Maria das Dores Dominguez Ramirez Galhardo Palmeira (Lolita Ramirez) – Shalom (Sonetos) – (Prefácio de Teresa Sousa de Almeida) – Edição de Autor – Vila Real deSanto António – 1987.Desc.(72)Pág.Br.”Autografado”
Lolita Ramirez
Maria das Dores Dominguez Ramirez Galhardo Palmeira (Lolita Ramirez) nasceu em 1929 na cidade algarvia de Vila Real de Santo António – cidade na foz do rio Guadiana e fronteira da vizinha Espanha. É descendente, por parte de pai e de mãe, de família espanhola. Por este fato, se sente herdeira das duas culturas.Através de sua poesia, Lolita Ramirez, mostra-se-nos transparente, lúcida, apaixonada e devota às coisas em que acredita – o amor. Os seus amores: o marido; o pai; a mãe; a família; as crianças; a terra – Algarve; outras terras de Portugal; os amigos; a vida; a língua e a Palavra .Licenciada em Filologia Românica, curso que iniciou na Faculdade de Letras de Coimbra e que completou na Universidade de Lisboa, teve sua vida dedicada ao ensino. Aposentou-se neste ano de 1998. Os seus colegas e amigos ofereceram-lhe um jantar em sua homenagem. No presente momento, já aposentada, continua se dedicando à poesia e às artes. Tem vários presépios executados em preciosas minúcias de figuras, tamanhos e materiais diversificados. Alguns destes trabalhos foram apresentados em exposiçõesno Casino de Monte Gordo.
M. Pinheiro Chagas – Poema da Mocidade Segundo do Anjo do Lar (Seguidos de Um Artigo de Crítica Literária pelo Antonio Feliciano de Castilho) – Livraria de A. M. Pereira – Lisboa – 1865.Desc.(XIII) + (243).Pág.Br.
Minha Pátria (Poema em 3 Livros e 3 Jornadas) (€15.00)
Mateus Moreno – Minha Pátria (Poema em 3 Livros e 3 Jornadas) – Livro I – Ressurgimento – Editora – Lisboa – 1923.Desc.(39)Pág.Br.Ilust
Mateus Moreno
Mateus Moreno – Faro, 27/09/ 1892 – Lisboa, 05/1970 -Presidiu à Academia do Liceu de Faro, onde fez estudos preparatórios.Fundou, em Outubro 1911, o quinzenário académico A Mocidade e mais tarde a “Alma Nova, com José Guerreiro de Murta, José Dias Sancho, C. A. Lyster Franco. Em finais de 1914, Martins Moreno foi para Lisboa, para frequentar o curso de Matemáticas, da Faculdade de Ciências, mas manteve uma intensa relação com a vida algarvia, organizando o I Congresso Regional do Algarve.Em 1917, foi mobilizado para França, incorporado no C.E.P., como alferes miliciano de artilharia de campanha.Terminada a guerra Martins Moreno optou pela carreira militar, frequentando a Escola de Guerra. Em 1957, a «Casa do Algarve» promoveu um concurso de música para a criação do «Hino de Sagres», sob o alto patrocínio do empresário algarvio Libânio Correia, inserido nas pré-comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique,que Mateus Moreno venceu. A música foi feita pela pianista Elvira de Freitas.
Guilherme de Almeida – Poetas de França – Companhia Editorial Nacional – São Paulo – 1936.Desc.(207)Pág.Br.
