João Neves da Fontoura – Elogio de Coelho Neto «Com Uma Antologia dos Seus Contos» – Edições Ultramar, Lda – Lisboa – 1944. Desc. 236 pág / 18,5 cm x 12 cm / Br.
Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias, 21 de Fevereiro de 1864 — Rio de Janeiro, 28 de Novembro de 1934) foi um escritor(cronista, folclorista, romancista, crítico e teatrólgo), político e professor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras onde foi o fundador da Cadeira número 2. Foi considerado o “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, numa votação realizada em 1928 pela revista O Malho.1 Apesar disto, foi consideravelmente combatido pelos modernistas, sendo pouco lido desde então, em verdadeiro ostracismo intelectual e literário. Nas palavras de Arnaldo Niskier: “A vitória do modernismo se fez como se houvesse necessidade de abater um grande inimigo, no caso, Coelho Neto”. Filho do português António da Fonseca Coelho com a índia Ana Silvestre Coelho, que mudaram-se do Maranhão para o Rio de Janeiro quando o filho contava apenas seis anos de idade. Estudou no Colégio Pedro II, onde realizou os cursos preparatórios e ingressou na Faculdade de Medicina, que abandonou em seguida, matriculando-se em 1883 na Faculdade de Direito de São Paulo. No curso jurídico Coelho Neto expande suas revoltas, logo se envolvendo no movimento de alunos contra um professor e, para evitar represálias, transfere-se para a faculdade do Recife, e ali conclui o primeiro ano tendo por principal mestre Tobias Barreto. Após este lapso, retorna para São Paulo, e logo participa de movimentos abolicionistas e republicanos, entrando em choque com os professores, não chegando a concluir o curso. Sem se formar, retorna em 1885 para o Rio onde, ao lado de escritores como Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney forma um grupo cujas experiências vem a retratar no romance “A Conquista”, de 1899. Activo na campanha pela extinção da escravatura, alia-se a José do Patrocínio; labora como colaborador do jornal Gazeta da Tarde e, depois, para o A Cidade do Rio, onde foi secretário, ocasião em que inicia a publicação de seus textos literários. Casou-se em 1890 com Maria Gabriela Brandão, filha do professor Alberto Olympio Brandão, com quem teve catorze filhos. Neste mesmo ano é nomeado secretário de governo do estado e em 1891 ocupa a direcção de Negócios do Estado. Em 1892 é nomeado para o magistério de História da Arte na Escola Nacional de Belas Artes. Depois lecciona literatura no Colégio Pedro II; nesta actividade é nomeado, em 1910, para as cátedras de História do Teatro e Literatura Dramática na Escola de Arte Dramática do Rio, da qual foi mais tarde seu director. Na política tornou-se deputado federal pelo estado natal, em 1909, reeleito em 1917. Ocupou ainda diversos cargos, e integrou diversas instituições culturais. Em 1923, converteu-se ao Espiritismo, proferindo um discurso no Salão da Guarda Velha no Rio de Janeiro sobre sua adesão. Sobre a matéria, o “Jornal do Brasil” publicou entrevista com o escritor (7 de Junho de 1923, anteriormente intransigente adversário do Espiritismo, e que a ele se converteu após ter participado, na extensão do seu escritório, de uma conversa ao telefone entre a sua neta, falecida em tenra idade, e a mãe dela. Sua vida divide-se, assim, em três fases distintas: na primeira, aquela em que procura se firmar como escritor; a segunda, quando integra o movimento pela Academia, participa da política e obtém reconhecimento e consagração e, finalmente, a terceira, na qual experimenta os ataques modernistas e o consequente esquecimento. Coelho Neto esteve ao lado de Lúcio de Mendonça, idealizador da Academia Brasileira, nas primeiras reuniões que trataram da criação desta entidade literária, e realizadas nos dois últimos meses de 1896. Foi eleito seu presidente no ano de 1926, sucedendo à primeira gestão de Afonso Celso, e foi seguido por Rodrigo Otávio. Em 1928, Coelho Neto, que havia sempre recebido hostilidades de Oswald de Andrade, emitiu um parecer em que confere ao escritor menção honrosa no julgamento do concurso de romance da ABL; apesar de participar do movimento modernista, publicamente anti-academista.