• Breve Exemplar das Vidas de Algvns Conegos Regvlares do Grande Patriarcha Santo Agostinho, de Quem Reza a Ordem Canonica Perconceffão da Sê Apoftolica

    Breve Exemplar das Vidas de Algvns Conegos Regvlares do Grande Patriarcha Santo Agostinho, de Quem Reza a Ordem Canonica Perconceffão da Sê Apoftolica
    Breve Exemplar das Vidas de Algvns Conegos Regvlares do Grande Patriarcha Santo Agostinho, de Quem Reza a Ordem Canonica Perconceffão da Sê Apoftolica «€650.00»

    Dom. Timotheo dos Martyre – Breve Exemplar das Vidas de Algvns Conegos Regvlares do Grande Patriarcha Santo Agostinho, de Quem Reza a Ordem Canonica Perconceffão da Sê Apoftolica Collegidas de Diversos, e Graves Avtores que em Lingoa Latinas as Efcreverão por Dom. Timotheo dos Martyre Conego Regular, Filho do Real  Mosteiro de Santa Crus de Coimbra & natural da Mesma Cidade / na Impreffão de Manoel de Carvalho – 1648. Desc. 469 pág / 21 cm x 15 cm / E. Pele da Época [Raríssimo]


  • Memorias das Principaes Providencias que se Derão no Terremoto que Padeceo a Corte de Lisboa no Anno de 1755-1755

     Memorias das Principaes Providencias que se Derão no Terremoto que Padeceo a Corte de Lisboa no Anno de 1755
    Memorias das Principaes Providencias que se Derão no Terremoto que Padeceo a Corte de Lisboa no Anno de 1755 «€1.200.00»

    Amador Patrício de Lisboa – Memorias das Principaes Providencias que se Derão no Terremoto que Padeceo a Corte de Lisboa no Anno de 1755 Ordenadas, e Offerecidas A’ Magestade Fidelissima de El’ Rey D. Joséph I – Lisboa – MDCCLVIII . Desc. [xxx] + 355 pág / 35 cm x 24 cm / E. Pele [Muito Procurado]


  • História do Abastecimento de Água a Lisboa

    História do Abastecimento de Água a Lisboa
    História do Abastecimento de Água a Lisboa «€45.00»

    Luís Leite Pinto – História do Abastecimento de Água a Lisboa – Imprensa Nacional-Casa da Moeda – Lisboa – 1972. Desc. 290 pág + [11 Estampas ] + [1 Mapa] / 29 cm x 20 cm / Br. Ilust.

    Luís Filipe Leite Pinto (17 de Novembro de 1904 – ?) foi um atuário, professor do ensino liceal, jornalista e político português. Irmão mais novo de Francisco de Paula Leite Pinto.Frequentou a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde concluiu a Licenciatura em Matemática com 18 valores, obtendo igual classificação na Escola Normal Superior de Lisboa. Estudou cálculo cálculo actuarial na Suiça, juntamente com o seu colega de faculdade e amigo, Pedro Teotónio Pereira, tendo obtido o diploma de Atuário da Escola de Zurique, da qual foi aluno distinto. Foi professor no Liceu Passos Manuel de Lisboa em 1927, do Liceu de Beja em 1928, do Liceu de Évora em 1929, do Liceu Gil Vicente de Lisboa em 1930, onde exerceu o lugar de Reitor, e do Liceu Camões, também de Lisboa, de 1931 a 1945. Em 1926 entrou para a Companhia de Seguros Fidelidade como Atuário, tendo sido promovido a Diretor-Técnico da mesma Companhia em 1933, e, em 1940, assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Administração. Desde 1932 que fez parte, como Substituto, da Direção da Companhia das Águas de Lisboa. Em 1930 foi Secretário do Ministro da Instrução. Em 1943-1944 foi Procurador da Câmara Corporativa, tendo sido seu Primeiro-Secretário de 1938 a 1943, e, entre 1943 e 1946, foi Presidente do Conselho Fiscal da Empresa Geral de Transportes e Presidente da Caixa Sindical de Previdência e da Caixa de Abono de Família dos Profissionais de Seguros. Em 1945 foi nomeado Subsecretário de Estado da Educação Nacional, cargo de que foi exonerado, a seu pedido, a 13 de Maio de 1949. Tem copiosa colaboração em várias revistas de seguros estrangeiras e foi membro de várias sociedades científicas. Pertenceu ao Instituto dos Atuários Portugueses

     


  • Cintra Pinturesca ou memoria Descritiva da Vila de Cintra, Collares

    Cintra Pinturesca ou memoria Descritiva da Vila de Cintra, Collares
    Cintra Pinturesca ou memoria Descritiva da Vila de Cintra, Collares «€160.00»

    Visconde Juromenha – Cintra Pinturesca ou memoria Descritiva da Vila de Cintra, Collares – Typografia da Sociedade Programadora dos Conhecimentos Úteis – Lisboa – 1838. Desc .231 pág / 24 cm x 15,5 cm / E. Pele


