A. Oliveira Santos – O Sr. Joãozinho da Muleta (Romance) – Edição de Autor/Tipografia Leiriense,Lda – Leiria – 1960. Desc. 208 pág / 19 cm x 12,5 cm / Br.« Autografado 1.º Edição do Exemplar n.º 35 numa Tiragem de 100 Exemplares»
António Sardinha – Durante a Fogueira (Paginas de Guerra) – Livraria Universal de Armando J. Tavares – Lisboa – 1917. Desc. 280 pág / 19 cm x 13 cm / Br. «1.ª Edição»
António Maria de Sousa Sardinha (Monforte, 9 de Setembro de 1887 — Elvas, 10 de Janeiro de 1925) foi um político, historiador e poeta português. Destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, produzindo uma obra que se afirmou como a principal referência doutrinária do Integralismo Lusitano. A sua defesa de uma monarquia tradicional, orgânica, anti parlamentar ou anticonstitucional e antiliberal serviu de inspiração a uma influente corrente do pensamento político português da primeira metade do século XX. Apesar de ter falecido prematuramente, conseguiu afirmar-se como referência incontornável para os monárquicos que recusaram condescender com o Salazarismo António Sardinha foi um adversário da Monarquia da Carta (1834-1910) chegando, no tempo de estudante na Universidade de Coimbra, a defender a implantação de uma república em Portugal. Depois de 5 de Outubro de 1910, durante a Primeira República ficou profundamente desiludido com ela e acabou por se converter ao ideário realista da monarquia orgânica, tradicionalista, anti parlamentar do “Integralismo Lusitano”, de que foi um dos mais destacados defensores. Em 1911 já estava formado em Direito pela respectiva universidade e no final do ano de 1912, escrevia a comunicar a sua «conversão à Monarquia e ao Catolicismo — “as únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda aceitar“. E abençoava “esta República trágico-cómica que (o vacinara) a tempo pela lição da experiência…“. Imediatamente juntou-se a Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política, a partir da qual foi lançado o referido movimento monárquico do Integralismo Lusitano. A lusitana antiga liberdade do verso de Luís de Camões era uma referência dos integralistas, tendo no municipalismo e no sindicalismo duas palavras-chave de um ideário político que não dispensava o Rei, entendido como o Procurador do Povo e o melhor garante e defensor das liberdades republicanas. António Sardinha era anti-maçónico e na sua sequência anti-iberista, em 1915, tendo prenunciar-se na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção de Portugal por Espanha . Em vez da fusão dos estados desses dois países, propunha uma forte liga entre todos os povos hispânicos, a lançar por intermédio de uma aliança entre os dois, ambos reconduzidos à monarquia. A Aliança Peninsular entre as duas e seus reinos seria, na sua perspectiva, o ponto de partida para a constituição de uma ampla Comunidade Hispânica (dos povos de língua portuguesa e espanhola), a base mais firme onde assentaria a sobrevivência da civilização ocidental. Durante o breve consulado de Sidónio Pais, foi eleito deputado na lista da minoria monárquica. Após o assassinato desse presidente da República, em 1919, exilou-se em Espanha após a sua participação na fracassada da tentativa restauracionista de Monsanto e da “Monarquia do Norte”. Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia. António Sardinha morreu jovem, com apenas 37 anos .