Guilherme de Andrade de Almeida
Guilherme de Andrade de Almeida (Campinas, 24 de julho de 1890 — São Paulo, 11 de julho de 1969) foi um poeta, cronista, jornalista, crítico de cinema, ensaísta, escritor de livros infantis, conferencista e tradutor brasileiro. É considerado um verdadeiro comunicador, tendo utilizado, sem preconceitos, quase todos os meios de comunicação disponíveis em seu tempo: livro, jornal, revista, cinema, teatro, rádio, letra de música e hinos. Guilherme de Almeida era filho de Angelina de Andrade e de Estevam de Araújo Almeida, advogado e professor de direito da Academia do Largo de São Francisco, atualmente Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Foi casado com Belkiss Barroso de Almeida, de cuja união nasceu o filho, Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barroso de Almeida, que se casou com Marina Queirós Aranha de Almeida. Foi, com seu irmão, Tácito de Almeida (1889 – 1940), importante organizador da Semana de Arte Moderna de 22. Guilherme de Almeida publicou, em 1916, duas peças de teatro que escreveu a quatro mãos com Oswald de Andrade. Em 1917 publica seu primeiro livro de versos, Nós, que alcançou grande sucesso, sobretudo entre o público feminino. O poeta passa então a colaborar ativamente em revistas, como A Cigarra. Seus livros seguintes alcançam grande sucesso de crítica e de público, situação que se altera quando publica Meu (livro de estampas) e Raça, em 1925, considerados pelo poeta um fracasso de vendas por explorar uma linguagem mais experimental afim dos princípios modernistas. Neste mesmo ano, viaja ao Rio Grande do Sul, ao Pernambuco e ao Ceará com a intenção de divulgar a estética modernista, fazendo na capital destes estados a conferência A Revelação do Brasil pela Poesia Moderna. Em Pernambuco, Gilberto Freyre, defensor do Regionalismo, abre franca polêmica com Guilherme de Almeida. Um dos poemas de Guilherme de Almeida, “A Carta Que Eu Sei de Cor”, presente em seu livro “Era uma vez”, foi declamado na Faculdade de Letras de Coimbra, em 1930, na importante conferência “Poesia Moderníssima do Brasil” – esta conferência foi estampada na revista ‘Biblos’ (Faculdade de Letras de Coimbra), Vol. VI, n. 9-10, Coimbra, Setembro e Outubro de 1930, pp. 538 – 558; e no ‘Jornal do Commercio’, Rio de Janeiro, domingo, 11 de janeiro de 1931, página 3). Foi um dos fundadores da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionou Ciência Política. Guilherme de Almeida foi ainda um dos fundadores da Revista Klaxon, que visava a divulgação da ideias modernistas, tendo realizado sua capa, assim como os arrojados anúncios da Lacta, para a mesma Revista. Elaborou também a capa da primeira edição do livro “Paulicéa Desvairada”, de Mário de Andrade. Os livros de Guilherme de Almeida são considerados pequenas obras-primas das artes gráficas, com capas e ilustrações realizados por artistas como Correa Dias, Di Cavalcanti, John Graz, José Wash Rodrigues e Anita Malffati. Guilherme de Almeida colaborou com diversas revistas que defendiam o modernismo, como a Terra Roxa, A Revista, Estética e Revista de Antropofagia, tendo escrito poemas-piada à moda de Oswald de Andrade, como o poema Humorismo (Meu, 1925) e outros publicados em revistas. Apesar disso, preferiu a ironia e a paródia à blague e à sátira propriamente. Defensor da democracia liberal e de uma poesia moderna e refinada, Guilherme de Almeida foi duramente atacado pelos escritores ligados ao Movimento Verde e Amarelo, de orientação proto-facista (integralismo) e que procuravam uma poesia mais “tosca” como Cassiano Ricardo. Porém, Mário de Andrade e outros escritores da época notaram que os livros de Cassiano Ricardo eram praticamente plágios da obra de Guilherme de Almeida. Ao ler Borrões de Verde e Amarelo, de Cassiano Ricardo, Mário de Andrade escreveu escandalizado “Meu Deus! O Gui [Guilherme de Almeida] é imitado em tudo neste livro!. Barbosa Campos é mais direto e acusa Cassino explicitamente de plagiar Guilherme de Almeida no artigo “O caçador Caçado – a propósito de um plágio de Guilherme de Almeida”. Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de Moraes Neto e Oswald de Andrade também polemizaram contra Guilherme de Almeida. Estes escritores acusavam o poeta de não ser suficientemente radical, e de fazer uma poesia excessivamente inteligente e sutil. Os livros propriamente modernistas de Guilherme de Almeida são Era Uma Vez… (1922), A Frauta que Eu Perdi (1923), Meu (1925), Raça (1925) e, em parte, Encantamento (1925). Depois deste período, nota-se um arrefecimento do experimentalismo na poesia de Guilherme de Almeida. Isto porém, não o impede de produzir algumas obras-primas principalmente em seus últimos anos, quando escreve Rua (1961), Rosamor (1965) e Margem (1968, publicado postumamente em 2010). Porém, as obras do poeta mais aplaudidas pelos críticos literários são, até hoje, aquelas que compôs em sua juventude: Nós (1917), A Dança das Horas (1919), Messidor (1919 – obra que reúne as duas anteriores mais Suave Colheita) e Livro de Horas de Soror Dolorosa – Aquela que Morreu de Amor (1920, livro no qual os poemas são escritos do ponto de vista de um Eu Lírico feminino). Em muitas delas, Guilherme de Almeida já usa