Vitorino Nemésio – Ondas Médias – Livraria Bertrand – Lisboa – 1945. Desc. 360 pág / 19 cm x 112 cm / Br. «1.ª edição« Rubricado pelo Autor
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901 — Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, na infância a vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, uma vez que foi expulso do Liceu de Angra, e reprovou o 5.º ano, fato que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deus dado, professor de História, que o introduziu na vida das Letras. Com 16 anos de idade, Nemésio desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, em 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores. A sua estadia na Horta foi curta, de Maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio. Apesar da tenra idade, Nemésio chegou à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário. Em 1918, ao final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um intenso comércio marítimo e uma impressionante animação nocturna, uma vez que se constituía em porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais. Esse ambiente cosmopolita contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta. Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta. Em 1919 iniciou o serviço militar, como voluntário na arma de Infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio trocou esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Românica. Na primeira viagem que faz a Espanha, com o Orfeão Académico, em 1923, conhece Miguel Unamuno, escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, e teórico do humanismo revolucionário antifranquista, com quem trocará correspondência anos mais tarde. A 12 de Fevereiro de 1926 desposou, em Coimbra, Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, com quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (Dezembro de 1931). Em 1930 transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, concluiu o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. A partir de 1931 deu inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou Literatura Italiana e, mais tarde, Literatura Espanhola. Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Entre 1937 e 1939 leccionou na Universidade Livre de Bruxelas, tendo regressado, neste último ano, ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1958 leccionou no Brasil. A 19 de Julho de 1961 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e a 17 de Abril de 1967 Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas. Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976. Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne. Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado. A 30 de Agosto de 1978 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a título póstumo.
Luiz de Camões – Os Lusíadas «Quarto Centenário do Descobrimento da Índia» Prefácio por D. António Mendes Bello e Manuel Pinheiro Chagas Dirigida por Fernandes Costa – Editor – Silvestre Castanheiro – Lisboa 1898. Desc. 599 pág + 2 Retratos de Vasco da Gama e Luiz de Camões / 43 cm x 30 cm / E. Ilust.
Raul da Silva Pereira, Albino António de Melo, António Alberto Rodrigues….Etc – Livro de Curso 1945-1949 – Instituto Superior de Ciencias Económicas e Financeiras – Papelaria Fernandes – Lisboa – 1949 – Desc. 244 pág / 25 cm x 19 cm / Br.
Obs: Compilação de Poesia e Ilutrasões dos Alunos do Instituto de Ciências Económicas e Financeiras 1945-1949
José Saramago – As Intermitências da Morte – Caminho – Lisboa – 2005. Desc. 214 pág / 21 cm x 14 cm / Br. «1.ª Edição»
As Intermitências da Morte é um livro do escritor português José Saramago publicado em 2005. Sua frase inicial “No dia seguinte ninguém morreu” é ponto de partida para ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência. Fiel ao seu estilo e ainda mais sarcástico e irónico, Saramago vai além de reflexões existenciais, fazendo uma dura crítica a sociedade moderna (o país da obra é fictício) ao relatar as reacções da Igreja, do Governo, do Clero, dos repórteres, dos filósofos, dos economistas, das funerárias, casas de pensão, hospitais, seguradoras, das famílias com um moribundo em casa, da máphia, etc. Pode-se dividir a obra em três partes. A primeira é a intermitência da morte, uma visão panorâmica dos fatos a partir do dia 1º de Janeiro, quando ninguém mais morreu naquele país. Aqui são abordados os paradoxos da ausência da morte, conflitos, discussões e soluções para o problema dos que não morrem nem podem voltar a viver, os moribundos.No sétimo capítulo há uma carta encaminhada pela morte a uma emissora de televisão, para que seja levada a público a notícia de seu retorno. Contudo, o retorno dar-se-á sob novas regras: “a partir da meia-noite de hoje se voltará a morrer tal como sucedia, sem protestos notórios (…) ofereci uma pequena amostra do que para eles seria viver para sempre (…) a partir de agora toda a gente passará a ser prevenida por igual e terá um prazo de uma semana para pôr em dia o que ainda lhe resta na vida”. Para cada um a quem estivesse a chegar a temida hora da partida sem volta, o tal prazo de sete dias seria precedido pelo recebimento de uma carta, de autoria da morte, anunciando-lhe a “rescisão deste contrato temporário a que chamamos vida”. Este novo sistema de anunciação e a reacção das pessoas – também calamitoso – tomará os próximos três capítulos. No décimo capítulo, uma dessas cartas – que deveria ser recebida por um violoncelista – é devolvida à remetente (tal como o pode ocorrer em autênticas correspondências postais), e a partir daí há uma narração mais clássica com personagens (a morte e o músico), espaço e conflitos bem definidos. Nesta parte a morte é humanizada, para muitos o ponto alto do livro. Gabriel Perisséu, escritor e crítico, afirma que “importa saborear a sabedoria com que o autor aborda a personificação da morte e a necessidade que esta sente (feminina ela se apresenta) de ser amada”.
