Álvaro Ribeiro – Leonardo Coimbra (Apontamentos de Biografia e de Bibliografia) – Editorial Império – Lisboa – 1945.Desc.(89) pág.
Álvaro Ribeiro (Porto, 1905 – Lisboa, 1981) foi um filósofo, escritor e críticoportuguês. Publicou até ao fim da vida uma vasta obra de prosador, de pedagogo, de hermeneuta e de memorialista, em que pretendeu por um lado actualizar um racionalismo aristotélico muito atento aos problemas da linguagem verbal, no qual via a genuína matriz do pensamento português, desde Pedro Hispano ou de Álvaro Pais (sec. XIV), e por outro magistralizar a tradição esotérica do saber, sobretudo judaico-cabalista, na qual inseria a renovação moderna do pensamento português, começada para ele com Sampaio Bruno. O poeta português que mais vivamente interpelou o Álvaro Ribeiro pensador de enigmas foi Fernando Pessoa. Dele compilou em volume os textos publicados na revista A Águia em 1912, dedicados à poesia saudosista; a recolha, A Nova Poesia Portuguesa (1944), foi a primeira compilação de dispersos do poeta e antecedeu muitas outras iniciativas do género, a primeira das quais a recolha de Jorge de Sena, Páginas de Doutrina Estética (1945), que contou com larga e generosa colaboração de Álvaro.
Álvaro de Carvalho de Sousa Ribeiro, filho único de José de Sousa Oliveira Guimarães Daun e Lorena Ribeiro e de Angélica Cândida de Carvalho de Sousa Ribeiro, nasceu em Miragaia, no Porto no dia 1 de Março de 1905 e morreu em Lisboa no dia 9 de Outubro de 1981. Entre 1917 e 1919, foi aluno interno num colégio dominicano em Paris, só mais tarde ingressou no Curso Geral dos Liceus no Liceu Rodrigues de Freitas. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi discípulo de Leonardo Coimbra e condiscípulo de Adolfo Casais Monteiro e de Delfim Santos. Foi um dos assinaram em Lisboa, em 1932, a carta de apresentação do Movimento da Renovação Democrática. Fundou em Lisboa o movimento da Filosofia Portuguesa com a publicação, em 1943, do manifesto O Problema da Filosofia Portuguesa, grupo a que logo se juntou o seu amigo José Marinho e também Santana Dionísio, António Alvim, Miguel Summavielle, Eudoro de Sousa, entre outros. Aquele manifesto foi editado por Eduardo Salgueiro, que fora seu colega anos antes no movimento da Renovação Democrática. Em Lisboa manteve animada tertúlia em torno do seu magistério durante décadas, renovando o seu movimento ao longo de sucessivas gerações, vindo a incluir Afonso Botelho, António Braz Teixeira, António Quadros, António Telmo, Pinharanda Gomes, Orlando Vitorino, Cunha Leão (filho), Francisco Moraes Sarmento, entre outros pensadores. Dirigiu a revista Princípio(1930) e colaborou no Diário Popular, Acção Republicana, Atlântico, Democracia, jornal 57 (1957-1962), Escola Formal e Ensaio, folha de cultura e opinião. Foi um dos sócios fundadores da Sociedade de Língua Portuguesa. Um dos seus discípulos mais fieis, António Quadros, escreveria mais tarde: “Marinho era o contemplador do número, do espírito recôndito, na experiência anagógica da visão unívoca. Mas Álvaro Ribeiro era o operário de Deus, o trabalhador que, dobrado sobre a grande máquina do Mundo e sobre o formigueiro dos homens, tentava fazê-los mover, arrolando cada um de nós para uma função própria e levando-nos as instruções deixadas pelo fabricante de origem. A cada pensador português, o seu poeta. Se Junqueiro para Bruno, Antero para Sérgio, Pascoaes para Leonardo e Marinho, Pessoa para Agostinho, o poeta de Álvaro Ribeiro era José Régio.” (Memórias das Origens Saudades do Futuro). Encontra-se sepultado no Cemitério de Benfica, em Lisboa. Publicou até ao fim da vida uma vasta obra de prosador, de pedagogo, de hermeneuta e de memorialista, em que pretendeu por um lado actualizar um racionalismo aristotélico muito atento aos problemas da linguagem verbal, no qual via a genuína matriz do pensamento português, desde Pedro Hispano ou de Álvaro Pais (sec. XIV), e por outro magistralizar a tradição esotérica do saber, sobretudo judaico-cabalista, na qual inseria a renovação moderna do pensamento português, começada para ele com Sampaio Bruno. O poeta português que mais vivamente interpelou o Álvaro Ribeiro pensador de enigmas foi Fernando Pessoa. Dele compilou em volume os textos publicados na revista A Águia em 1912, dedicados à poesia saudosista; a recolha, A Nova Poesia Portuguesa (1944), foi a primeira compilação de dispersos do poeta e antecedeu muitas outras iniciativas do género, a primeira das quais a recolha de Jorge de Sena, Páginas de Doutrina Estética (1945), que contou com larga e generosa colaboração de Álvaro.