o humor e a paródia como forma de composição, bem como metáforas e comparações inovadoras. As obras de caráter modernista e as de sua última fase merecem uma revisão crítica, pois Guilherme de Almeida é um poeta pouco estudado. Até hoje não há edição completa de sua poesia. Foi o primeiro modernista a entrar para a Academia Brasileira de Letras (1930).Terceiro ocupante da Cadeira 15, eleito em 6 de março de 1930, na sucessão de Amadeu Amaral e recebido pelo Acadêmico Olegário Mariano em 21 de junho de 1930. Recebeu o Acadêmico Cassiano Ricardo. Em 1958, foi coroado o quarto “Príncipe dos Poetas Brasileiros” (depois de Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano). A essência de sua poesia é o ritmo “no sentir, no pensar, no dizer”. Dominou amplamente os processos rímicos, rítmicos e verbais, bem como o verso livre, explorando os recursos da língua, a onomatopeia, as assonâncias e aliterações. Na época heroica da campanha modernista, soube seguir diretrizes muito nítidas e conscientes, sem se deixar possuir pela tendência à exaltação nacionalista. Nos poemas de Simplicidade, publicado em 1929, retornou às suas matrizes iniciais, à perfeição formal desprezada pelos outros, mas não recaiu no Parnasianismo, porque continuou privilegiando a renovação de temas e linguagem. Sobressaiu sempre o artista do verso, que o poeta Manuel Bandeira considerou o maior em língua portuguesa. Entre outras realizações, foi o responsável pela divulgação do poemeto japonês haikai no Brasil. Combatente na Revolução Constitucionalista de 1932 e exilado em Portugal, após o final da luta, foi homenageado com a Medalha da Constituição, instituída pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Sua obra maior de amor a São Paulo foi seu poema Nossa Bandeira, além do Hino dos Bandeirantes – oficializado como letra do Hino do Estado de São Paulo – e da letra do hino da Força Pública (atual Polícia Militar do Estado de São Paulo). É proclamado “O poeta da Revolução de 32”. Escreveu o poema Moeda Paulista, a pungente Oração ante a última trincheira, a letra do “Hino Constitucionalista de 1932/MMDC”, O Passo do Soldado, de autoria de Marcelo Tupinambá, com interpretação de Francisco Alves. O poema treze listras em homenagem a bandeira do estado de São Paulo, que mais tarde foi feito o dobrado (música militar) treze listras do compositor e maestro Pedro Salgado É de sua autoria a letra da Canção do Expedicionário com música de Spartaco Rossi, referente à participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Autor da letra do Hino da Televisão Brasileira, executado quando da primeira transmissão da Rede Tupi de Televisão, realizada por mérito de seu concunhado, o jornalista Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.Dedicou-se ainda a outras artes e atividades, além da literatura e da poesia: desenhista amador, cultivou também a heráldica, tendo criado o brasão das cidades de São Paulo , Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP). Foi presidente da Comissão Comemorativa do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. Encontra-se sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, ao lado de Ibrahim de Almeida Nobre, o “Tribuno de 32”, dos despojos dos jovens conhecidos pela sigla M.M.D.C. (Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade), e do caboclo Paulo Virgínio.
António Macheira – Até Amanhã Meu Filho (Contos) – (Prefácio de Dr.Joaquim Magalhães) – Edição – José P.C.Macheira & Manuel Parreira Dias – Tip.União – Faro – 1960.Desc.(121)Pág.Br.”1.ª Edição”
António Henrique da Cruz Macheira
António Henrique da Cruz Macheira (Olhão, em 5 de Agosto de 1933 – Olhão, 14 de Dezembro de 1957) foi um escritor algarvio. Os seus pais, José Rodrigues Macheira (Natural de Querença, Loulé, gerente conserveiro) e Maria João Pinheiro da Cruz Macheira (Natural de Olhão, pianista por devoção). Ainda muito jovem (aos 12 anos de idade), teve um grave acidente que viria a modificar a sua vida. Nos 10 anos que se seguiram, fez uma vida normal embora se soubesse que o seu futuro não era nada promissor, sobretudo quando comparado com o dos seus amigos. No convívio com colegas e companheiros procurava sempre maneira de estar à altura deles, acompanhando-os nas brincadeiras, namoricos e tantas outras coisas próprias da juventude. Em casa, isolado e pensativo, lia ou deliciava-se com programas de rádio, apreciava música clássica, escrevia ou lia avidamente, como se se sentisse iluminado por uma força interior.Era um conversador exímio, autodidacta, que se dedicou de alma e coração à literatura e às humanidades, lendo e aprendendo, entusiasticamente, com Camões, Pessoa, Garrett, Tolstoi, Zola, Balzac e outros vultos famosos de escritores e poetas. A sua imaginação criativa e o amor à vida contribuíram para adquirir conhecimentos que de outro modo não era possível alcançar. Talentoso rodeado dos maiores mestres da literatura universal, que muito contribuíram para que este jovem fosse reconhecido como uma perda prometedora no mundo das letras. A azáfama marítima, as indústrias, a vida dos pescadores e as belezas das terras algarvias são narradas intensamente. A sua terra, Olhão, é descrita, principalmente, de maneira “invejável e soberba”.