Rodrigues de Carvalho – Serrote Prêto (Lampião e Seus Sequazes) «Prefácio de Alberto Rangel» – «Sedrega» Sociedade Editora e Gráfica Ltª – Rio de Janeiro – 1961. Desc. 377 pág / 21 cm x 14 cm / Br. «1.ª Edição»
Giulia Lanciani – Os Relatos de Naufrágio na Literatura Portuguesa dos Séc. XVI e XVII – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1979. Desc. 145 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Mário Martins – A Bíblia na Literatura Medieval Portuguesa – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1979. Desc. 141 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
José Van Den Besselaar – António Vieira: O Homem, a Obra as Ideias – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1981. Desc. 114 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Eugénio Lisboa – O Segundo Modernismo em Portugal – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1977. Desc. 113 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Luís de Albuquerque – Ciência e Experiência nos Descobrimentos Portugueses – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1983. Desc. 131 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Luciano Rossi – A Literatura Novelística na Idade Média Portuguesa – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1979. Desc. 119 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Castelo Branco Chaves – O Romance Histórico no Romantismo Português – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1979. Desc. 85 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Álvaro Machado – Os Origens do Romantismo em Portugal – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1979. Desc. 95 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Manuel Ferreira – Literatura Africanas de Expressão Portuguesa – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1982. Desc. 141 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Rebeca Catz – Fernão Mendes Pinto-Sátira e Anti-Cruzada na Peregrinação – Portugueses – Biblioteca Breve/Instituto de Cultura Portuguesa – Lisboa – 1981. Desc. 128 pág / 19,5 cm x 11,5 cm / Br «€6.00»
Dias Gomes – A Invasão a Revolução dos Beatos (Teatro) – Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro – 1962. Desc. 255 pág / 21 cm x 14 cm / Br «1.º Edição – Autografado»
Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes, (Salvador, 19 de Outubro de 1922 —São Paulo, 18 de maio de 1999) foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Jenete Stocco Emmer (Janete Clair). Dias Gomes nasceu em Salvador, na Bahia, em 19 de Outubro de 1922. Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um engenheiro, fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, abandonando o curso no terceiro ano.Foi no ambiente radiofónico que Dias Gomes travou contacto pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Jenete (Janete Clair). Com ela casou-se em 13 de Março de 1950, teve os filhos: Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes, Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.Viúvo de Janete Clair, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a actriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes (escritora) e Luana Dias Gomes. Dias Gomes morreu num acidente automobilístico em 18 de maio de 1999. Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, com a qual ganharia o prémio do Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça Amanhã Será Outro Dia chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espectáculo desse porte em plena Segunda Guerra Mundial. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de Pé de Cabra, uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande actor que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la. Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia. Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx. Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram Zeca Diabo, João Cambão, Dr. Ninguém, Um Pobre Géio e Eu Acuso o Céu. Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio. De 1944 a 1964 Dia Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal. Em 1960 Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira, pelo qual se tornaria internacionalmente conhecido: O Pagador de Promessas. Adaptado para o cinema, O Pagador seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Óscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes. Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça O Berço do Herói, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de Roque Santeiro, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a Roque Santeiro – que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do género. Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra. Demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão. De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972 Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar Bandeira 2 no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da televisão brasileira, O Bem Amado. Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com O Espigão. Em 1976, com Saramandaia, abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura. O fracasso de Sinal de Alerta, em 1978, leva Dias a se afastar do género telenovela temporariamente. Ao longo de toda a década de 1980, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados O Bem Amado e Carga Pesada (apenas no primeiro ano), e as novelas Roque Santeiro e Mandala, das quais escreveria apenas parte. Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às mini séries.
Gil Vicente (Editado por Marques Braga) – Auto Chamado da Feya – Junta de Educação Nacional – Centro de Estudos de Filológicos / Imprensa Nacional – Lisboa – 1936. Desc. 56 pág / 21 cm x 15 cm / Br. «Autografado»
Clarival Valladares, Vladimir Alves de Souza, Vasco Mariz, David E. Neves, Bárbara Heliodora e Tristão de Ataíde – Quem é Quem nas Artes e nas Letras do Brasil(Artistas e Escritores Contemporâneos ou Falecidos Depois de 1945) [Introdução de Vasco Mariz] – Ministério das Relações Exteriores / Departamento Cultural e de Informação – Rio de Janeiro – 1966. Desc. 352 pág / 23 c, x 16 cm / Br.
Eça de Queiroz (Correspondências) – Leitura, Coordenação, Prefácio e Notas de Guilherme de Castilho – Vol. 1 & 2 – Imprensa Nacional Casa da Moeda – Lisboa – 1983. Desc. 622 + 640 pág / 24 cm x 15 cm / Br.
