Coimbra Para ser Coimbra…

Coimbra Para ser Coimbra… «€12.50»

João Conde Veiga – Coimbra Para ser Coimbra… – Logos Edições, Lda – Lisboa – 1993. Desc.[77] pág / 22,5 cm x 17 cm / Br.

 

João Heliodoro Conde Veiga nasceu em Soure a 4 de Abril de 1935, vila onde fez os estudos da Instrução Primária. Seguiu depois para Coimbra, onde viveu com os seus pais e avós, tendo sido aluno do Liceu D. João III. De acordo com um texto seu intitulado “Plácido Castro e o Jornal de Notícias”[1], Conde Veiga dá-nos a conhecer as suas origens na Galiza e o caminhar dos seus antepassados até Coimbra, onde se fixaram. Um dos seus antepassados foi o poeta operário Adelino Veiga (1848 – 1887), que se tornou notável e cuja resenha biográfica já aqui apresentámos. No livro de António Gonçalves sobre a vida e obra de Adelino Veiga[2], dá-se a informação que os seus pais são de Castelo Viegas e Santa Justa, em Coimbra e que os avós são de Castelo Viegas, Mondim do Basto e Góis. Esta vinda dos seus antepassados para a zona de Coimbra, terá acontecido no século XVIII, ou mesmo antes e a linha de descendência deverá ser a da irmã de Adelino Veiga, Rosália Veiga ou o seu irmão Maximiano Veiga, já que Adelino Veiga que morre às 13.00 horas do dia 8 de Março de 1887, aos 39 anos, não deixou descendência. Vivia no nº 27 do Largo do Romal. Uma das ruas mais movimentadas da Baixa de Coimbra, que liga o Largo das Ameias e a Praça Velha, tem o seu nome. Terminado o curso liceal, João Conde Veiga segue para a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde vem a interromper o curso para fazer o serviço militar e uma comissão de serviço em Angola, nos anos 60. Só depois de regressado da guerra colonial, é que vem a acabar o curso de Direito, a 30 de Janeiro de 1965. Pertenceu à Tuna Académica de Coimbra, como viola de fado, tendo feito parte de vários grupos de fados e guitarradas de Coimbra, no final dos anos 50, princípios dos anos 60, do século passado. Em finais de 1956 forma um grupo de fados e guitarradas de Coimbra, com José Niza (1938 – 2011) e David Leandro, nas guitarras e o primo deste último, Emanuel Maranha das Neves, que com Conde Veiga, assegurava o acompanhamento nas violas. Tinha 21 anos. Naquela altura em Coimbra já estava assumida a hegemonia do grupo de Fados e Guitarradas de António Portugal (1931 – 1994), com Jorge Godinho (1938 -1972), nas guitarras, acompanhados por Manuel Pepe (1930 – 2008) e Levy Baptista, nas violas. Também por essa altura, talvez um pouco mais tarde, surge o grupo de Jorge Tuna, já com Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e José Tito Mackay (1936 – 2006). Conde Veiga acompanhou António Portugal, Júlio Ribeiro e outros, e cantores como José Afonso, Luiz Goes, Machado Soares, Sutil Roque, Barros Madeira, Sousa Pereira, Mário Medeiros, Mário Pombo, José  Dias e muitos outros. É desse tempo, a composição tão bonita, denominada “Fado da Despedida (Quando passas nos meus olhos)”, que veio a ser musicada por Luiz Goes (1933 – 2012), e que ele tão bem cantou. Pelo seu filho, o Dr. Juiz Pedro Conde Veiga tivemos conhecimento como nasceu esta composição. Um dia em que estavam a acompanhar o Luiz Goes, este trauteava uma música este diz para o Conde Veiga, conhecido pelas suas poesias:

– “É pá, tu é que me podias fazer uma poesia para esta música!”.

O outro que já tinha uma composição mais ou menos elaborada, vira a viola, e nas costas, escreve num papel:

Quando passas nos meus olhos

Nunca és o que eu sonhei;

Se és vida, nunca vivi

Se és amor, nunca te amei.

Não podes negar-me um beijo,

Senhora da minha vida,

Nunca se nega uma esmola

A uma alma perdida.

 

Luiz Goes gostou da letra e ali nasceu esta composição a que João Conde Veiga deu o nome do Fado da Despedida. Diz o filho que para além de Goes e Zeca Afonso, o pai recordava muito o Durval Moreirinhas, como bom companheiro e um prodígio na arte de violista e compositor. Escreveu outras composições durante o tempo de Coimbra, colaborando regularmente no jornal académico “Via Latina”. A seguir à formatura, concluída no dia 30 de Janeiro de 1965, foi director e editor da revista “Itinerário”, propriedade de Aníbal Pinto de Castro, que tinha um Conselho de Redacção constituído por António Leite da Costa, Armando Luiz, Carlos Alberto de Faria, João Bigotte Chorão e José Pinto Mendes. Pelos trinta e poucos anos, rumo ao Norte onde constitui família e se radica o homem como alguém escreveu que era “um vila-condense nascido em Soure”. Na cidade Invicta, vem a ser professor universitário, doutorando-se com uma tese denominada “Fundamento das Teorias e Metodologias da Comunicação. Revisão crítica e proposta de superação”. Escreveu vários livros, entre eles, “Coimbra para ser Coimbra”, “Os mais belos rios de Portugal”, “Ezequiel de Campos: o homem e a obra, Introdução ao Estudo da Comunicação Social”, “Nelson Quintas: uma biografia”. Contamos muito em breve dispor de elementos adicionais do percurso de vida do professor Conde Veiga, que enriquecerão esta síntese biográfica.