António Corrêa D’Oliveira – Verbo Ser e Verbo Amar (Poemas) – Livrarias Aillaud & Bertrand – Paris/Lisboa – 1926.Desc.(224)Pág.Br.
António Corrêa D’Oliveira
António Corrêa D’Oliveira (São Pedro do Sul, 30 de julho de 1879 — Belinho, Esposende, 20 de dezembro de 1960) foi um poetaportuguês. Começando no final do século XIX foi publicando as suas obras durante mais de seis décadas, tendo sido indicado para o Prémio Nobel da Literatura pela primeira vez em 1933 por vinte membros da Academia Real das Ciências e sendo o recordista nacional com um total de quinze nomeações. António Correia de Oliveira nasceu em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, a 30 de julho de 1879. Estudou no Seminário de Viseu, indo depois para Lisboa, onde trabalhou brevemente como jornalista no Diário Ilustrado. Publicou a sua primeira obra aos 16 anos, Ladainha em 1897, foi companheiro de Raul Brandão e mostrou influências de Antero de Quental e de Guerra Junqueiro. Em 1912, tendo casado com uma rica proprietária minhota, fixa-se na freguesia de Antas, concelho de Esposende, indo viver para a Quinta do Belinho, Poeta neogarrettista, foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Ligado aos movimentos culturais do Integralismo Lusitano e das revistas Águia, Atlântida (1915-1920), Ave Azul (1899-1900), e Seara Nova. De Correia de Oliveira também se encontram colaborações nas revistas O Occidente(1877-1915), Serões (1901-1911),Contemporânea (1915-1926), Revista de turismo iniciada em 1916, no periódico O Azeitonense (1919-1920) e ainda nas revistas Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal (1939-1947) e Prisma (1936-1941). Convictamente monárquico, transforma-se num dos poetas oficiosos do Estado Novo, com inúmeros textos escolhidos para os livros únicos de língua portuguesa do sistema de ensino primário e secundário. Correia de Oliveira foi indicado para o Prémio Nobel da Literatura, pela primeira vez em 1933, sendo-o depois de também desse ano a 1940 e em 1942. A vencedora de 1945, a chilena Gabriela Mistral, que desempenhara as funções de Adida Cultural em Lisboa, declarou publicamente, no acto solene, que não merecia o prémio, estando presente o autor do Verbo Ser e Verbo Amar.Foi o terceiro português a ser indicado para o Nobel da Literatura, depois de João da Câmaraem 1901 e de João Bonança em 1907, mas é o português a quem se conhece o maior número de nomeações, ultrapassado neste valor Maria Madalena de Martel Patrício que tem catorze. Foi pai de José Gonçalo Correia de Oliveira (1921—1976), Ministro da Economia entre 1965 e 1968. António Correia de Oliveira faleceu na sua casa da freguesia de Antas, Esposende, no distrito de Braga, em 1960.
José Henrique dos Santos Barros – Canto de Abril – Edições Panorama – Lisboa – 1970.Desc.(55)Pág.Br.
José Henrique dos Santos Barros
José Henrique dos Santos Barros (Angra do Heroísmo, 1 de janeiro de 1946 — Mérida, Espanha, 20 de maio de 1983) foi um poeta, contista, crítico literário e animador cultural que se destacou no movimento de renovação cultural que ocorreu nos Açores nas décadas de 1960 e 1970. J. H. Santos Barros nasceu na cidade de Angra do Heroísmo, onde conclui os ensinos básico e secundário, empregando-se de seguida como funcionário público. Publicou em 1964 as suas primeiras poesias, aos 18 anos de idade, com poemas incluídos na obra Novíssima Poesia Açoriana, publicado em parceria com Gil Reis. Foi mobilizado para a Guerra Colonial, cumprindo o serviço militar obrigatório como furriel miliciano em Angola entre 1969 e 1971, regressando nesse ano à sua cidade natal. Após o seu regresso dedica-se à poesia e à literatura, à animação cultural, ao suplementarismo nos jornais locais e ao ensaio literário. Também se envolve na contestação ao Estado Novo, em boa parte através do então incipiente sindicalismo. Em pouco tempo demonstrou grande propensão para a dinamização cultural, especialmente desde a criação, por iniciativa do também poeta Carlos Faria, do suplemento Glacial no jornal angrense A União, de que foi coordenador entre 1972 e 1974. Ficaria assim associado ao movimento de renovação cultural que ocorreu nos Açores, mas em especial na cidade de Angra do Heroísmo, nas décadas de 1960 e 1970. Nesse período, J. H. Santos Barros acreditou na possibilidade de unir numa só frente uma postura de vanguarda ideológica, militante, com a ideia libertária de uma cultura popular e de grupo. Com outros intelectuais angrenses, fundou a galeria de artes plásticas Degraue