  • História do Cerco do Porto

    História do Cerco do Porto
    História do Cerco do Porto «€300.00»

    Simão José da Luz Soriano – História do Cerco do Porto «Precedida de Uma Extensa Noticia Sobre as Diferentes Fazes Politicas da Monarquia Desde os Mais Antigos Tempos Até ao Ano de 1820, e Desde Este Mesmo Ano Ate ao Começo do Sobre dito Cerco» – Imprensa Nacional – Lisboa – 1846 / 1849. Desc. 583 + XVI + 615 pág / 22 cm x 15 cm / E. Pele «1.º Edição»

    Dá-se o nome de Cerco do Porto ao período, que durou mais de um ano — de Julho de 1832 a Agosto de 1833 —, no qual as tropas liberais de D. Pedro estiveram sitiadas pelas forças realistas fiéis a D. Miguel. A essa heróica resistência da cidade do Porto e das tropas de D. Pedro se deveu a vitória da causa liberal em Portugal. Entre outros, combateram no Cerco do Porto do lado dos liberais Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar.  Entrando no Porto no dia imediato ao do desembarque do Mindelo, a 9 de Julho de 1832, o exército libertador encontrou a cidade abandonada pelas tropas realistas, cujos chefes, ignorantes do número exacto das forças liberais, tinham resolvido retirar. O general Manuel Gregório de Sousa Pereira de Sampaio, 1.º visconde de Santa Marta, comandante supremo da divisão realista que operava entre a Figueira da Foz e Vila do Conde, resolveu estabelecer-se em Vila Nova de Gaia, ordenando que, no mesmo dia da entrada dos liberais na cidade, se fizesse fogo contra os ocupantes, pelo que logo no dia 10 o almirante liberal inglês George Rose Sartorius mandou os seus barcos entrar a barra do Rio Douro e ripostar ao fogo realista, ao mesmo tempo que, protegida pela esquadra, a divisão do tenente-coronel João Schwalbach atravessou o rio e ocupou a Serra do Pilar, em Gaia, obrigando os realistas a retirar em debandada até Oliveira de Azeméis. Entretanto João Schwalbach avançou com as suas forças até ao Alto da Bandeira e postou guardas avançadas nos Carvalhos, ficando os dois exércitos em observação, sem qualquer deles ousar uma acção de envergadura. No dia 18 de Julho deu-se o primeiro ataque violento dos realistas, sem êxito, e cinco dias depois travou-se o combate de Penafiel, até onde havia seguido uma coluna liberal, que desbaratou os realistas e regressou ao Porto, depois de ter praticado numerosas brutalidades, reforçando o mau conceito em que os tinham as populações, criado pelo clero das aldeias. Do lado absolutista, dá-se a junção das forças do general Álvaro Xavier Coutinho e Póvoas com as do visconde de Santa Marta, dispondo depois os dois generais os seus exércitos de forma a rodear a cidade. D. Pedro mandou uma coluna atacar Valongo, a qual caiu numa emboscada inimiga junto de Ponte de Ferreira, o que a fez recuar até Rio Tinto, derrota que alarmou a cidade. Entretanto a Serra do Pilar era fortificada pelo major Sá Nogueira, e D. Pedro, que via a impossibilidade de ocupar o Norte do País, como inicialmente supusera, procedeu à reorganização do Exército, criando o Estado-Maior e despachando Pedro de Sousa Holstein, à época marquês de Palmela, para Londres, com o encargo de obter apoio financeiro à causa e contratar oficiais e soldados. No dia 27 travou-se violento combate ao sul de Grijó, onde Póvoas desbaratou as forças do conde de Vila Flor, que recuaram em debandada até ao Alto da Bandeira. Entretanto, as tropas realistas, devido à rivalidade entre os generais Póvoas e Santa Marta, passaram a ser superiormente comandadas pelo general Gaspar Teixeira,visconde de Peso da Régua, e iniciou-se o cerco à cidade, que ficou envolvida por uma série de fortes redutos, que começavam na Quinta da China, junto ao Rio Douro, em Campanhã, terminando nas proximidades da Senhora da Luz, à Foz do Douro, junto ao mar, toda esta linha situada ao norte do rio. Ao sul começavam as linhas no Cabedelo, em Canidelo, frente à Foz do Douro, e iam acabar à Pedra Salgada, fronteira ao monte do Seminário, postando nesse espaço quinze baterias.  No dia 8 de Setembro de 1832 os realistas começaram os seus ataques em força, assaltando a Serra do Pilar, valorosa mente defendida pelos voluntários cognominados os polacos, iniciando-se no dia seguinte o bombardeamento do Porto, baptismo de fogo da cidade, que muitos outros iria suportar durante o cerco. No dia 16 os sitiados fizeram a sua primeira surtida, tendo então ocupado o Morro das Antas, na parte alta da cidade, o que veio dar-lhes ânimo. No entanto, tentando pôr finalmente cobro à insólita situação de um punhado de 7.500 homens persistir em resistir a um exército organizado de 80 mil, o general realista Gaspar Teixeira começou a preparar um assalto em força escolhendo o dia 29 de Setembro, em que a Igreja celebra o arcanjo São Miguel, epónimo do rei, para o fazer, tendo prometido aos seus soldados o saque da cidade. Efectivamente, no dia 29, a coberto dum nevoeiro cerrado, os sitiantes avançaram pelos lados de Campanhã, chegando a entrar na Rua do Prado, onde foram recebidos pelos resistentes, travando-se combate tão violento que daí recebeu a rua o nome actual de Rua do Heroísmo. Idênticos