José Saramago – Ensaio Sobre a Lucidez – Caminho – Lisboa – 2004. Desc. 239 pág / 21 cm x 13,5 cm / Br. «1.ª Edição»
Ensaio sobre a lucidez é um romance de José Saramago editado em 2004. O romance faz par com Ensaio Sobre a Cegueira e Saramago não esconde sua intenção alegórica, fazendo o jogo de claro-escuro penetrar em impasses contemporâneos. Num país qualquer, num dia chuvoso, poucos eleitores compareceram para votar, durante a manhã. As autoridades eleitorais, preocupadas, chegaram a supor que haveria uma abstenção gigantesca. À tarde, quase no encerramento da votação, centenas de milhares de eleitores compareceram aos locais de votação. Formaram-se filas quilométricos, e tudo pareceu normal. Mas, para desespero das autoridades eleitorais, houve quase setenta por cento de votos em branco. Uma catástrofe. Evidentemente que as instituições, partidos políticos e autoridades, haviam perdido a credibilidade da população. O voto em branco fora uma manifestação inocente, um desabafo, a indignação pelo descalabro praticado por políticos pertencentes aos partidos da direita, da esquerda e do meio. Políticos de partidos diferentes, mas de actuações iguais, usufruindo de privilégios que afrontavam a população. Os eleitores estavam cansados, revoltados. Os governantes, sentindo-se ameaçados, trataram de agir em nome da ordem, perseguindo, prendendo, maltratando, eliminando. Alguns que viveram os horrores da cegueira branca, novamente sofreram. Os governantes, preocupados em salvar a própria pele, em garantir o poder, não perceberam que a cegueira branca de outrora, demonstrativo de que há muito o homem estava cego, tinham paralelo com o voto branco de agora, indicativo de que a população não perdera a lucidez. Estranhamente, não houve uma mobilização para o facto. A partir daqui desenvolve-se a trama do livro: o governo e as autoridades deixam a cidade entregue a si própria, abandonando-a e isolando-a. Acabarão por entrar em cena os mesmos personagens da obra Ensaio sobre a cegueira, pelo que se aconselha o leitor a fazer uma leitura desta obra antes de proceder à leitura de Ensaio sobre a Lucidez. Neste livro, Saramago desenvolve uma crítica mordaz às instituições do poder político: sob a democracia podem estar vectores de natureza autoritária – lúcido é quem os enxerga. Nas eleições legislativas de 2005 em Portugal, algumas organizações apelaram ao voto em branco, aparentemente na sequência da ideia de Saramago.
Eugénio de Andrade (Organiza e Prefaciada) e Armando Alves (Selecção artística e Direcção Gráfica ) – Memórias de Alegria «Colecção de Viagem a Minha Terra» – Antologia de Verso e prosa Sobre Coimbra no Centenário da Geração de 70 – Editorial Inova Limitada – Porto – 1971. Desc. 708 + [15] pág / 24 cm x 19 cm / E. Ilust. «Exemplar N.º 1363»
F. de Salles Lencastre – Os Lusíadas – Poema Épica de Luís de Camões «Canto I» – Edição Annotada de Uma Exposição Sobre a Pronúncia da Língua Portuguesa – Imprensa Nacional – Lisboa – 1892. Desc.114 pág / 23 cm x 14,5 cm / Br. Rarro
Joaquim Paço D’Arcos – Pedras à Beira da Estrada«Conferencias»«Notas e Perfis 1929-1971» – Guimarães Editores – Lisboa – 1962/71. Desc. 318 + 413 pág / 20 cm x 16 cm / Br «1 edição»
Joaquim Belford Correia da Silva (Paço d’Arcos) (Lisboa, 14 de Junho de 1908 – Lisboa, 10 de Junho de 1979), conhecido como Joaquim Paço d’Arcos, foi um escritor português. Neto do primeiro conde de Paço d’Arcos e irmão de Henrique Belford Corrêa da Silva, segundo conde de Paço de Arcos (Lisboa, 2 de Setembro de 1906 — Lisboa, 13 de maio de 1993) também escritor. Joaquim Paço d’Arcos foi director dos serviços de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros entre 1936 e 1960. Romancista, dramaturgo, ensaísta e poeta, premiado diversas vezes, foi muito lido nos anos 40 e 50 do século XX. Uma das suas obras mais conhecidas é o conjunto de seis romances Crónica da Vida Lisboeta sobre a qual Óscar Lopes disse: «Quando se quiser ver a nossa época [anos 40 – 60] num cosmorama literário, tal como hoje vemos a época da Regeneração através de Camilo, Júlio Dinis ou Eça de Queirós, será preciso recorrer a estes romances de Paço d’Arcos quanto a determinados sectores portugueses.
