Domingos dos Reis Quita – Obras Poéticas de Domingos dos Reois Quita chamado entre os da Arcadia Lufiatana Alcino Micenio dadas a Luz Pr Barel, e Rolland – Tomo I & II – Na Officina de Miguel manefcal da Cofta – Lisboa – 1766. Desc. 169 + 184 pág / 15,5 cm x 10,5 cm / E. Pele
Domingos dos Reis Quita – Poeta português nascido em 1728, em Lisboa, e falecido em 1770. Cresceu no seio de uma família humilde e teve, por conseguinte, de valer-se, desde muito novo, do ofício de cabeleireiro, que era na época relativamente bem cotado. Brilhante exemplo de auto didatismo, aprendeu latim, espanhol, italiano e francês. Munido de diversos contactos com personalidades de categoria, o poeta foi eleito sócio da Arcádia Lusitana, onde adotou o nome de Alcino Micénio, e promovido a bibliotecário do conde de S. Lourenço. Os auspícios deste protetor não foram, todavia, duradouros, uma vez que o conde de S. Lourenço acabou por ser preso às ordens de Pombal, tendo ficado Quita privado dos parcos bens que possuía. Após o terramoto de 1755, caiu na extrema miséria.Foi no fim da vida protegido por Dona Teresa Teodora de Aloim, que ele muitas vezes cantou em ternos idílios e éclogas, atribuindo-lhe o pseudónimo de Tirceia:(…) Oh! Pastora mais firme do que os montes!Mais amante, mais terna do que as rolas!Mais perfeita, mais cândida e formosa Que a pura neve, que a vermelha rosa!(…) O árcade acabou por morrer de tuberculose com 42 anos.Quita dedicou-se à tragédia, deixando-nos quatro exemplares do género (Hermíone, Astarto, Mégara e Castro), mas foi sobretudo no drama pastoril que o seu génio se evidenciou, através de um bucolismo saudoso e inconsolável. Sujeitou-se inteiramente ao convencionalismo arcádico, revelando, no entanto, um certo sabor romântico nos seus poemas. Através da sua poesia amorosa, de frequentes laivos petrarquistas e lirismo-subjetivo-objetivo, perpassa certa nota de amargura e desilusão – realidades provenientes do amor dedicado a Tirceia que ele viu solteira, viúva e casada pela segunda vez sem promessas de felicidade em comum. Recuperámos, pelos seus versos, este infeliz amor que assistiu a diversas juras quebradas, ao ciúme, à ansiedade de um encontro ou à dor da separação. Os seus idílios e éclogas descrevem-nos belas cenas da vida amorosa de zagalas e pastoras, articuladas com os prazeres da vida rústica. Por outro lado, os seus sonetos apontam para temas como o amor platónico e a mutabilidade da Natureza em contraste com os seus sentimentos tristes imutáveis.