liderou processos de animação cultural de cooperativas, sindicatos, rádios e jornais. Fundou e dirigiu o suplemento Cartaz (nova série, 1972-1974) e a revista A Memória da Água-Viva, editada de parceria com Urbano Bettencourt de 1978 a 1980. Após a Revolução dos Cravos, foi militante do MES – Movimento Esquerda Socialista e esteve presente no primeiro comício nacional daquele partido realizado a 21 de agosto de 1974, no Clube Atlético de Campo de Ourique, onde falou dos problemas do povo açoriano. Foi colaborador do periódico O Trabalhador, que se publicou em Angra do Heroísmo em 1974 e 1975. Entretanto, desencantado com o ambiente político e social que se vivia nos Açores após a Revolução de 25 de abril de 1974, especialmente com a perseguição aos intelectuais tidos como de esquerda movida por elementos ligados à extrema-direita e à corrente independentista liderada pela Frente de Libertação dos Açores, em 1975 foi obrigado a mudar-se para Lisboa, onde se fixou a partir de 1979, e depois para Grândola, de onde era originária a esposa, aí vivendo até falecer. António Brandão Moniz diz sobre a ida de Santos Barros para Lisboa que «sofreu a guerra colonial, o miopismo político e extremista do separatismo e o cortejo de misérias que são inerentes às do intelectual cada vez mais mecanizável mesmo quando simula o contrário». Na vertente poética, foi publicando a sua obra, muitas vezes de forma improvisada em cadernos policopiados e opúsculos, saídos a público regulamente desde 1964 até pouco antes do seu falecimento. A sua poesia, apesar dos temas insulares, conjuga a açorianidade e o tradicional como matriz e ponto de partida da alternância entre ilha e o Mundo, muitas vezes assumindo uma «poética do quotidiano». No prefácio à edição póstuma da obra poética completa de J. H. Santos Barros, Lobo Antunes aponta os poemas do final de vida do poeta como peças de primeira água pelas quais [J.H. Santos Barros] deverá ser julgado, referindo que quatro ou cinco (…) resistirão ao tempo. Como contista, foi autor de alguns contos dispersos, marcados pelos imaginários oníricos e surrealizantes. No campo do ensaio literário e da crítica, interessou-se pela conjugação da «açorianidade» com a «universalidade» da Literatura. No campo da crítica literária a sua melhor produção apareceu no suplemento Contexto, do jornal Açores (de Ponta Delgada), no qual desenvolveu um trabalho de animação e coordenação que se estenderia à crítica, à polémica literária e à ensaística. Nesse mesmo jornal protagonizou uma experiência heteronímica, subscrevendo com diversos nomes, posições e conceitos propositada e provocatoriamente contraditórios. São desse período os textos publicados no suplemento Contextosob o pseudónimo de Ricardo Ascensão, ou não assinados, a que se soma a narrativa Defoe no Corvo. Santos Barros assumiu Ricardo Ascensão como um heterónimo, para o qual escreveu uma biografia, que o dava como nascido em Lisboa, em 1950, neto de açorianos da ilha Terceira. Com este mesmo heterónimo publicou o folheto O Partido da Poesia. Usou outros heterónimos reconhecidos publicados no suplemento Contexto, incluindo poemas assinados como M.N. Duarte, como A.J. Peixoto e como A. Espírito Santo. Faleceu em Mérida, Espanha, vítima de um acidente de viação, no qual também morreu a sua mulher, a escritora Ivone Chinita. Deixou inédito um diário, intitulado O Aprendiz de Mundos, e vários poemas, os quais foram incluídos na edição póstuma da sua obra poética completa, saída a público em 2018.
António Sardinha – A Epopeia da Planicie (Poemas da Terra e do Sangue) – França Amado, Editor – Coimbra – 1915.Desc.(277)Pág.Br.”1.ªEdição”
António Maria de Sousa Sardinha
António Maria de Sousa Sardinha (Monforte, 9 de Setembro de 1887 – Elvas, 10 de Janeiro de 1925) foi um político, historiador e poeta português. Destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, produzindo uma obra que se afirmou como a principal referência doutrinária do Integralismo Lusitano. A sua defesa da instauração de uma monarquia tradicional — orgânica, antiparlamentar ou anticonstitucional e antiliberal — serviu de inspiração a uma influente corrente do pensamento político português da primeira metade do século XX. Apesar de ter falecido prematuramente, conseguiu afirmar-se como referência incontornável dos monárquicos que recusaram condescender com o salazarismo. Afirmando-se monárquico e patriota, dizia:
Nós não somos patriotas por sermos monárquicos. Somos antes monárquicos por sermos patriotas.