Joaquim Cardozo – O Coronel de Macambira – Editora Civilização Brasileira S. A. – Rio de Janeiro – 1963. Desc. 162 pág / 21,5 cm x 14 cm / Br. Ilust. «1.ª Edição»
Joaquim Maria Moreira Cardozo (Recife 1897 – Olinda 1978). Autor. Sua dramaturgia se inspira nas fontes populares da cultura nordestina, mas transcende essas matrizes estéticas reunindo, de modo poético, referências advindas de culturas estrangeiras, e de diversos campos do saber, como as ciências exactas e a filosofia. Joaquim Cardozo nasce em 26 de Agosto de 1897, no bairro do Zumbi, no Recife. Faz o curso secundário no Ginásio Pernambucano. Aos 16 anos, edita, com Durval Cezar, Óscar Ramos, Eduardo Cunha e os irmãos Benedito e Honório Monteiro, o jornal O Arrabalde: Órgão Lítero-Elegante, em que estreia na literatura, com o conto Astronomia Alegre. Publica seus primeiros trabalhos como caricaturista e chargista nas edições de domingo do Diário de Pernambuco e também no Diário da Tarde, em 1914. No ano seguinte, inicia seus estudos na Escola Livre de Engenharia de Pernambuco (atual Escola de Engenharia de Pernambuco), concluídos em 1930, após diversas interrupções, por problemas de ordem financeira e pessoal. Torna-se professor dessa escola, leccionando até 1939, quando é atingido por medidas repressivas do Estado Novo. Após pronunciar discurso em que critica os procedimentos governamentais no campo da arquitectura e da engenharia, Cardozo é preso, afastado da sala de aula, demitido do cargo na Secretaria Estadual de Viação e Obras Públicas, e se vê obrigado a mudar-se para o Rio de Janeiro. Na então capital federal, ganha projecção como poeta e engenheiro calculista, sobretudo, quando inicia parceria com Óscar Niemeyer, fazendo os cálculos de seus Projectos arquitectónicos em diversas cidades brasileiras e, particularmente, na construção de Brasília. Ainda no Recife, Cardozo participa do grupo da Revista do Norte, junto com o poeta Ascenso Ferreira, e nela publica seus primeiros poemas. Aos 50 anos de idade, lança seu primeiro livro de poesias, Poemas, em 1947. Sua produção dramatúrgica surge ainda mais tarde, entre as décadas de 1960 e 1970. A primeira peça, O Coronel de Macambira, é publicada em 1963. Com essa obra, Cardozo inicia uma trilogia inspirada no bumba meu boi, que inclui De uma Noite de Festa, de 1971; e Marechal, Boi de Carro, de 1975. Sua peça seguinte, Os Anjos e os Demónios de Deus, de 1973, tem como matriz o pastoril religioso. As duas últimas criações para o teatro, O Capataz de Salema e António Conselheiro, ambas de 1975, não são directamente inspiradas em nenhum espectáculo popular do Nordeste, mas seus temas estão ligados ao imaginário nordestino, notadamente aos problemas sócio políticos. Por meio delas, o autor critica explicitamente o sofrimento da população nordestina economicamente menos favorecida. Tal engajamento, no entanto, não compromete a originalidade artística. Seu teatro, embora denuncie as injustiças sociais, jamais deixa de exprimir uma visão transcendental dos seres e das coisas. Isso permite que ele ponha a cultura popular nordestina em contacto com assuntos aparentemente tão dessemelhantes como, por exemplo, a matemática, a filosofia, o teatro medieval e o teatro oriental. O Coronel de Macambira, o mais conhecido texto teatral de Joaquim Cardozo, estreia em Dezembro de 1965, em encenação de Maria José Campos Lima, com os alunos da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Composta por dois quadros, a peça tem o boi como motivo principal do enredo. Para escrevê-la, Joaquim Cardozo se baseia no bumba-meu-boi de Capitão António Pereira, coligido por Ascenso Ferreira e publicado em 1944, na revista Arquivos, da prefeitura do Recife. Além disso, utiliza-se