
J.Santos Stockler – Poemas do Meu Tempo -Edição do “Jornal do Oeste” – Rio Maior – 1967.Desc.(69)Pág.

J.Santos Stockler – Porches, Lagoa – 22/05/1910 – Faro, 06/1989. Filho de humildes lavradores, com apenas dois anos de idade veio para Faro onde fez a instrução primária, não prosseguindo nos estudos por dificuldades financeiras. Começou desde muito novo a escrever nos jornais e a mostrar-se um acérrimo adversário do regime salazarista, sendo por isso várias vezes detido pela PIDE em cujas prisões, do Aljube e de Caxias, cumpriu muitos meses, valendo-lhe, contudo, a glória de se haver relacionado com algumas das personalidades mais proeminentes do mundo das letras e da política portuguesa.(…)
José dos Santos Stockler, um homem simples e humilde, que fez da poesia e das colunas da imprensa uma tribuna de resistência contra a iniquidade, o autocracismo e a corrupção mental.Começou desde muito novo a escrever nos jornais e a mostrar-se um acérrimo adversário do regime salazarista, sendo por isso várias vezes detido pela PIDE em cujas prisões, do Aljube e de Caxias, cumpriu muitos meses, valendolhe, contudo, a glória de se haver relacionado com algumas das personalidades mais proeminentes do mundo das letras e da política portuguesa. (…)Relacionou-se politicamente com algumas figuras da resistência republicano, o pedagogo e emérito jornalista Carvalhão Duarte e o poeta Alfredo Guisado, emérito fundador do movimento do «Orfeu», que enquanto director-adjunto do jornal «República» lhe franqueou aquelas prestigiadas colunas à sua esclarecida colaboração.(…)
Santos Stockler criara fortes laços de amizade com imensos homens de letras, irmanados numa autêntica cruzada cultural contra o regime fascista, de entre os quais impõe-se destacar nomes notáveis, como os dos poetas José Régio, Jorge de Sena, José Gomes Ferreira, João José Cochofel, Egipto Gonçalves, Joaquim Namorado, Eugénio de Andrade, Mário Dionísio e Alexandre O’Neil; ou dos escritores Alves Redol, Adolfo Casais Monteiro, Ferreira de Castro, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Antunes da Silva e Manuel da Fonseca, sendo estes últimos os grandes expoentes da literatura de cenário alentejano, que Santos Stockler tanto admirava. A este valioso naipe de literatos nacionais devemos ainda acrescentar algumas figuras da literatura latino-americana, com quem igualmente estabeleceu fortes laços de amizade, nomeadamente com os poetas João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Rocha Filho, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, ou com os escritores Jorge Amado, Dr. Pessoa de Morais (sociólogo brasileiro), Salvador Espriu, Félix Cucurrull, José Ledesma Criado, Juan Ruiz Pena, etc. Com alguns deles manteve acesa correspondência epistolar(…)De entre os algarvios, que se distinguiram nas letras pátrias, tinha especial predilecção por António Ramos Rosa e fraterna amizade pelo poeta e escritor António Vicente Campinas, que, tal como ele, fora um indefectível apoiante das ideias veiculadas pelo Partido Comunista Português. (…)
Dispersou a sua prestigiosa colaboração, como poeta e prosador, por vários órgãos de comunicação social, de entre os quais destacamos «O Diabo», «Diário de Notícias», «Diário de Lisboa», «Diário Popular», «República», «Jornal de Letras e Artes», nas revistas «Cultura» e «Voga», todos de Lisboa. Na província colaborou em «O Comércio do Porto», «Diário de Coimbra», «Notícias de Chaves», «Notícias de Guimarães», «Gazeta do Sul», «Gazeta do Montijo», «O Setubalense», «Foz do Guadiana», «Notícias do Algarve», «Jornal do Algarve» (todos Vila Real de Santo António), «Povo Algarvio» de Tavira, «Correio do Sul» e «O Algarve» ambos de Faro, «Barlavento», «Comércio de Portimão», «A Voz de Loulé», e muitos outros jornais de várias localidades, do Minho ao Alentejo(…)
Nos últimos anos de vida fundou e dirigiu, em 1-12-1984, o semanário farense «Terra Algarvia», que teve uma periodicidade difícil e algo irregular, mercê das dificuldades financeiras com que teve de se debater. Em todo o caso foi uma tribuna irreverente e combativa que se manteve sempre num plano bastante crítico em relação à partidocracia e ao clientelismo político que caracterizava, então, a nossa jovem democracia.