José Laudino Vieira – Luuanda – Editora e Distribuidora «EROS», Lda – Belo Horizonte – Brasil. Desc. 165 pág / 19 cm x 13,5 cm / Br. «1.ª Edição Brasileira»
José Luandino Vieira, pseudónimo literário de José Vieira Mateus da Graça (Vila Nova de Ourém, 4 de maio de 1935) é um escritor angolano. Português de nascimento, passou a juventude em Luanda, onde concluiu os estudos secundários. Durante a Guerra Colonial, combateu nas fileiras do MPLA, contribuindo para a criação da República Popular de Angola. Detido pela PIDE, pela primeira vez em 1959, foi um dos acusados do Processo dos 50, acabando condenado a catorze anos de prisão, em 1961. Antes disso a Sociedade Portuguesa de Escritores, então presidida por Jacinto do Prado Coelho, atribuiu-lhe o Grande-Prémio de Novela Camilo Castelo Branco, pela sua obra Luuanda. Depois de os principais jornais do país noticiarem o galardão, a Direcção dos Serviços de Censura detectou a gaffe política e proibiu qualquer referência ao prémio sem um enquadramento crítico face ao escritor, aos membros do júri e da própria SPE, que viria a ser extinta a 21 de Maio de 1965. Na sua edição de 23 de Maio, o Jornal do Fundão noticiou os prémios, elogiando fortemente os vencedores, incluindo Luandino, e recusando qualquer referência ao estatuto criminal do escritor. O periódico foi suspenso durante seis meses, multado, a sua caução aumentou exponencialmente e foi obrigado a apresentar as provas à delegação de Lisboa dos Serviços de Censura e não de Castelo Branco. Só viria a retomar a normalidade no final de Novembro de 1965, após exposições do director ao Presidente do Conselho. Em 2009, numa rara entrevista concedida ao jornal Público, Luandino confidenciou que as notícias do prémio chegaram tardiamente ao Tarrafal, pois o director do campo de detenção retardou a informação. Como o escritor estava impossibilitado de candidatar a obra, bem como o seu editor, foi com surpresa que percebeu que a obra fora, mesmo assim, distinguida, graças à intervenção do crítico literário Alexandre Pinheiro Torres. Luandino Vieira cumpriu a pena de prisão no Campo do Tarrafal, em Cabo Verde, regressando a Portugal em 1972, com residência vigiada em Lisboa. Viria a trabalhar com o editor Sá Costa até à Revolução de Abril. Em 1975 regressou a Angola. Ocupou os cargos de director da Televisão Popular de Angola (1975-1978), director do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA (1975-1979) e do Instituto Angolano de Cinema (1979-1984). Foi co-fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992), e secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores Afro asiáticos (1979-1984). Na sequência das eleições de 1992, e do reinício da guerra civil angolana, regressou a Portugal. Radicou-se no Minho Vila Nova De Cerveira, onde vive em isolamento na quinta de um amigo, dedicando-se à agricultura.Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o maior galardão literário da língua portuguesa. Luandino recusou o prémio alegando, segundo um comunicado de imprensa, «motivos íntimos e pessoais». Entrevistas posteriores, sobretudo ao Jornal de Letras, esclareceram que o autor não aceitara o prémio por se considerar um escritor morto e, como tal, entendia que o mesmo deveria ser entregue a alguém que continuasse a produzir. Ainda assim publicou dois novos livros em 2006.