das próprias lembranças, como espectador de bumbas-meu-boi. Diferentemente dos dois bois posteriores (De uma Noite de Festa e Marechal, Boi de Carro), O Coronel de Macambira está ainda muito próximo de sua matriz popular, aproveitando muitos tipos de personagem do bumba folclórico. Em posfácio na primeira edição da peça, Cardozo escreve: “Trata-se aqui, de uma obra inteiramente original, no texto, mas obedecendo às regras características desse drama falado, dançado e cantado – espécie de auto pastoril quinhentista, de onde, certamente, proveio. Contrariando, também, o espírito dessa brincadeira popular, que dá bom tratamento apenas ao boi e aos seus vaqueiros, como assinala Téo Brandão, dei relevo especial e simpático a três figuras, necessárias ao arremate, mais ou menos apoteótico, frequente em espectáculos desse gênero. Este trabalho estava praticamente concluído, quando me veio ao conhecimento, através da revista Das Schönste, que o escritor japonês Yukio Mishima escrevera seis nôs modernos. Trabalho, até certo ponto, semelhante ao que acabo de fazer, uma vez que o nô é teatro de tradição popular para o Japão, como o Boi o é para o Nordeste brasileiro; como o nô, que na opinião de Yeats é forma dramática distinta, indirecta e simbólica, como o no, que é texto, dança e canto, o Boi merece a meu ver, ser revitalizado, reanimando, como diversão e forma literária”.1 O Coronel de Macambira recebe ainda algumas encenações importantes que apresentam o teatro de Joaquim Cardozo à crítica teatral e ao grande público. O Teatro Universitário de Juiz de Fora monta a peça em 1966, com direcção de José Luiz, cumpre temporada no Rio de Janeiro, no ano seguinte, e recebe críticas elogiosas de Van Jafa, especialmente em relação ao texto: “[…] Joaquim Cardozo é antes de tudo um poeta. E como poeta se afirma um poeta maior, daqueles que não têm pressa, que passa pelo mundo e deixa sua imagem definida e sua poesia definitiva. É poeta daqueles que sabem a ‘paisagem profundamente’, e dos que estiveram com ela ‘nas horas concluídas’. E no seu drama-poético, O Coronel de Macambira tudo isso flui calmo e nacionalistamente de uma maneira poético-dramática. […] Joaquim Cardozo poderia não ter realizado nada mais que O Coronel de Macambira se incumbiria de imortalizá-lo”. O bumba meu boi De uma Noite de Festa tem sua primeira representação em Dezembro de 1972, no Mosteiro de São Bento de Olinda, Pernambuco, dirigida por Maria José Campos Lima, com os alunos da Escola de Artes da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Esse bumba é estruturado em três dimensões denominadas quadros, constituídos de fragmentos distintos: no primeiro quadro, predomina a perspectiva da realidade; no segundo, uma perspectiva onírica e, no terceiro, uma síntese entre o mágico, o real e o onírico. Cardozo realiza uma dupla operação: de um lado, afasta-se “do ‘boi’ na sua expressão popular”, deixando de “obedecer às modificações introduzidas no género pela interpretação folclórica”; de outro, perfaz um caminho inverso, procurando “reorganizá-lo como poderia ser na sua origem”. Apesar de sua tentativa de renovação do bumba-meu-boi, Cardozo se preocupa em conservar-lhe a estrutura, supondo que, assim, poderia preservar esse “teatro como género não apenas como espécie”. Procedimento semelhante se encontra em Marechal, Boi de Carro, o último e o mais melancólico boi cardoziano. Nele, a estrutura básica é a mesma que perpassa os demais bumbas: o enredo em torno da tentativa de salvação do boi condenado ao matadouro. Novamente, algumas personagens típicas do folguedo actuam como porta-vozes das críticas sociais do autor. No entanto, “em oposição aos Bois que sempre terminam em festa e regojizo, este bumba