assaltos violentos ocorreram noutros pontos das linhas, durante os quais o exército sitiado praticou actos da maior bravura, de tal forma que, quando o general realista Gaspar Teixeira reconheceu a impossibilidade de esmagar a cidade e ordenou a retirada, se encontrou com mais de 4 mil baixas, a que corresponderam escassas 650 por parte dos sitiados. Esta derrota realista desmoralizou os sitiantes e o seu general, pelo que este resolveu pedir ao rei que viesse, com a sua presença, levantar o moral caído das suas tropas. D. Miguel partiu, portanto, para o Norte, fazendo-se acompanhar de um célebre e imponente canhão baptizado com o nome de «mata-malhados» e em que todos punham grandes esperanças. Antes do rei chegar, deram os sitiantes novos e furiosos assaltos à Serra do Pilar, nos dias 13 e 14 de Outubro, sendo, como até então, repelidos pelo heróico general Torres. No dia 1 de Novembro estabeleceu D. Miguel o seu quartel-general em Braga, a cidade fiel, onde foi recebido apoteoticamente, fazendo imediatamente substituir Gaspar Teixeira no comando pelo visconde de Santa Marta, que procurou apertar o cerco.  No Porto declararam-se dois novos e inesperados inimigos, que iam dizimando os sitiados que as bombas poupavam: a cólera e o tifo. Na cidade começava a faltar tudo, o que colocava os sitiados ante a perspectiva de uma rendição pela fome. Por isso tentaram, ao longo do mês de Novembro, várias surtidas, todas sem grande efeito. No dia 11, os realistas submeteram a cidade a um bombardeamento ininterrupto, que se prolongou até ao cair da noite do dia 12, aniversário de D. Pedro. No entanto, estes ferozes bombardeamentos da cidade, em vez de desmoralizar, contribuíram para solidificar nos portuenses a sua identificação com os liberais e a sua determinação em resistir. No entanto, a penúria do Tesouro levou a dificuldades no pagamento às tropas mercenárias. O que, entre outros casos lamentáveis, levou à saída do almirante Sartorius com os navios da esquadra e aos distúrbios constantes dos mercenários ingleses que reclamavam os soldos atrasados. A 28 de Janeiro de 1833 chega ao Porto o general Saldanha, acompanhado de um grupo de liberais extremistas, o que vinha aumentar a dissidência no campo liberal. Para atenuar as desinteligências políticas dentro do burgo, D. Pedro e o seu governo resolveram promover Saldanha a marechal, entregando-lhe o comando da 2.ª divisão. Em começos de Fevereiro de 1833 toma o comando dos realistas o conde de S. Lourenço, continuando os ataques e os bombardeamentos à cidade. Tinham-se ali abatido todas as árvores para substituir a lenha que faltava. A situação era tão desesperada que se chegou a pensar seriamente em capitular, ao que Saldanha se opôs tenazmente. No dia 9 de Abril os sitiados, num golpe audacioso e depois de violento combate, apoderaram-se do reduto do Covelo, o que desmoralizou os sitiantes, que começaram a desertar em quantidade.  Entretanto, no dia 1 de Junho de 1833, Palmela, que em Londres procurara por todos os meios salvar a causa liberal e conseguir dinheiro, com o qual comprara mais navios e contratara voluntários, à cabeça dos quais o capitão da marinha de guerra Carlos Napier, que substituiu o insubmisso Sartorius, entretanto exonerado, sendo Saldanha elevado a chefe do Estado-Maior. A conselho de Napier, deu-se corpo a um plano já antigo de ataque de surpresa por mar contra Lisboa, que depois se substituiu pelo desembarque no Algarve, que iria dar a triunfo à causa. Após a partida da esquadra, o exército realista, na crença de que a saída daquelas forças enfraquecesse a defesa da cidade, deu um vigoroso assalto a 5 de Julho, repelido com numerosas baixas, tendo Saldanha, em virtude deste triunfo, sido promovido a tenente-general. Entretanto, D. Miguel contratou o célebre marechal de Bourmont para comandante supremo, tendo este ordenado outro ataque à cidade no dia 25, o mais violento de todo o cerco. Foi nesse dia que Saldanha, à frente de 20 lanceiros apenas, comandou uma carga que o veio a tornar famoso. Vendo o seu exército batido, D. Miguel, que seguia o combate do alto do Monte de S. Gens naSenhora da Hora, atirou ao chão o óculo que empunhava, irritado com a derrota, quando contava com uma vitória estrondosa. No dia imediato, D. Pedro partiu para Lisboa, ocupada já pelas tropas do duque da Terceira, com os navios de Napier ancorados no Tejo, fincando a defesa do Porto entregue a Saldanha. No dia 9 de Agosto, D. Miguel e o seu Estado-Maior retiraram para o Sul, ao encontro das forças do duque, ficando a comandar o exército sitiante do lado de Gaia o francês conde de Almer, que, após a brilhante vitória de Saldanha no dia 18 de Agosto, obrigando os sitiantes a levantar o cerco pelo norte e leste da cidade, resolveu também retirar, não sem antes mandar incendiar os armazéns de vinhos do Porto em Gaia, em que se perderam 17.374 pipasde vinho e 533 pipas de aguardente. O prejuízo foi, na época, avaliado em mais de 2.500 contos de réis. Saldanha regressou ao Porto em triunfo no dia 20 de Agosto de 1833, após a vitória final. A cidade estava finalmente livre!

