Luís de Sousa Rebelo - A Tradição Clássica na Literatura Portuguesa - Horizonte Universitário - Lisboa - 1982. Desc. 323 pág / 21 cm / 14 cm 7 Br.

Luís de Sousa Rebelo – A Tradição Clássica na Literatura Portuguesa

Luís de Sousa Rebelo [Lisboa, 4 de Março de 1922 – S. João do Estoril, 19 de Janeiro de 2010].
Professor e escritor, fez quase toda a sua carreira docente em universidades britânicas.
Licenciou-se em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa e exerceu durante um breve período o magistério liceal.
Foi Leitor de Cultura Portuguesa na Universidade de Liverpool (1948-54), como bolseiro do antigo Instituto de Alta Cultura, e inaugurou os Estudos Portugueses em Dublin, University College e Trinity College (1952-54).
Nomeado Professor de Cultura Portuguesa no King’s College, Universidade de Londres, em 1956, é promovido a Reader (1983-87).
Em 1987 é-lhe conferido o título de Professor Emérito da Universidade de Londres, onde permanece como Calouste Gulbenkian Senior Fellow.
Em 1986 foi Director de Estudos Associado na École Pratique de Hautes Études, Paris. É académico associado da Academia de Ciências de Lisboa. Investigador e crítico literário, particularmente interessado por problemas da História da Cultura e da Literatura Comparada, é autor de numerosos estudos sobre personalidades fulcrais e temas da Cultura Portuguesa, publicados em obras nacionais e estrangeiras.
Estreou-se na revista Mundo Literário (1946-48), da qual foi editor, e dedicou-se à tradução de obras de Theodor Storm, William Faulkner e William Golding.
De 1961 a 1969 dirigiu a publicação em língua portuguesa de Obras de Shakespeare (Lisboa: Scarpa Editores, 3 vols.), tendo traduzido a peça Romeu e Julieta, que foi levada à cena no Teatro Nacional em Novembro de 1961.
Colaborador assíduo de revistas literárias e enciclopédias portuguesas e estrangeiras, incluindo o presente dicionário, tem uma vasta obra dispersa, onde uma informação rigorosa é posta ao serviço de um espírito ensaístico, que procura captar os paradigmas e a problemática do discurso literário, considerados na perspectiva do seu contexto sócio-cultural.
Na sua obra crítica distinguem-se três grandes vertentes. A primeira mostra-nos a presença na literatura portuguesa quinhentista de um humanismo cívico “sui generis” e de vocação imperial, definido a partir de uma análise paradigmática que sustenta ser mais correcto falar de “humanismos” do que de Humanismo.
Tendo sempre em conta a história das mentalidades, o Autor capta uma temática, que é igualmente do maior interesse para o nosso tempo, qual é o problema da liberdade e do poder político; a situação da mulher na sociedade; a questão do “outro” vista na perspectiva da expansão. Seguindo esta linha de pesquisa, identifica corretamente, pela primeira vez, o adágio que Diogo do Couto utiliza no (segundo) Soldado Prático, e serve-se dele como grelha ou chave de leitura, o que lhe permite aproximar o pensamento de Couto de uma crítica social de teor erasmizante, integrada na corrente do humanismo cívico, – tese inovadora, como notararam com aprovação C.R.Boxer e A. Coimbra Martins. A segunda vertente explora os aspectos messiânicos e a simbologia do poder no discurso cronístico e histórico. Nos seus estudos sobre Fernão Lopes, o crítico descodifica contextualmente a alegoria política do “evangelho português” e mostra que o discurso histórico é também o discurso da utopia, tornada possível pela acção revolucionária. Situa devidamente esse desejo da renovatio mundi na tradição joaquimita e no igualitarismo de Santo Ambrósio. A terceira vertente é a do discurso histórico nas suas ligações com a ficção e a da relação entre literatura erudita e narrativa oral. Os seus ensaios sobre ficção de autores contemporâneos, em particular da obra de José Saramago desde 1983, manifestam o interesse de uma inquirição que vem já das suas sondagens nos textos quatrocentistas portugueses.
A bibliografia principal do autor compreende, Shakespeare para o Nosso Tempo, (Lisboa: Scarpa Editores, 1966; “Camões e o Sentido de Comunidade” in Camões e o Pensamento Filosófico do seu Tempo, (Lisboa: Prelo Editora, 1979); A Tradição Clássica na Literatura Portuguesa (Lisboa: Livros Horizonte, 1982), Prémio de Crítica do PEN Club, 1983; A Concepção do Poder em Fernão Lopes (Lisboa: Livros Horizonte, 1983); “Diogo de Teive, historien humaniste”, in L’Humanisme Portugais et l’Europe (Paris: Fundação Gulbenkian, 1984); “A Lenda do Rei Bamba: Parábola do poder real”, Arquivos do Centro Cultural Português, vol. 23, (Paris: Fundação C. Gulbenkian, 1987); “Diogo de Teive e o Humanismo”, O Humanismo Português 1500-1600 (Lisboa: Academia das Ciências, 1988); “Millénarisme et historiographie dans les Chronique de Fernão Lopes”, Arquivos do Centro Cultural Portugês, vol. 26 (Paris: 1989); “Camões-Man and Monument”, in Camões: Epic and Lyric(Manchester: Carcanet Press, 1990).
Faleceu em S. João do Estoril em 19 de Janeiro de 2010.


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Luís de Sousa Rebelo – A Tradição Clássica na Literatura Portuguesa – Horizonte Universitário – Lisboa – 1982. Desc. 323 pág / 21 cm / 14 cm 7 Br. «€15.00»