finda numa dolorosa despedida. A cerimonia fúnebre que era dedicada apenas ao boi alarga-se para o próprio bumba-meu-boi, no solitário e perdido a bóio de Mateus.Os Anjos e os demónios de Deus é estruturada em doze jornadas, cada uma com um título. Nessa peça, as pastoras anunciam a vinda do Messias, além de louvarem as belezas do planeta Terra por intermédio de cantigas, enquanto os anjos e os demónios discutem os desígnios de Deus para salvar a humanidade. Não existe, aqui, a luta entre o bem e o mal, entre anjos e demónios São personagens que, mesmo ocupando a cena simultaneamente, não chegam a dialogar verdadeiramente. Funcionam como forças antitéticas (luz e sombra) que se complementam, imprimindo um diálogo de teor filosófico ao texto.Em O Capataz de Salema, a trama é centrada no conflito da paixão do Capataz por Luzia. Eles pertencem a esferas sociais diferentes: o capataz é o homem que manda e vigia os pescadores, dos quais Luzia descende. Mesmo que a moça corresponda aos sentimentos do capataz, por seus distintos papéis sociais (patrão e subalterno) e por sua natureza distinta – Luzia é a terra (fêmea) onde tudo germina e o Capataz é o mar (macho) que tudo devora, sempre inconstante -, ela não consegue nem pode aceitá-lo. Essa é a peça de menor extensão de Cardozo e também a de maior concisão dramática. António Conselheiro busca recriar a saga de Canudos. Com base em Os Sertões, Cardozo aprofunda e amplia as questões relativas à história, à política, à sociedade e à religião. Desconstruindo a história, o dramaturgo faz com que o passado, o presente e o futuro se aglutinem de maneira dialéctica mente uma mesma estrutura.O teatro de Joaquim Cardozo “oferece aos leitores, actores e encenadores, únicos agentes possíveis de a Actualização do texto teatral, uma obra sempre nova e provocante, porque prenhe de modernidade não apenas na escritura do texto, mas na rica estrutura imaginária da encenação. Uma obra cuja propriedade é seu chão maduro, remoto, futuro; em que a tradição se faz aberta à contemporaneidade”.
Quirino da Fonseca – Luis de Camões “O Trinta Fortes” – Novela Heróica em Acção Cinematográfica, Musicada – Tip «Minerva» de Gaspar Pinto de Sousa & Irmão – Vila-Nova-de-Famalicão – 1934. Desc. 336 pág / 19 cm x 12,5 cm / Br. «1.º Milhar n.º 100 – Autografado Pelo Autor»
Hipólito Raposo – Pátria Morena – Livraria Civilização – Porto – 1937. Desc. 335 pág /19 cm x 12 cm / E. Pele
José Hipólito Vaz Raposo (São Vicente da Beira, 13 de Fevereiro de 1885 — Lisboa, 26 de Agosto de 1953), mais conhecido por Hipólito Raposo, foi um advogado, escritor, historiador e político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes do Integralismo Lusitano. Nascido numa antiga vila em plena Serra da Gardunha, filho de João Hipólito Vaz Raposo e de Maria Adelaide Gama, no natal em 1902 foi estudar para o Seminário da Guarda, que abandonou pouco depois para se matricular no Liceu de Castelo Branco, onde conclui o ensino secundário. Matriculou-se de seguida no curso de Direito na Universidade de Coimbra, que concluiu no ano de 1911. Assim como frequentou aulas de grego (1907-1908), na Faculdade de Teologia, que lhe foi muito útil futuramente para o ofício de mestre de teatro e estética teatral. Com interesse na escrita, ainda estudante liceal já colaborava com os semanários da província e quando estudante em Coimbra contribuiu com crónicas semanais para o Diário de Notícias. Ainda estudante publicou os volumes Coimbra Doutora (1910) e Boa Gente (1911), colectâneas de contos da Beira Baixa. Ainda durante a sua estadia universitária de Coimbra fizera parte do Centro Académico de Democracia Cristã. Terminado o curso, enveredou pelo ensino, iniciou em 1912 o seu percurso