     

     


  • Paleoethnologia Antiguidades Monumentais do Algarve Tempos Prehistóricos

    Paleoethnologia Antiguidades Monumentais do Algarve Tempos Prehistóricos
    Paleoethnologia Antiguidades Monumentais do Algarve Tempos Prehistóricos «€600.00»

    Sebastião Philippes Martins Estácio da Veiga – Paleoethnologia Antiguidades Monumentais do Algarve Tempos Prehistóricos – Imprensa Nacional – Lisboa –  1886 / 1891. Desc. [XVI] + 305/609 + 346 + 394 / 24 cm x 16 cm / E. Pele [Completa]

     


  • História da Vida do Veneravel Irmão Pedro de Basto

    História da Vida do Veneravel Irmão Pedro de Basto
    História da Vida do Veneravel Irmão Pedro de Basto «€950.00»

    Fernão de Queyros – História da Vida do Veneravel Irmão Pedro de Basto Coadjutor Temporal da Companhia de Jesus – Na Officina de Miguel Deslandes – Lisboa – 1689. Desc. [24] + 594 pág / 28 cm x 20 cm / E. Pele (Muito Raro)


  • Saudades dos Serenissimos Reys de Portugal Dom Pedro I e D. Ignez de Castro

    Saudades dos Serenissimos Reys de Portugal Dom Pedro I e D. Ignez de Castro
    Saudades dos Serenissimos Reys de Portugal Dom Pedro I e D. Ignez de Castro «€175.00»

    D. Maria de Lara Menezes – Saudades dos Serenissimos Reys de Portugal Dom Pedro I e D. Ignez de Castro – Na Officina de Pedro Ferreira – Lisboa – 1762. Desc. [XII] + 102 pág / 20 cm x 14 cm / E. Pele (Raro)


  • Peregrinatio ad Loca Infecto

    Peregrinatio ad Loca Infecto
    Peregrinatio ad Loca Infecto «€25.00»

    Jorge Sena – Peregrinatio ad Loca Infecto (70 Poemas e Um Epilogo) – Portugália – Lisboa – 1969. Desc. 191 pág / 20 cm x 14 cm / Br. «1.ª Edição»