Seus principais inspiradores, ou “pais espirituais”, de acordo com o pensador e político espanhol Ramiro de Maeztu, foram Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Fialho d´Almeida e, “um pouco mais atrás”, Oliveira Martins, Antero de Quental e Camilo Castelo Branco, todos eles “patriotas, tão saturados da grandeza do Reino de Portugal no passado como desesperados de sua pequenez contemporânea”. Defendia também teses racistas, lamentando a “mistura de gentes” dos Descobrimentos. António Sardinha foi um adversário da Monarquia da Carta (1834-1910) chegando, no tempo de estudante na Universidade de Coimbra, a defender a implantação de uma república em Portugal. Depois de 5 de Outubro de 1910, durante a Primeira República ficou profundamente desiludido com ela e acabou por se converter ao ideário realista da monarquia orgânica, tradicionalista, antiparlamentar do “Integralismo Lusitano”, de que foi um dos mais destacados defensores. Em 1911 já estava formado em Direito pela respectiva universidade e no final do ano de 1912, escrevia a comunicar a sua «conversão à Monarquia e ao Catolicismo — “as únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda aceitar”. E abençoava “esta República trágico-cómica que (o vacinara) a tempo pela lição da experiência…”. Imediatamente juntou-se a Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política, a partir da qual foi lançado o referido movimento monárquico do Integralismo Lusitano. António Sardinha, de acordo com Fernando de Aguiar, fora trazido por Hipólito Raposo “à conversão, à Fé, à Tradição, ao municipalismo donde caminharia para a Monarquia, popular e descentralizadora, realenga e representativa dos povos”. A lusitana antiga liberdade do verso de Luís de Camões era uma referência dos integralistas, tendo no municipalismo e no sindicalismo duas palavras-chave de um ideário político que não dispensava o Rei, entendido como o Procurador do Povo e o melhor garante e defensor das liberdades republicanas. António Sardinha era anti-maçónico e anti-iberista, em 1915, tendo feito na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção de Portugal por Espanha. Em vez da fusão dos estados desses dois países, propunha uma forte ligação entre todos os povos hispânicos, a lançar por intermédio de uma aliança entre eles, reconduzidos à monarquia. A Aliança Peninsular seria, na sua perspectiva, o ponto de partida para a constituição de uma ampla Comunidade Hispânica (dos povos de língua portuguesa e espanhola), a base mais firme onde assentaria a sobrevivência da civilização ocidental. Durante o breve consulado de Sidónio Pais, foi eleito deputado na lista da minoria monárquica. Após o assassinato desse presidente da República, em 1919, exilou-se em Espanha após participar na fracassada tentativa restauracionista de Monsanto e na Monarquia do Norte. Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia. Também colaborou no quinzenário A Farça (1909-1910), na revista Homens Livre (1923) e, ainda, na revista Lusitânia(1924-1927) até ao ano da sua morte. António Sardinha morreu jovem, com apenas 37 anos.
Fernando Grade – O Cadáver de Fernando Pessoa (Ficções) – Edições Mic – Estoril – 1980.Desc.(70)Pág.B
Fernando Grade
Fernando Grade nasceu no Estoril a 1 de abril de 1943. Tem tido uma intensa atividade cultural como pintor, poeta, escritor, cronista, jornalista, entre muitas outras atividades. Em 1964 fundou o movimento Desintegracionista e foi diretor da Sociedade Nacional de Belas Artes, da Associação Portuguesa de Escritores e da Associação Portuguesa de Críticos. Foi também vereador da Câmara Municipal de Cascais. Tem vários trabalhos seus publicados como cronista nos jornais O Século, Diário de Notícias ou na revista Século Ilustrado. O seu primeiro livro de poesia foi editado em 1962 e desde aí publicou inúmeras obras entre as quais se destacam O Vinho dos Mortos e Saudades de Ser Índio. Tem feito várias exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro. Recebeu também inúmeros prémios. Foi letrista de vários temas entre os quais se destaca Vamos Cantar de Pé, que Paco Bandeira interpretou no Festival da Canção 1972, com música de Pedro Osório e que se classificou em 2º lugar
Carlos A. Abrantes de Melo – A Aurora Nasceu Cinzenta (Novelas) – Edição de Autor / Gráfica da Huíla, Lda – Sá da Bandeira – Angola – 1966.Desc.(181)Pág.Br.