profissional como professor no Conservatório Nacional de Lisboa e no Liceu Passos Manuel, também de Lisboa, cidade onde se fixou. Em 1914 foi um dos fundadores do movimento político-cultural auto-intitulado Integralismo Lusitano , em colaboração com António Sardinha, Luís de Almeida Braga, José Pequito Rebelo e Alberto Monsaraz, um grupo de monárquicos que incluía alguns antigos colegas do curso de Direito da Universidade de Coimbra. No mesmo ano foi um dos fundadores da revista Nação Portuguesa, órgão do movimento integralista. Também teve colaboração nas revistas O occidente (1877-1915), Serões (1901-1911), Contemporânea[1915]-1926), Atlântida (1915-1920), Anais das bibliotecas, arquivo e museus municipais (1931-1936) e na Revista municipal(1939-1973). Foi director do periódico A Monarquia, à frente do qual teve um papel relevante no Pronunciamento Monárquico de Monsanto, ocorrido em 1919, em consequência do qual foi preso e demitido de todos os cargos públicos que ocupava e julgado e condenado no Tribunal Militar de Santa Clara, em 1920, a uma pena de prisão no Forte de São Julião da Barra.A demissão valeu-lhe a perda dos cargos de chefe de repartição e de professor da Escola de Arte de Representar de Lisboa que então exercia. Cumprida a pena de prisão, partiu para Angola (1922-1923), onde exerceu advocacia em Luanda, onde ao tempo Norton de Matos era Alto Comissário da República, com quem conviveu. De regresso a Portugal, continuou a exercer a profissão de advogado e afirmou-se como líder destacado e ideólogo do Integralismo Lusitano, publicando em 1925 o ensaio Dois nacionalismos, defendendo a existência de uma distinta matriz doutrinária no Integralismo Lusitano e no nacionalismo francês da Action française. No ano de 1924 casou em Lisboa com Valentina Pequito Rebelo, irmã de José Pequito Rebelo. Do seu casamento teve: João Hipólito, António Hipólito, Teresa Maria, Isabel Maria, Francisco Hipólito e José Hipólito. Em 1926 foi reintegrado no cargo de professor do Conservatório Nacional de Lisboa. Durante os governos da Ditadura Nacional destacou-se como um dos principais ideólogos do Integralismo Lusitano, com particular destaque para a conferência que intitulou A Reconquista das Liberdades, pronunciada em Lisboa no ao 1930 e editada sob a forma de opúsculo, onde sintetizou o programa político do integralismo, desfazendo a miragem do messianismo sSalazaristaque então emergia. Coerente com a sua oposição ao Salazarismo, em 1930 recusou colaborar com a União Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e opôs-se à institucionalização do regime do Estado Novo. Em 1940 publicou a obra Amar e Servir, na qual denuncia de forma violenta a Salazarquia, um duro ataque a António de Oliveira Salazar que lhe valeu ser de novo demitido de todos os cargos públicos que ocupava e a imediata deportação para os Açores. Aproveitou o seu exílio involuntário nos Açores para escrever uma das melhores obras de literatura de viagens sobre o arquipélago, Descobrindo Ilhas Descobertas, originariamente publicado no jornal A Ilha, de 1940 a 1941, sendo depois em livro em 1942.Foi novamente reintegrado em 1951. Coerente com as suas convicções, em 1950 foi um dos subscritores do manifesto Portugal restaurado pela Monarquia, uma tentativa de reactualização doutrinária do movimento integralista. Hipólito Raposo faleceu 26 de Agosto do ano de 1953. Foi sócio do Instituto de Coimbra e da Associação dos Arqueólogos Portugueses.
Serafim da Silva Neto – Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil «Biblioteca Cientifica Brasileira – Colecção de Filologia» – Instituto Nacional do Livro / Ministério da Educação e Cultura – Rio de Janeiro – 1963. Desc. 273 pág / 24 cm x 16,5 cm / Br.
