O Caso Dias Coelho

O Caso Dias Coelho
O Caso Dias Coelho «€20.00»

Fernando Luso Soares – O Caso Dias Coelho – Tip.Jornal do Fundão Editora – Lisboa – 1977.Desc.69 Pagi/ 24,5x 17cm/ Brochado

 José Dias Coelho (Pinhel, 19 de Junho de 1923 — Lisboa, 19 de Dezembro de 1961) foi um artista plástico e militante e dirigente do Partido Comunista Português. Natural de Pinhel, próximo da Guarda, foi o quinto de nove irmãos. Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista, e mais tarde, ao MUD Juvenil, em 1946. Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitectura, que abandonou, para frequentar o de Escultura. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país, é também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico. José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitectos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente 8 CV/Esq, no Bairro de São Miguel em Lisboa. Em 1959 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP, com o objectivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às actividades dos militantes clandestinos. Exercia esta actividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa. O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A morte saiu à rua. Da sua vida pessoal há ainda a salientar a sua relação com a também artista plástica, Margarida Tengarinha. O casal teve três filhas. Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (sessões feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil. Já estava na clandestinidade quando, em Junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas. José Dias Coelho foi um dos organizadores das EGAP’s, desde a sua primeira edição em 1946, e é um dos artista que expõe a partir da segunda. Na décima edição, e por não poder participar abertamente, dado estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para garantir que o seu nome consta do catálogo. Com uma intensa actividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitectos Keil do Amaral e João Abel Manta, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência na África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.