    Jorge Cândido Alves Rodrigues Telles Grilo Raposo de Abreu de Sena (Lisboa, 2 de Novembro de 1919 — Santa Barbara, Califórnia, 4 de Junho de 1978) foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português. Filho único de Augusto Raposo de Sena, natural de Ponta Delgada e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Telles Grilo de Sena, natural da Covilhã e dona-de-casa. Ambas as famílias eram da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos do Porto. Segundo relata no seu conto Homenagem ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que fez com se tornasse introspectivo, observador e imaginativo. Fez a instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama. Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho. Era um jovem que lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.Sena nutria a ideia algo romântica de se tornar oficial da marinha, seguindo as pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para a Escola Naval como 1º do seu curso. A 2 de Outubro de 1937, iniciou a sua viagem de instrução a bordo do navio-escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, Lobito, Luanda, S. Tomé e Dakar, chegando a Lisboa no final de Fevereiro de 1938. O contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi excepcional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as “necessárias qualidades” para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava. Apesar da sua inclinação natural para a literatura, o sobredotado Sena decidiu frequentar o curso de Engenharia Civil, iniciando-o em Lisboa e concluindo-o no Porto, em 1944, com a ajuda financeira dos seus amigos Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que escrevia e em 1940, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942, publica o seu primeiro livro de poemas,Perseguição, que não impressiona muito o seu amigo e crítico João Gaspar Simões e Adolfo Casais Monteiro considera-o um livro revelador mas difícil. Em 1947, Sena inicia a sua carreira de engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil na Câmara Municipal de Lisboa, na Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959. Em 1940, no Porto, Jorge de Sena conhece e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador literário Óscar Lopes), começando a namorar em 1944 e casando-se em 1949. Jorge de Sena e Mécia de Sena tiveram nove filhos. Mecia, sua incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada. Trabalhava incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo), Sena também se dedicava à direcção literária em editoras, à tradução e revisão de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no Portugal de Salazar das décadas de 1940 e 1950 atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam de o inspirar para o poema É tarde, muito tarde na noite… Durante esses anos publica várias obras: O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa (organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951), etc. Colabora na revista Mundo Literário 1 (1946-1948) com contos e poesia e também como crítico artístico na rúbrica cinema. A sua situação como escritor e cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa tentativa revolucionária abortada em 12 de Março de 1959, colocou-o em posição de prisão iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pela PIDE denunciar os que ainda se encontravam livres. Em Agosto de 1959, viajou até ao Brasil, convidado pela Universidade da Bahia e pelo Governo Brasileiro a participar no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. Tendo sido convidado como catedrático contratado de Teoria da Literatura, em Assis, no Estado de S. Paulo, aproveitou essa oportunidade e aceitou o lugar, iniciando assim o seu longo exílio. Ele faz amizade com o poeta Jaime Montestrela, que dedicou o seu livro Cidade de lama. Por motivos profissionais teve de adoptar a cidadania brasileira. Não foi contudo um exílio libertador. Sentia saudades da pátria, apesar do rancor perene que nutria pela pequenez, mesquinhez e falta de reconhecimento nacionais que o atormentariam até ao final da vida. Em 1961, Jorge de Sena foi ensinar Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Em 1964, depois de vencer alguns preconceitos académicos pelo facto de ser licenciado em Engenharia, Jorge de Sena defendeu a sua tese de doutoramento em Letras (Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular), tendo obtido os títulos académicos “com distinção e louvor”. O período de seis anos que passou no Brasil foi muito produtivo. Finalmente, tinha toda a disponibilidade para se dedicar à sua obra com a devida profundidade e profissionalismo. Poesia, teatro, ficção, ensaísmo e investigação. Parte do romance Sinais de Fogo e a totalidade dos contos Novas Andanças do Demónio foram escritos neste período. A degradação da situação política no Brasil, com a instalação de uma ditadura militar a partir de Março de 1964, fez com que Jorge de Sena, mais do que nunca avesso a prepotências, aceitasse um convite para ensinar Literatura de Língua Portuguesa na Universidade de Wisconsin, para partir para os Estados Unidos em Outubro de 1965. Em 1967 foi nomeado catedrático do Departamento de Espanhol e Português da referida universidade. De 1970 até 1978 foi catedrático efectivo de Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Apesar da satisfação de ensinar e da amizade que os alunos lhe dedicavam, Sena não foi feliz. Queixava-se da “medonha solidão intelectual da América” onde não havia “convívio intelectual algum” e da esterilidade e espírito burguês do meio académico, que não se interessava pela sua obra. Quando se deu o 25 de Abril Jorge de Sena ficou entusiasmado e queria regressar definitivamente a Portugal, ansioso de dar a sua colaboração para a construção da democracia. Sena visitou Portugal, contudo, nenhuma universidade ou instituição cultural portuguesa se dignou convidar o escritor para qualquer cargo que fosse, facto que muito o desiludiu e amargurou, decidindo continuar a viver nos Estados Unidos, onde tinha a sua carreira estabelecida. Jorge de Sena morreu em 4 de Junho de 1978, aos 58 anos, de cancro. Em 11 de Setembro de 2009, os seus restos mortais foram trasladados de Santa Barbara, Califórnia, para o Talhão dos Artistas do Cemitério do Prazeres, em Lisboa, depois duma cerimónia de homenagem na Basílica da Estrela, com a presença de familiares, amigos e entidades oficiais.


  • A Architectura Religiosa na Idade Média «Ensaio de História de Arte»

    A Architectura Religiosa na Idade Média «Ensaio de História de Arte»
    A Architectura Religiosa na Idade Média «Ensaio de História de Arte» «€100.00»

    Augusto Fuschini – A Architectura Religiosa na Idade Média «Ensaio de História de Arte» – Imprensa Nacional – Lisboa – 1904. Desc. [XXI] + [288] pág + [23 Estampas] / 26 cm x 17 cm / E. Pele