Serafim da Silva Neto, filho de Serafim Pereira da Silva Filho e Carmen Bastos Silva, nasceu no Rio de Janeiro a 6 de Junho de 1917, fez os estudos secundários no Colégio Batista do Rio de Janeiro e bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais. Casou-se com Cremilda Carvalho Pereira da Silva, com quem teve três filhos: David, Carmen Lúcia e Ana Cristina. Foi catedrático do Liceu Nilo Pessanha (Niterói) e professor de Língua Portuguesa no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, fundador da (Pontifícia) Universidade Católica do Rio de Janeiro (onde ocupou a cadeira de Filologia Românica), catedrático de Filologia Românica na UFRJ (antiga Faculdade Nacional de Filosofia) e na Universidade de Lisboa, vindo a falecer a 23 de Setembro de 1967. Segundo Manuel de Paiva Boléo, na Revista Portuguesa de Filologia, vol. X, de 1960, “se a morte não o arrebatasse prematuramente (…), seria o animador e o orientador superior dos futuros atlas regionais do Brasil”. Um caso de precocidade filológica, aos dezanove anos escreveu as Fontes do Latim Vulgar, obra através da qual foi reconhecido por Jakob Jud como “uma autêntica vocação de investigador”.
Saúl Dias – Essência (Poesia) – (Com Desenhos de Júlio) – Prefácio de Guilherme de Castilho – Brasília Editora – Porto – 1973. Desc. 125 pág / 22 cm x 16 cm / Br. Ilust. «1.ª Edição»
Júlio Maria dos Reis Pereira, ou Júlio como artista plástico e Saúl Dias como poeta, (Vila do Conde, 1902 — 1983), foi um pintor, ilustrador e poeta português. Pertence à segunda geração de pintores modernistas portugueses e foi autor de uma obra multifacetada que se divide entre as artes plásticas e a escrita, tendo sido um dos mais importantes colaboradores da revista Presença. Júlio Maria dos Reis Pereira nasceu no no ano de 1902 em Vila do Conde. Júlio mostra uma precoce apetência pela cultura; ainda adolescente publica poemas num semanário da sua terra. Em 1919 matricula-se no curso de Engenharia da Faculdade de Ciências do Porto, que conclui em 1928; em simultâneo matricula-se na Escola de Belas-Artes, que frequenta durante apenas 2 anos. Ao longo da década de 1920 trabalha no grafismo e ilustração de obras do seu irmão, José Régio, bem como da Presença, de que é dos principais colaboradores. Terá ainda colaboração noutras revistas, tais como Sudoeste (1935) e Altura (1945). Em 1930 participa no I Salão dos Independentes, SNBA, Lisboa. Dois anos mais tarde publica, sob o pseudónimo de Saúl Dias, um livro de poesia intitulado “… mais e mais…”. Em 1935 realiza a sua primeira exposição individual (SNBA, Lisboa). A partir dessa data irá expor individualmente por diversas vezes, nomeadamente: Galeria UP, Lisboa,1938; Galeria Buchholz, Lisboa, 1944; Salão da Livraria Portugália, Porto, 1945; Galeria Pórtico, Lisboa, 1955; Galeria do Diário de Notícias, Lisboa, 1959 e 1964; etc. Em 1936 começa a trabalhar na Direção dos Edifícios e Monumentos Nacionais de Coimbra; no ano seguinte radica-se em Évora, cidade onde vive e trabalha durante mais de três décadas e meia até 1972, ano em que regressa a Vila do Conde. Em 1942, aproveitando as facilidades de deslocação proporcionadas pelo seu trabalho, começa a coleccionar Bonecos de Estremoz, constituindo ao longo dos anos uma vasta colecção de 375 peças, exposta no Museu Municipal de Estremoz desde 1975. Em 1953 participa na 2ª Bienal de São Paulo, Brasil. Em 1958 vence o primeiro prémio de desenho no IV Salão de Outono do Estoril. Em 1962 é publicada a Obra poética de Saúl Dias. Realiza exposições rretrospectivasno Museu de Évora (1964), na Cooperativa Árvore, Porto (1967), na Câmara Municipal de Vila do Conde (1979), e na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1980). Júlio Maria dos Reis Pereira morre na sua terra natal em 1983, com 81 anos. Em 2002 o Museu Municipal de Estremoz promove uma homenagem em sua honra, lembrando o seu papel na recuperação dos Bonecos de Estremoz; e em 2008 esse museu associa-se ao de Vila do Conde para celebrar o 25.