Luthgarda Guimarães de Caires – O Doutor Vampiro (Romance) – Imprensa Libanio da Silva – Lisboa – 1923.Desc.(204)Pág.Br.”1.ªEdição”
Lutegarda do Livramento Guimarães de Caires
Lutegarda do Livramento Guimarães de Caires (Vila Real de Santo António, 17 de novembro de 1858 — Lisboa, 30 de março de 1935), mais conhecida por Lutegarda Guimarães de Caires, foi uma escritora, poetisa e activistaportuguesa pelos direitos da mulher e da criança. Lutegarda Guimarães, nascida Eduarda Lutegarda do Livramento Guimarãe , nasceu em Vila Real de Santo António, a 17 de novembro de 1858, filha de João António Guimarães, natural da mesma cidade e de Maria Teresa de Barros, natural de Lisboa, freguesia da Lapa. O pai, aficcionado da música, rodeou os filhos de arte, ensinando-lhes harpa, violino e cítara. Lutegarda e o irmão, improvasavam, junto de primos, pequenos teatros de peças consagradas, que adaptavam e apresentavam à família. Ainda jovem, Lutegarda deixou o Algarve e fixou residência em Lisboa. Na capital portuguesa, a 10 de fevereiro de 1877, na Igreja de São José, aos 18 anos, casa-se com o tenente de Infantaria Serafim Duarte Soares Coelho, de 24 anos e natural de Soure. Nesta época, o seu pai já havia falecido e a mãe, foi testemunha do consórcio. Por motivos profissionais, o marido vai para Angola, onde falece, em Luanda, a 12 de março de 1889. No mesmo ano, conheceu e veio a casar-se, a 20 de novembro, na mesma igreja onde casara com o primeiro marido, com o advogado madeirense João de Caires, natural de Câmara de Lobos, um homem de cultura, que, além de juiz municipal em Óbidos, era escritor e fundador da Sociedade de Propaganda de Portugal, organizador, em sua casa, de serões literários muito participados. Logo no início do casamento sofreu a perda de uma filha (e provavelmente ainda de outro filho). Isto marcou-a profundamente e revelou-se na sua poesia, toda ela triste. A partir daí, decidiu dedicar-se a causas sociais, mais conhecida das quais a visita a crianças doentes do Hospital de Dona Estefânia levando-lhes roupas, brinquedos e rebuçados. Durante alguns anos, o casal Caires viveu em Óbidos e Alcobaça, onde o marido foi juiz. Foi nesta última cidade, que, em 1895, nasceria o seu filho Álvaro Guimarães de Caires, que viria a ser médico, professor na Universidade de Sevilha, escritor e investigador. Nesta sua passagem por Alcobaça, Lutegarda declamou num sarau literário junto aos túmulos de Pedro e Inês, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Por onde passava, Lutegarda deixava uma marca de cultura e filantropia. Mulher atenta aos problemas e injustiças do seu tempo, a partir de 1905, começa a colaborar em jornais com artigos de cariz social. A sua primeira obra intitulou-se Glicínias e foi editada em 1910. Com a Implantação da República em Portugal, o Ministro da Justiça de então, Diogo Leote, propôs à escritora, em 1911, que fizesse um estudo da situação dos presos, principalmente das mulheres detidas, numa época em que as prisões eram mistas. Lutegarda denunciou péssimas condições em que viviam as prisioneiras, que se encontravam em situações críticas, quer a nível físico, quanto psicológico, e os seus artigos conseguiram ter o efeito de abolir a máscara nas prisões, que era forçada em presos com determinadas penas mais duras, bem como a obrigatoriedade da pena de silêncio. Conseguiu ainda que as mulheres tivessem melhores condições higiénicas nas cadeias. De regresso a Lisboa, continua a visitar as crianças doentes e sozinhas do Hospital de Dona Estefânia. Com o sucesso das suas obras, conseguiu angariar mais interessados na sua cruzada em prol dos menores.Durante dez anos, Lutegarda de Caires promoveu o evento denominado “Natal das Crianças dos Hospitais”, e que hoje apenas se chama Natal dos Hospitais, uma festa dedicada a todos os enfermos, independentemente da idade, e que é exibido anualmente poucos dias antes da festa de Natal pela RTP. Em junho de 1913, Lutegarda Guimarães, juntamente com Ana Augusta de Castilho, Beatriz Pinheiro, Maria Veleda e Joana de Almeida Nogueira, representaram a delegação portuguesa na Sétima Conferência da Aliança Internacional de Sufrágio Feminino, em Budapeste. A sua obra é principalmente poética, que dedica a figuras famosas da época, como Guerra Junqueiro, Branca de Gonta Colaço, Virgínia Quaresma, Maria Amália Vaz de Carvalho, entre outros. Em 1923, Lutegarda ganhou o 1.