    Augusto Maria Fuschini (Lisboa, 1843 — Lisboa, 8 de Março de 1911), mais conhecido como Augusto Fuschini, foi um engenheiro civil, vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, ministro de estado honorário e conselheiro de estado efectivo, político e deputado em várias legislaturas. Militando no Partido Regenerador, professava ideias socialistas, defendendo a causa do operariado com grande simpatia e fazendo propaganda para a criação de cooperativas. Foi ministro da Fazenda em 1893, no governo de Ernesto Rudolfo Hintze Ribeiro e, em 1899, eleito deputado pelo círculo de Santiago do Cacém, localidade a que muito ficou ligado.  Nasceu em Lisboa, tendo sido baptizado na freguesia da Encarnação, filho de António Eduardo Maria Fuschini, professor de música e compositor (filho de Arcângelo Fuschini, pintor da Real Câmara, duma família italiana oriunda de Faenza, e de sua mulher Anacleta da Costa e Almeida), e de sua segunda mulher, Maria Isabel Joyce, de ascendência irlandesa. Seu pai casara em primeiras núpcias, na cidade de Ponta Delgada, no ano de 1840, com Maria Ângela Coleta de Meneses e Vasconcelos, natural daquela cidade, mas que falecera no ano imediato. Matriculou-se no curso de Matemática da Faculdade de Ciências e no curso de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo sido um dos estudantes mais laureados do seu tempo. Formou-se seguidamente em engenharia civil e engenharia de minas, concluindo o curso com distinção. Terminado o curso iniciou uma carreira na área da engenharia, à qual aliou um grande interesse pelos monumentos, pela arquitectura e pela história da arte. Iniciou a sua vida profissional nas funções de engenheiro distrital, mas depois ingressou nos quadros da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, na qual ascendeu ao cargo de chefe de serviço, podendo-se encontrar colaboraação da sua autoria nas revistas Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha (1888-1898) e na continuação desta, a Gazeta dos Caminhos de Ferro (1899-1971). Ao mesmo tempo, dedicou-se ao estudo da arquitectura religiosa medieval, tendo projectado e dirigido as obras de restauros de diversos monumento. Entrou na política activa aquando das eleições gerais de 1881, quando foi eleito deputado da Nação às Cortes pelo círculo eleitoral de Belém, vencendo uma renhida disputa eleitoral. Filiou-se então no Partido Regenerador, mas após a morte de António Maria Fontes Pereira de Melo, acompanhou a dissidência de Barjona de Freitas, ingressando no grupo político então criado, a Esquerda Dinástica. Aquele agrupamento foi efémero e com a sua extinção, Augusto Fuschini declarou-se independente, passando a colaborar com a Liga Liberal. Apesar de se professar monárquico, nas suas intervenções parlamentares defendeu o ideário socialista e desenvolveu um conjunto de iniciativas voltadas para a defesa do proletariado, em especial o movimento cooperativista ligado às cooperativas de consumo, algumas das quais chegaram a ostentar o seu nome. Quando em 1893 coube a Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro formar governo, Augusto Fuschini foi convidado a integrar o elenco ministerial, com a pasta de Ministro da Fazenda. Dadas as opiniões avançadas do ministro, especialmente sobre questões sociais e económicas, a sua entrada para o governo causou geral surpresa e muita expectativa. Contudo, a sua passagem pelo poder foi rápida, saindo do ministério em ruptura com Hintze Ribeiro e com o Partido Regenerador que apoiava o governo e de que fora anteriormente militante. Sobre a sua passagem pelo governo escreveu um livro, publicado em 1896. Apesar das fortes dissidências políticas em que se envolveu, manteve o seu assento parlamentar, tomando parte nas discussões mais relevantes, especialmente as que versaram questões económicas e financeiras, matérias que estudou com profundidade e sobre as quais escreveu múltiplos artigos e discursos. Na sequência de conferências públicas realizadas na cidade do Porto e que causaram grande celeuma na imprensa e no parlamento, envolveu-se numa dura disputa parlamentar com João Marcelino Arroio sobre as questões da dívida externa portuguesa e do relacionamento do governo português com os credores externosApós esse incidente, retirou-se da vida parlamentar e dedicou-se à história da arte e à arquitectura religiosa antiga, com destaque para a condução dos trabalhos de reconstrução da Sé de Lisboa. Para além de múltiplos artigos dispersos na imprensa, com destaque para as revistas Jornal do domingo (1881-1888) e Illustração portugueza (1903-1923), e de conferências e discursos, publicou obras sobre economia política e sobre arquitectura religiosa medieval. Foi, ainda, Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima. Casou com sua prima Maria Rita Joyce, natural de Leiria, Leiria, filha de José Joyce e de sua mulher Maria Justina Fernandes Coelho, irmã do Conselheiro António Fernandes Coelho, Ministro do Reino, com descendência.


  • Virginidos ou Vida da Virgem Senhora Nossa Poema Heroica Dedicado a Magestade da Rainha Dona Luiza

    Virginidos ou Vida da Virgem Senhora Nossa Poema Heroica Dedicado a Magestade da Rainha Dona Luiza
    Virginidos ou Vida da Virgem Senhora Nossa Poema Heroica Dedicado a Magestade da Rainha Dona Luiza «€950.00»

    Manuel Mendes de Barbuda & Vafconcelos – Virginidos ou Vida da Virgem Senhora Nossa Poema Heroica Dedicado a Magestade da Rainha Dona Luiza – Na Officina de Diogo Soares de Bulhoens – Lisboa – 1667. Desc. [16] + [8] + [70] + [470] + [20] pág + [1] Estampa / 20 cm x 15 cm / E. Pele da Época [Mutio raro]

     