º aniversário da data da sua morte. A sua obra plástica articula-se de perto com a revista Presença: “Júlio foi, realmente, a Presença – o seu lirismo, a sua imediatidade expressiva, o seu horror aos academismos ou às habilidades estilísticas, uma certa ingenuidade cultural, voluntária ou involuntariamente cultivada…”. Alheios à «febre da vida moderna» que havia regido os criadores do «Orfeu», “os presencistas distanciar-se-iam analogamente dos delírios oníricos da relação surrealista ou da intencionalidade político-subversiva dos neorrealistas”. Autor de um percurso muito pessoal, sem escola, Júlio “pôde descobrir sozinho o repto da sua poética”, tomando como referência Chagall e os expressionistas alemães, sobretudo Georg Grosz, “apropriando deles a sobreposição acumulada, […] a simplificação das formas, duras e angulosas, e a estridência das soluções cromáticas”. A sua pintura poderá relacionar-se com complexidade espacial de Chagall, Grosz ou Beckmann (veja-se, por exemplo, o dinamismo de Músicos e mulheres no espaço, 1925), mas a intensidade narrativa de todos eles sofre uma deslocação radical; o expressionismo de Júlio troca a exasperação dramática pela contemplação lírica, “o brutalismo erótico pela delicadeza sensual, o ardente subjectivismo pelo memorial intimista, o culto do primitivismo pelo apelo à simplicidade de infância” Júlio centra-se tematicamente num mundo de opostos, “confrontando os puros – a prostituta, o músico-poeta, os pobres –, aos burgueses pançudos e viciosos que os maculam e fazem sofrer, sem, no entanto, atingirem a sua pureza matricial”(veja-se por exemplo Burguês e prostituta, 1931). “As cenas de prostíbulo, com burgueses repelentes, macabros”, são complementadas por obras em que representa “cenas de um lirismo imaginado, docemente sonhadas, com poetas e meninas”. As suas figuras imaginadas, sem relação directa com referentes reais , associam-se à simplificação expressiva e à busca da essencial idade da linguagem, desdramatizando a crítica social e ampliando a dimensão poética do seu universo pictórico. Com as suas figuras contornadas a negro e utilizando uma matéria pictórica lisa, quase sem espessura, Júlio “acentua a irrealidade feérica das narrativas que, muitas vezes, adquirem um pendor narrativo brincado, reforçando a sua exterioridade em relação aos motivos, desenvolvidos plasticamente por uma espécie de lógica construtiva […] que esfria a pulsão expressionista em formalismo” (segundo Raquel Henriques da Silva, talvez resida nesta enfatização da dimensão formal a maior modernidade de Júlio, bem como a explicação para as suas breves experiências abstractas de 1932). No decurso da década de 1930 irá experimentar diferentes tendências, com uma série de desenhos surrealistas e pinturas abstractas que constituem um momento particular no interior da sua obra, evoluindo depois para o seu modo final, dominado pelo lirismo. “O desenho de Júlio é marcado pelo expressionismo até 1935; depois dessa data o artista opta por um lirismo bucólico, quase pastoral. […] A linha é suave, a cor, quando existe, depurada, clara. É um universo contaminado pela ingenuidade, numa tentativa nostálgica de reencontro do homem com a natureza”.
Tomás António Gonzaga – Poesias Cartas Chilenas «Obras Completas» -Edição Crítica de M. Rodrigues Lapa – Ministério da Educação e Cultura / Instituto Nacional do Livro – Rio de Janeiro – 1957. Desc. 323 pág / 24,5 cm x 16,5 cm / Br.