º prémio nos Jogos Florais Hispano-Portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha da Rua. A autora, ausente em França naquele momento, fez-se representar pelo seu irmão, João de Deus Guimarães, numa cerimónia no Convento do Carmo, na Associação dos Arqueólogos Portugueses e onde uma delegação espanhola se deslocou propositadamente para fazer a entrega do prémio. Ativista, com os seus artigos publicados em diversos jornais como O Século, Diário de Notícias, A Capital, Brasil-Portugal, Ecos da Avenida e Correio da Manhã, lutou pela igualdade de oportunidades e dignidade para as mulheres. Feministaconvicta, insurgiu-se contra a discriminação de que eram vítimas as mulheres por não poderem dispor dos seus próprios bens, enquanto casadas. Também se encontram algumas colaborações suas na revista Serões (1901-1911). Lutegarda Guimarães faleceu aos 76 anos, na sua residência, o primeiro andar direito do número 53 da Avenida da Liberdade, freguesia de São José, em Lisboa, sendo a sua idade erroneamente declarada como 63 anos, no registo de óbito. A causa de morte é apresentada como cancro da mama e síncope cardíaca. Encontra-se sepultada em jazigo de família, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
A. Madeira Santos – Motivo Vida (Poemas) – Edição de Autor / Tip. Soares, Lda – Sintra/Tavira – 1969.Desc.(124)Pág.Br.”Autografado”
António Madeira Santos (Vila Nova de Cacela, 22 de Agosto de 1925 – Tavira, 22 de Agosto de 2014) foi um poeta e ficcionista português. Nasceu em Vila Nova de Cacela em 22 de Agosto de 1925 e faleceu em Tavira a 22 de Agosto de 2014. Personagem excêntrica, a sua obra de ficção, apresenta influências do surrealismo. Tem publicadas as ficções: A Cidade dos Coxos e a Mulher de Sal e, em poemas: O Pretérito de Ser e Motivo Vida. Deixou ainda vasta obra não publicada. A condição humana e a vida interior dos personagens que cria, alguns dos quais nunca chegam a sair da sua imaginação, leva a que durante algum tempo se dedique à parapsicologia como forma de construção desses fantasmas nihil privativum. Em a Cidade dos Coxos, uma comunidade exótica de personagens psicóticas persegue um objectivo residual indivisível e inalcançável, a construção de um buraco sem fundo. Em a Mulher de Sal procura distinguir uma abertura nova na sua linguagem, mantendo no entanto uma forte componente simbólica e psicossocial inscrita nas suas próprias preocupações.
Literatura e Sociedade na Obra de Frei Lucas de Santa Catarina (1660-1740)(€15.00)
Graça Almeida Rodrigues – Literatura e Sociedade na Obra de Frei Lucas de Santa Catarina (1660-1740) – Imprensa Nacional – Casa da Moeda – Lisboa – 1983.Desc.(282)Pág.Br.
Frei Lucas de Santa Catarina (Lisboa, 1660 — Lisboa, 1740) foi um religioso dominicano que exerceu o cargo de cronista da Ordem de São Domingos em Portugal, sucedendo naquele cargo a frei Luís de Sousa. Foi sócio fundador da Academia Real da História Portuguesa e é um dos autores mais curiosos e menos conhecidos da prosa barroca portuguesa. Para além de obras de carácter histórico, em particular de historiografia religiosa, dedicou-se à sátira, escrevendo sob vários pseudónimos. Frei Lucas de Santa Catarina nasceu em Lisboa no ano de 1660, filho de Páscoa de Mesa e de Manuel de Andrade Barreto, e faleceu na mesma cidade aos 80 anos de idade. Professou a 20 de Abril de 1680 na Ordem dos Pregadores no Real Convento de Benfica, iniciando uma longa vida monástica que faria dele um homem de muitas experiências e um rico testemunho da época. Com evidentes dotes literários, foi escolhido para suceder a Frei Luís de Sousa como cronista da província dominicana portuguesa, produzindo nessas funções uma obra que intitulou Quarta Parte da História de S. Domingos Particular do Reino e Conquistas de Portugal. Essas funções fizeram dele membro fundador da Academia Real da História Portuguesa, recebendo a incumbência de escrever em língua portuguesa as memórias para a História da Ordem de Malta. Para além de obras de historiografia religiosa, que foram publicadas no âmbito da Academia Real da História Portuguesa, da qual foi membro fundador, dedicou-se à sátira, escrevendo narrativas burlescas e cartas freiráticas que circularam manuscritas, mas das quais foram feitas numerosas cópias. Nessas obras, não permitidas oficialmente e susceptíveis de censura, assinava com uma variedade de pseudónimos, entre os quais Felis da Castanheira Turacen, um anagrama do próprio nome, Cirurgião da Experiência, Licenciado Nada Lhe Escapa, Doutor Tudo Espreita e Taralhão Mor de Lisboa. Apesar dos seus escritos licenciosos, foi censor do Desembargo do Paço, assinando a autorização de publicação de diversas obras literárias.