    Manuel Mendes de Barbuda e Vasconcelos (Aveiro, 15 de Agosto de 1607 – 30 de Março de 1670) foi um poeta português, autor do poema histórico Virginidos (1667). Filho de Manuel Mendes de Barbuda e Vasconcelos e de D. Jerónima Morais de Loureiro, nasceu em Verde-milho, lugar próximo de Aveiro, em 15 (ou 20) de Agosto de 1607. Formou-se em Direito na Univerdade de Coimbra. Deixou três volumes manuscritos completos: Rymas sacras; Rymas humanas; Poemas fúnebres. Os exemplares do seu poema Virginidos (1667) são raros. O autor é descrito como tendo “rica, e ardente imaginação, invenção fértil, muita facilidade de compor, linguagem elegante, e correcta, muito saber, e versificação fácil, corrente, e harmoniosa”. Dá-se como exemplo a sua seguinte metáfora: chamou aos cavalos brancos — “cisnes quadrúpedes”. Morreu a 30 de Março de 1670, aos 67 anos de idade, e foi sepultado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Aradas.


  • Elogio Historico de Guilherme Luiz Antonio de Valleré

    Elogio Historico de Guilherme Luiz Antonio de Valleré
    Elogio Historico de Guilherme Luiz Antonio de Valleré «€220.00»

    Dª. Maria Luiza de Valleré (Sua Filha) – Elogio Histórico de Guilherme Luiz Antonio de Valleré – (Recitada na Sessão Publica da Academia Real das Sciencias de Lisboa, de 20 de Janeiro de 1798, por Francisco de Borgia Gração STOCKlER, Secretario da Mesma Academia Membro da Sociedade Philosophica de Philadelphia, etc…) / Na Officina de Fermin Didot, Impressor-Livreiro – Paris – 1808. Desc. 283 pág  + 1 [Estampa – Fotografia] / 24 cm x 17 cm / E. Pele [Obra biográfica a alusivo a Guilherme Valleré e Publicação em versão e tradução de Língua Portuguesa / Francesa] E. Pele

    Image00002Guilherme Luiz António de Valleré, Tenente General dos exércitos de S. M. ,Inspector Geral da artilharia, fortificações e do Real corpo- dos Engenheiros, e socio desta Real Academia, nasceu em Ferté-Milon, pequena villa no ducada de Valois aos Iode Março de 1727. Não só a terra, mas até a mesma casa em que nascera o grande Racine, foi também aquela em  que M. de Valleré vio pela primeira vez a luz do dia. Se a natureza, que nas veias de hum e outro misturou o sangue e de uma mesma família. M. de Valleré mostrou desde a mais tenra mocidade pelo modo mais evidente, se não a mais louvável, que a natureza o chamava para a profissão militar. Quatro anos permaneceu ainda na França entretido talvez na ideia de tornar a ser admitido ao serviço da sua pátria em outro algum regimento. E como a morte do marechal de Saxe tivesse aniquilado toda a esperança, que M. de Valleré podia fundar na benevolência e conceito que merecera a este. Grande general, em vez de voltar para França, teve por mais conveniente pedir admissão ao serviço de Portugal, o que efectivamente obteve em o ano de 1757, sendo promovido ao posto de capitão de mineiros do regimento de artilharia de Estremoz.


  • Aqueduto das Águas Livres de Lisboa

    Planta / Mapa do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa
    Planta / Mapa do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa «€50.00»

    Planta / Mapa do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa – [ 2 Mapas] / 96 cm x  45 cm / E. Pasta

