bases societárias das lutas anti-capitalistas no seio das experiências socialistas contemporâneas e na própria experiência portuguesa que João Bernardo definiu o seu projecto de marxismo centrado no que chamou “marxismo das relações sociais de produção” que, como programa teórico – prático, antepõe ao “marxismo das forças produtivas, paradigma dos partidos comunistas”. Depois de vários anos de estudos em Portugal, em outros países europeus e nos Estados Unidos, decidiu ir para o Brasil em 1984, a convite do professor Maurício Tragtenberg (1929- 1988), sociólogo e pedagogo. Ministrou cursos como professor convidado em várias universidades públicas brasileiras até 2009 e cursos livres em sindicatos, especialmente na CUT até 1992. Tem se dedicado à pesquisa em torno da crítica ao capitalismo, tais como o fascismo e seus desenvolvimentos contemporâneos; da formação do capitalismo a partir do desenvolvimento do regime senhorial da Idade Média; do sindicalismo; da teoria e da prática da administração; da teoria do Estado; da exploração do trabalho e dos métodos de organização do trabalho; e da história do movimento operário.