Eugénio de Castro – Obras Poéticas de Eugénio de Castro – Vol. I – Oaristos – Horas Silva / Vol. II – Interlvnio – Belkiss Tiresias / Vol. III – Sagramor / Vol. IV – Salomé – A Nereide de Harlém – O Rei Galaor – Saudades do Céu / Vol. V – Constança – Depois da ceifa – A Sombra do Quadrante / Vol. VI – o Anel de Polícrates – A Fonte do Sátiro / Vol. VII – Poesias de Goethe – O Filho Pródigo – O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis / Vol. VIII – Camafeus Romanos – A Tentação de S. Macários – Canções Desta Negra Vida / Vol. IX – Cravos de Papel – A Mantilha de Medronho -A Caixinha das Cem Conchas / Vol. X – Descendo a encosta – Chamas Duma Candeia Velha – Imprensa Nacional de Lisboa – Lisboa – 1927/1944. Desc. 201 + 218 + 224 + 182 + 184 + 180 + 167 + 183 + 205 + 273 / 20 cm x 13 cm / Br. «Completo»
Eugénio de Castro e Almeida (Coimbra, 4 de Março de 1869 — 17 de Agosto de 1944) foi um escritor português. Por volta de 1889 formou-se em Letras pela Universidade de Coimbra e mais tarde veio a leccionar nessa faculdade. Funda a revista “Os Insubmissos” com João Menezes e Francisco Bastos ainda nos últimos anos da sua licenciatura, mais propriamente em 1889. Colaborou com a revista que fundou e com a revista “Boémia nova”, ambas seguidoras do Simbolismo Francês. Em 1890 entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas “Oaristos”, marco inicial do Simbolismo em Portugal. A obra de Eugénio de Castro pode ser dividida em duas fases: na primeira, a fase simbolista, que corresponde a sua produção poética até o fim do século XIX, Eugénio de Castro apresenta algumas características da Escola Simbolista, como o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias e vocabulário mais rico e musical. Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal. Foi homenageado em Coimbra através da atribuição do seu nome a uma escola da cidade – o Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro.
Matheus de Albuquerque – Musa Tacita – A Juventude de Anselmo Torres / Do Sentimento Esthetico da Vida /Memorial de Um Contemplativo – Ariel . Rio de Janeiro – S/D. Desc. 284 + 234 + 226 pág / 20 cm x 13 cm / Br.
Ary dos Santos – 20 Anos de Poesia (1963 – 1983) «Ilustrações de Figueiredo Sobral» – Distri Editora – 1984. Desc. 160 pág + 10 Gravuras / 23 cm x 15,5 cm / Br. Ilust.
Manuel da Silva Ramos – Manuel da Silva Ramos «Colecção Metamorfoses» – Editorial Inova Limitada – Lisboa – 1969. Desc. 114 pág / 19 cm x 14 cm / Br. «1 Edição»
Manuel da Silva Ramos nasceu em 1947 na Covilhã (Refúgio), cidade onde concluiu os estudos liceais. Estudou Direito na Universidade de Lisboa durante quatro anos, mas acabou por exilar-se em França a partir de 1970. Viveu em Toulouse entre 1970 e 1997. Regressado a Portugal em 1997, Manuel da Silva Ramos passaria a década seguinte em intensa actividade literária, publicando uma série de romances em que são visíveis certos tópicos da narrativa do exílio, da emigração, da colonização e da diáspora portuguesas. Em algumas obras recentes, a deslocação manifesta-se também sob a forma da viagem de criação literária, concebida para incorporar o espaço geográfico e cultural no espaço literário. No livro de estreia, Os Três Seios de Novélia (1969, Prémio de Novelística Almeida Garrett), a deambulação pelas ruas da cidade de Lisboa é o ponto de partida para o extenso conjunto de deslocações no espaço do mundo e no espaço da escrita que a sua obra viria a materializar.