    O Aqueduto das Águas Livres é um complexo sistema de captação, e distribuição de água à cidade de Lisboa, em Portugal, e que tem como obra mais emblemática a grandiosa arcaria em cantaria que se ergue sobre ovale de Alcântara, um dos bilhetes postais de Lisboa. O Aqueduto foi construído durante o reinado de D. João V, com origem na nascente das Águas Livres, em Belas, Sintra, e foi sendo progressivamente reforçado e ampliado ao longo do século XIX. Resistiu incólume ao Terramoto de 1755. Desde que as populações se começaram a instalar na região de Lisboa, que a escassez de água potável foi uma constante. Apesar da existência de um rio no local, o Tejo, a sua água é imprópria para consumo, pois a ampla foz do rio faz com que a água seja contaminada pelo mar, tendo por isso níveis de salinidade inadequados. A única área de Lisboa com nascentes de água era o bairro de Alfama. Com o crescimento da cidade para fora das cercas medievais foi-se instalando uma situação de défice crónico no abastecimento de água. Foi ganhando então força a ideia de aproveitar as águas do vale da ribeira de Carenque, na região de Belas. Estas águas foram primeiramente utilizadas pelos romanos, que aí haviam Image00009construído uma barragem e um aqueduto.Em 1571, Francisco de Holanda (1517 – 1585) propõe a D. Sebastião (1554 – 1578) na sua obra Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa que estabelecesse uma rede de abastecimento de água que servisse a cidade de Lisboa, rede essa que tinha já sido iniciada pelos romanos. Os vestígios do aqueduto romano eram ainda suficientes para que tivessem sido considerados, em 1620, para a passagem das Águas Livres de Lisboa. Anos mais tarde, D. Filipe II (1578 – 1621) instituiu o real da água, um imposto sobre a carne e vinho que tinha como objectivo principal o financiamento das obras de construção do sistema de abastecimento de água para a capital. Porém, o projecto não foi sequer iniciado, tendo o dinheiro angariado por esse imposto sido utilizado para ajudar pobres e doentes.Preocupado com a falta de água na cidade, o Procurador da Cidade, em 1728, estabeleceu, à semelhança de D. Filipe II, uma taxa sobre a carne, vinho, azeite e outros produtos alimentares com o intuito de angariar financiamento para a construção do aqueduto. Um ano depois, em 1729, foram nomeados três homens para a elaboração do plano de construção do sistema que incluiria a construção de um troço monumental do aqueduto sobre o vale de Alcântara. Esses três homens eram António Canevari, arquitecto italiano, o Coronel Engenheiro Manuel da Maia e João Frederico Ludovice, arquitecto alemão, responsável também pelo Convento de Mafra. Em 1731, o Alvará Régio do rei D. João V ditou o início do projecto. Um ano depois, Canevari é afastado da direcção do empreendimento, tendo sido substituído por Manuel da Maia. Este orientou o traçado que o aqueduto deveria seguir desde a nascente até à cidade. O sistema iria terminar num enorme “cálice” a partir do qual sairiam várias condutas que ligariam aos muitos chafarizes espalhados por Lisboa. Optou-se por um aqueduto forte mas não magnífico, fazendo contudo um castelo monumental já dentro da cidade onde chegaria a água, edifício o qual a população poderia melhor apreciar devido à sua proximidade. Passados cinco anos do Alvará Régio, e as obras ainda não tinham sequer sido iniciadas. Manuel da Maia, então responsável pelo projecto, foi substituído por Custódio Vieira. As obras começaram muito lentamente devido a atritos com os mais altos responsáveis pela obra, tal como prior de S. Nicolau. Em 1740 começou a ser construído o troço mais conhecido e mais visível do aqueduto. Quatro anos depois, em 1744, é finalizado o Arco Grande, e morre Custódio Vieira. A obra passou a ser dirigida pelo húngaro Carlos Mardel, que haveria de ter, após o grandeterramoto de 1755, um papel crucial na reconstrução da Baixa Pombalina. Foi ele que decidiu instalar a Mãe d’Água perto do Rato, nas Image00004Amoreiras, ao invés da proposta inicial de se localizar em S. Pedro de Alcântara. A solução foi muito questionada e criticada, sobretudo por Ludovice, que queria que o “cálice” fosse construído onde inicialmente tinha sido pensado, mas mesmo assim a obra continuou. Em 1748, com a finalização dos 12 arcos de volta perfeita das Amoreiras, o aqueduto ficou terminado, transportando diariamente cerca de 1300 m³ de água, três vezes mais que a oferta original. Depois de ter entrado em funcionamento, em 1748, toda uma nova rede de chafarizes e fontes foi construída na cidade, alimentados por gravidade, como por exemplo o Chafariz da Esperança. Desde logo, também, a capacidade do aqueduto foi aumentada devido às crescentes necessidades de água potenciadas pelo crescimento demográfico da cidade. Os sucessivos aumentos do aqueduto, principalmente a montante, com o objectivo de fazer chegar até ele mais água, totalizaram um comprimento de 58 135 metros de galerias subterrâneas e também elevadas. O caminho público por cima do aqueduto, esteve fechado desde 1853, em parte devido aos crimes praticados por Diogo Alves (o Pancadas), um criminoso que lançava as suas vítimas do alto dos arcos depois de as roubar, simulando um suicídio, e que foi enforcado. Foi o último condenado à morte da História de Portugal. Em 1880, a importância do aqueduto diminuiu bastante devido ao início da exploração das águas do Alviela, através do Aqueduto do Alviela que levava a água até ao reservatório dos Barbadinhos onde a água era elevada com máquinas a vapor, alimentando Lisboa de água potável. O aqueduto manteve-se porém em funcionamento até 1967 através da colocação de tubagem de metal que transportava água de outras origens (são visíveis ainda no interior as sapatas de betão onde assentavam), tendo sido definitivamente desactivado pela Companhia das Águas de Lisboa em 1968.


  • Compêndio das Épocas e Sucessos Mais Ilustres da História Geral

    Compêndio das Épocas e Sucessos Mais Ilustres da História Geral
    Compêndio das Épocas e Sucessos Mais Ilustres da História Geral «€135.00»

    António Pereira de Figueiredo – Compêndio das Épocas e Sucessos Mais Ilustres da História Geral – Na Regia Officina Typografica – Lisboa – MDCCXXXII / 1782. Desc. [VI] + 410 pág / 16 cm x 11,5 cm / E. Pele