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Luiza Neto Jorge – A Lume – Peninsulares / Literaturas (32) – Assírio & Alvim – Lisboa – 1989.Desc.(94) pág.Br
Neto Jorge (nascida Maria Luísa Neto Jorge, Lisboa, 10 de Maio de 1939 — Lisboa, 23 de Fevereiro de 1989) foi uma tradutora e poetisaportuguesa. Maria Luísa Neto Jorge nasceu em São Sebastião da Pedreira, Lisboa, a 10 de Maio de 1939, numa família burguesa. Ainda na infância os pais separaram-se, tendo ido primeiro viver com o pai na antiga freguesia de Anjos, e depois com a mãe, na zona do Chiado. Devido a problemas de saúde, atrasou-se nos estudos, e aos dezoito anos matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no curso de Filologia Românica, que não chegou a concluir, embora tenha tirado o bacharelato. Durante a sua estadia na universidade, integrou-se no movimento estudantil de ideais de esquerda, e fez parte do Grupo de Teatro de Letras, que ajudou a fundar, e onde conheceu o futuro poeta Gastão Cruz. Esteve na faculdade até aos princípios da década de 1960, quando casou com o escritor António Barahona da Fonseca. O casal mudou-se para o Algarve, onde residiu como hóspede de Gastão Cruz. Em 1960 publicou o seu primeiro livro, Noite Vertebrada. Luísa Neto Jorge começou a sua carreira como professora no ano lectivo de 1961 para 1962, no Liceu de Faro. Naquela cidade, fez parte de um grupo de artistas que se reunia no Café Aliança, e que era frequentado especialmente por escritores e poetas, como José Afonso, Gastão Cruz, Casimiro de Brito e António Ramos Rosa. Nessa altura, publicou a sua primeira obra, A Noite Vertebrada, e colaborava na revista Poesia 61. Foi considerada a personalidade de maior destaque do grupo de poetas que se reuniu em torno do movimento Poesia 61, no âmbito do qual publicou a obra Quarta Dimensão. O casamento com António Barahona só durou cerca de dois anos, tendo este partido para Moçambique e Luísa Neto Jorge para Paris. Na capital francesa, continuou a escrever enquanto trabalhava, tendo algumas das suas obras de poesia sido publicadas em Portugal. Regressou a território nacional durante algumas vezes durante a sua estadia em França, embora só tenha voltado de forma definitiva a Portugal cerca de oito anos depois. Em 1969 publicou a colectânea Dezanove Recantos , que foi principalmente inspirada na cidade de Silves, no Algarve. Passou a viver com Manuel João Gomes (Coimbra, 1948 – 2007), tradutor, escritor, actor e crítico teatral com quem teve o seu único filho, Dinis, nascido em 1973, e com quem se casaria em 1987. Nesse ano publicou a obra Sítios Sitiados. Embora não tenha deixado uma grande obra escrita, foi uma das mais conhecidas autoras portuguesa nas décadas de 1960 a 1980, tendo vários dos seus livros sido traduzidos em vários idiomas, e publicada na maior parte das antologias de poesia portuguesa contemporânea. Salvo poemas avulsos em algumas publicações, como é o caso da revista Colóquio-Letras, não publicou nenhum livro nos últimos dezasseis anos de vida. Após o seu falecimento, a família publicou várias obras em seu nome, baseadas em rascunhos deixados pela autora. Em 1993, foi coligida a obra completa. Começou a trabalhar como tradutora, tendo trabalhado nas obras de Paul Verlaine, Marguerite Yourcenar, Boris Vian, Paul Éluard, Marquês de Sade, Goethe (Fausto]), Jean Genet, Witold Gombrowicz, Apollinaire, Karl Valentin, Garcia Lorca, Ionesco, Oscar Panizza, entre outros. Destacou-se nesta actividade, tendo recebido o prémio de tradução do PEN Clube Português pela sua interpretação da obra Morte a Crédito de Louis-Ferdinand Céline. Também trabalhou na adaptação de textos para o teatro, baseada em obras de vários autores, incluindo Denis Diderot. Auxiliou vários cineastas nacionais na produção de diálogos para filmes, incluindo Paulo Rocha e Solveig Nordlund, elaborou os argumentos de Os Brandos Costumes, de Alberto Seixas Santos, em 1975, e fez assistência literária em Relação Fiel e Verdadeira, de Margarida Gil, em 1989.Destacou-se igualmente como artista plástica em desenho e cerâmica, e especialmente em pintura, tendo feito exposições no Círculo de Artes Plásticas, entidade onde também foi directoraTambém fez várias ilustrações para capas de livros. Luíza Neto Jorge morreu em 23 de Fevereiro de 1989, na cidade de Lisboa, vítima de uma doença pulmonar.